14 agosto 2009

A pequenez da ilusão

Tenho um patiozinho no meio de casa. De paredes brancas. Brancas demais.
Mil pardais todos os dias, pousados nos telhados, de voos baixos e chilreares bonitos.
O meu amigo ainda sonha apanhar um, um dia.
Há dias, vi um pardal ainda pequeno, no chão desse patio, sem conseguir voar, preso nas paredes brancas e altas. Resolvi ajudar.
Deixei agua, migalhinhas, ia visitar de vez em quando, julgando ser capaz de o ver voar.
Derreti-me a ver um pardal grande, acho que a mãe, que logo de manhã vinha ter com ele, piava enquanto ele tremia as asas, soavam os dois, dias inteiros, e eu sorria, julgava fazer parte do dom da vida. A mãe fugia quando me via, mas voltava sempre.
Hoje de manhã, a primeira coisa que fiz, foi procurá-lo. Não vi. Pensei que ganhara forças e voara. Fiquei contente, fui à minha vida.
Há bocadinho, ouvi a mãe, pousada na ombreira da janela. Ainda lá está. Ainda o chama.
O pardalinho voou e afogou-se numa tina de agua minha.
A mãe ainda está lá agora.
E eu tou a chorar.
E a sentir-me ainda mais pequena

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