Passei a ser a meus olhos uma personagem de romance. Qualquer intriga romanesca precisava de obstáculos e malogros. Inventava-os. (Simone de Beauvoir in, "Memórias de uma menina bem comportada")
30 junho 2009
Girassois
29 junho 2009
Nessa mão onde cabia !
Como?
I Kissed a Girl
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28 junho 2009
27 junho 2009
Sinto-me diferente
Depois sinto e, quando sinto, sinto a sério, Desenho autenticas epopeias para a seguir as destruir por completo, escrevo até me fartar e nem por isso deixo de sentir, mas renego qualquer sentimento, afasto o romancismo e recuso-me a sonhar. Quem me vir, engoli o mundo e estou pronta a explodir. A seguir, depois de umas noites sem dormir, estou rendida e amanteigada. Esta alternancia irrita-me.
Quando gosto, tambem gosto a sério. Gosto de tal maneira que chego a esquecer-me de mim. Não é grave, o compasso de tempo tem vindo a diminuir.
Hoje resolvi não inventar. Comprei uma roupinha que ajuda sempre a lavar a alma, diverti-me com os funcionários publicos, fiz a rampa para o mercado em terceira sem solavancos e consegui finalmente arriscar-me a andar entre os carros. A seguir, sem dramas, vou falar de mim.
Mauriciazita
Tipo, curto a Hannah Montana e esparguete com natas?
Ou o Igor é o meu idolo e gosto de couve flor?
Vou vestir mesmo aquele modelito às bolas com renda em baixo e o laço na cabeça é garantido!
Quanto ao cestinho... Tava a pensar em almondegas e um suminho de laranja, com palhinhas... Para as três!
26 junho 2009
Finanças
Florinha

Na minha vida, há coisas que os avós dizem ter sido importantes mas que não me lembro. Hoje, ainda ouço histórias para rir acerca da minha pré adolescência que parecem estranhas. Era mesmo eu?
Existem outras que me marcaram e que me lembro, como se fosse hoje.
Quando andava na primária, havia um rapaz que se sentava ao me lado para me proteger do gordo que me chamava "sabichona" e que eu detestava. Brincavamos juntos e ele parecia-me um bocado parvo, às vezes, mas era especial para mim. Nunca disse a ninguém, mas gostava dele, chamava-se José Francisco e um dia, escreveu-me um bilhete a perguntar "Queres (ca)namorar comigo?". Disse-lhe que sim e, nunca mais falamos! Tinha vergonha, as minhas amigas gozavam e falavam nisso, a Avó Mariana não podia saber e estava sempre de olho em mim, e então, quando percebi, estava a sofrer porque sentia umas coisas na barriga quando o via e gostava dele!
Argolinhas
Clic! E Tu abres!!!
Dá!
Como é que puseste o xôoooo ???
E viste a musiquinha? Pergunta-me, vá lá!
25 junho 2009
Running to the water
O meu amanhecer começa aqui
"Estás aqui, és tu, Sandra, lembras-te?"
Estava ali, cansada, a luz tornou-se escuridão e essa voz cada vez mais clara foi-me enfrentando.
"Não"
A palavra ressoou em pancadas, fez-me estremecer.
Antes, outra voz soara em mim, sentida e quase magoada.
Fechei-me no carro, perdi o bilhete de estacionamento, odiei esta distancia que me tem afastado de mim, gritei com a minha alma toda ao desgraçado da Caixa, encontrei o bilhete, paguei, pedi desculpa e subi de novo para a minha cidade.
"Não, não, não!!!
Tambem não, Sandra, Vivam os dementes!
Quero-me de volta, preciso das forças que me definem para me erguer.
À frente, parada, sobressaltada e assolada com a minha força quase desumana, com a verdade já clara e decidida, despedida de mão apertada, abri o vidro da carrinha e suspirei com as contrariedades. Estava a saber-me tão bem acelerar, chegar depressa para falar, para decidir.
Naquele bloqueio de estrada reconheci vida em mim, falei com estranhos que me pareciam familiares, senti bocadinhos da estrada por onde ando e nunca vi, lembrei-me de lugares e senti voltar-me a mim. Perdi. Perdi tanto mas estou aqui!
Vi imagens tristes, gente perdida, um autocarro mergulhado no pasto, sangue na estrada, pedaços de betão aparentemente indestrutiveis espalhados, soltei um ultimo soluço e tudo aquilo me mostrava o fecho deste conto, tudo tinha o sabor da metafora e da alegoria que agora vejo.
Abri os vidros e saboreei a distancia, equacionei a historia da minha vida nos kms que faltavam e , na ultima curva da estrada, naquela em que me desviava, disse o mesmo adeus que dizia, nos dias que sonhava. Direi adeus a tudo menos a mim!
Já não tenho medo da estrada, ela ensinou-me que quando perco, ganho, quando paro, vivo e, Meu Deus, como eu quero viver! Venha o que vier, estou aqui, aguarda-me a minha palavra e a decisão tomada.
Agostinho da Silva
Agostinho da Silva
Amiga
23 junho 2009
Desmembrada
Hoje, acordei desmembrada, desmentida, sem meios mas comfins,
Tal como antes, acordara nos meus braços que me pareciam estranhos mas que me acarinhavam por fim. À minha frente, a restante plateia sustinha a respiração, sem grandes expectativas, sem aplausos, o silencio reinava numa sala ainda escura, enquanto ao fundo, as cores se formavam e o meu despertar equivalia ao preço da minha propria vida. A palavra "Só por hoje" repetia-se nos meus ouvidos como badaladas lançadas à alma vazia. É só hoje! Não é pedir-me muito..
Parecia tanto... Houve alturas em que me ria, no meio de outros soluços, ria de mim e despedia-me. Ria-me dos passos pequenos, do medo do dia, e por cada um, juntava uma mão cheia de luz.
Descobri o meu sorriso, a minha voz, descobri que a vida me era devida, que a dormencia do outro dia já não me pertencia, não cabia no sonho que despertara ali. Fugi das vozes ancestrais que me iludiam, fugi da raiva de não me desculpar, fugi do conforto da escuridão e, de braços abertos enfrentei esse dia, que por ora, era só um. Pedi desculpa a quantos amava e agora sentia, escrevi páginas inteiras da dor que havia cá dentro e que já não cabia em mim, esvaziei-me para me voltar a preencher, descobri mais dias, mais cores e sabores, descobri que afinal era capaz de viver.
Desmenti os livros que me haviam formado e maravilhado, discuti comigo até a exaustão, garanti-me o preço justo da minha ilusão e da diferença da estrada que seguia.
Sozinha, vergava-me à vergonha e à culpa e a tantos outros assaltos de alma que me inibiam e contraiam. Arregacei as mangas à vida e comecei a lutar.
Descobri prazer na sobriedade dos meus sentidos, descobri que havia arte nas minhas mãos e fiz-me uma vénia no dia em que ultrapassei o meu limite.
Oito anos!
Passaram 8 anos! A plateia hoje aplaude mas eu não ouço... Sei que sou uma vencedora sem razão, sei que cheguei aqui à custa de uma luta justa, minha, contra a insustentabilidade deste meu ser.
Hoje estou tão magoada. Nunca estive assim....
Voltei a precisar de mim!
Verdade
Apontadas e sentidas, que pareceram antes caladas
Entraram em mim, ocuparam-me e ficaram
não sei o que sinto
sinto-me vazia
faltaram palavras para o que sinto
sobraram outras que me queimam na boca
assolam as que sobram e eram minhas
a culpa, a vergonha, o silencio que nao mereço
E eu sinto tanto.
Perdi-me da vida,
na vã tentativa de a encontrar.
Quis mostrar-me que mais vida havia
para alem desta que me havia oferecido.
Quis lutar.
A metade da minha.
Quis mudar tudo
Quis tanto mudar tudo
E nem sabia
E ontem, quando cheguei vazia ,
mais vazia do que podia não encontrei nada.
Se és o meu diario,
se serves de guardião do que mais tarde nao quero esquecer
Não te esqueças de me lembrar
Do que fui e não fui digna
Do que me é e não é devido
Da vergonha e tristeza que sinto
Da culpa que sentia e calava
Que me foi jogada a cara
Porque se julgou que eu nao via
21 junho 2009
Silencios Grandiosos
Vou rezar por ti
19 junho 2009
Anjinho
18 junho 2009
Depois do Adeus
Hoje...
Hoje voltei a ouvir os mesmos disparates disto e daquilo, voltei a desinteressar-me do que se passa, porque afinal não se passa nada. No meu pais morre-se e não se vê!
Mas morreu o Jose Calvario, que fica, depois do adeus, desta musica que me fez crescer, que vale só por si e não pelo que se quis fazer, por um homem enorme, quase silencioso mas que guardo em mim. "Ao morrer, renasci"
Partem homens tão grandes, ficam as almas nas memorias de quem vive.
16 junho 2009
Sonhos
Parti de mim
Tão dificil e facil, como a mais obvia das lições.
Não sei tudo, sei quase nada.
Sei dos sons que ouço
Sei de quem amo
Sei quem me embala
Sei porque de dentro de mim
Há tanta vida que fala
e cala
Sei de outra voz
Tão mais forte que eu
Que me atrapalha, que me trapaceia
Que ri de mim
Mas que me faz
Alma vivente, partida e chegada.
Não foi sempre assim ?
14 junho 2009
Vale o que vale
Coerente, inconsciente, inconstante, cheia e vazia de mim, tal como sou.
Quero que se lixe isto tudo, estou farta de escrever e ler e de falar e de ouvir.
Estou farta de sentir.
Só quis viver, grande e pequena, ninguem me chama, sou assim.
Uma, outra , estou farta de palavras ajustadas que mais tarde se tornam pedradas que me batem na cara que vejo deslavada pela minha propria estupidez.
Continuarei a escrever sempre, para mim.
Hoje não.
Não sou uma qualquer, não sou outra, não vergada nem mesquinha, sou menina mas tambem sou mulher, não brinco.sinto... Merda para a razao que me obriga a explicar o que nem tem explicação, merda para os conselhos que não preciso, merda para o disse e não disse o que ja antes devia ter dito mas agora não me apetece. Se houvesse algum timbre ou pauta que me regesse, os desvios seriam condenaveis, mas não há. Será dificil entender que o turbilhão tambem é meu?
Não perguntei quando devia ter perguntado, não ouvi mas foi dito, que se lixe... sinto! Sinto tanto que aceito ouvir e calo e quando falo não falo de mim. Falo no turbilhão que sinto e desminto porque nunca direi sem entender, só por dizer. Não falo mas vejo, não olho para o essencial por ser banal demais, o meu silencio devia ecoar mais alto que esta derrota descompassada de palavras feitas em jogadas.
Vale o que vale, não vale nada, ou valeria tudo se eu propria valesse.
Depois vem a parte da leitura desgarrada, propositada e cheia de do eterno muro de ironia que nem ajuda a perceber, mas o mais obvio, as palavras feitas soluços de quem não consegue sequer discernir, tambem valem o que não valem.
Tambem tou farta de ler.
Eu, eu , eu...
Que se lixe!
O que me importa estava um passo à frente, tão dificil de chegar para os grandes, tão querido e tão sentido, mais que falado, e estou sozinha, estou, porque afinal as jogadas diarias ditas em tom de alfabeto não acabam na ultima letra que não se diz. Acabam e começam no sonho que nos faz, nas guerras que travamos sem regras mas mais verdades que mentiras piedosas ou então meros conselhos de amigos entre dois cafés nos caminhos que se cruzam. Vale pelo valor que tem. Vale pelos sopros de vida que, mesmo que suada, fazem mais vida que esta quietude e este silencio falado e rebuscado.
É claro que morro de medo, morro de medo da vida, não é do cimo de muros, que fosse do cimo de uma serra onde me habito, morro de medo do desconhecido e não é por isso que algum dia me perderia, nem me renderia à protecção que tambem mereço. Porque conheço e desconheço, quando cega, não vejo e só ouço. Porque afinal sou humana, porque não acarreto o que outros diriam, não sou perfeita, sou um ser que ainda mal acordou nesta emboscada cheia de ironia, armada , porque afinal sou estranha na boca de gente grande a quem agradeço tamanha magnitude de decisão.
Sei do sofrimento, claro que sei, despeço-me de metade de mim não querendo pedir o que não é humano, nunca seria capaz, não sou, quero mais bem do que o que quero para mim no egoismo de menina caprichosa, que ouvi e não sou.
Que se lixe! Tu não vês... Estive sempre contigo desde que me descobri, o fim da minha historia não está escrita porque ainda não a vivi! As merdas tuas são parte de mim e o que sinto tornou-me assim, e nem por isso gosto de mim agora, zangada, cansada e atordoada com as aparencias que se querem fazer elas vida.
E...
E se da minha boca saissem as palavras que insisto em travar
E se nelas expressasse o que a minha alma cala e fala?
E se as minhas mãos mostrassem o que sou?
E se numa rua cheia de gente onde me ausento, gritasse?
De mim?
E se partisse?
Para mim?
E se as equações a que me vergo, se reduzissem a formulas erroneas?
E se pusesse tudo em causa?
Por mim?
O mundo parava de girar?
O mar não havia de deixar de me guardar quando não estou
E voltaria?
Estou sozinha no meio de tanta gente
Numa rua cheia e despovoada
cheia de nada.
vazia.
E se me cegasse ?
E parasse para ver?
Não via?