Quantas vezes morri e ressuscitei? Quantas me adormeci e quantas me matei?
Quantas vidas gastei e quantas me restam?
Sou esfera vazia no meu meio, e simultaneamente tão cheia do que calo. Silencio gritante. Vejo-me ao vento, embalada em cascatas de sentimentos que me inundam e, não digo, sorrio, apenas.
Ao meu redor, este espaço onde me isolo e transpiro, cada gota um sentido, embalo-me e abraço-me, sei quase de cor o que guardo cá dentro.
Saio e acompanho o sol crescente, todos os dias, visto-me de cores e dissabores e ensaio a opacidade com que me apresento, sorridente e vigente. Pronta para hastear a minha bandeira de vida.
A manhã quente de Outono, devolveu-me sangue nas veias. Não tomo calmantes nem nada que me entonteça, o meu cérebro, encarrega-se disso, o que sinto, desnorte, alucinio, é tão forte que estremeço.
O meu rosto, fantasia, transparece, o que pretendo enquanto grito em silencio, a distancia de um entendimento que desentendo e odeio.
Sinto-me produtiva, a minha mente organiza-se em tons de anseio.
Renasço? Mato-me por dentro?
Ouço palavras doces, abraço sentido, das poucas pessoas de quem gosto, da forma mais pura que conheço, a única que me ultrapassa e tem mote próprio, os sentidos. E ainda agora, teimo em não me acreditar.
Faço quase 200 kms todos os dias, transporto-me, aturo e chateio, chatearei a autoridade enquanto não aceitar, não entender porque tenho que me vergar ao que não acredito. Agora, não!
Tenho palavras oprimidas, castradas, não saem, treinadas à força da minha própria negação. Hoje quis tanto dar um abraço do tamanho do que sinto à minha irmã e não consegui.
E antes do sol partir, partimos nós os dois, soltos e abraçados, eu e o meu amigo, estrada fora, cada vez mais distante.
Amanhã, outro dia, cheio de gente e de vida e de mim, meia, cheia e vazia.
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