Embala-me como se não me quisesses tirar da prateleira
deste-me um prazo sem validade
deste-me um prazo sem validade
para não ter que esperar
e quando me acharam feio
e quando me acharam feio
foste tu quem foi provar
que estava enganado
que estava enganado
por me achar podre por dentro
sabia que a fruta que te adoça a boca não podia ser ruim
que as ameixas que te sujam a roupa não podiam ser assim
se elas fossem mesmo más não estariam junto a mim
quando o meu lindo és tu
e se caio?
e se seco?
e se quebro antes do fim?
esta espera que é para já
mata-me por ser agora
esta vida de tão curta
sabe sempre a uma demora
sabia que a fruta que te adoça a boca não podia ser ruim
que as ameixas que te sujam a roupa não podiam ser assim
se elas fossem mesmo más não estariam junto a mim
quando o meu lindo és tu
e se caio?
e se seco?
e se quebro antes do fim?
esta espera que é para já
mata-me por ser agora
esta vida de tão curta
sabe sempre a uma demora
Numa leitura, ao acaso, deleitei-me com este poeta e pensador, a meu ver, Genial!!
Pesquisei, encontrei, palavras orquestradas em forma de monumento que me aqueceram, nesta manhã mais clara
5 comentários:
vale tudo, por um prazo sem validade. belo. cheio. a viver intensamente por saber que é longa a espera, e demora....
A genialidade de João Negreiros é inequívoca. A sua capacidade de transcrever para os poemas a realidade dos dias, cativa pela crueza com que o consegue fazer. A primeira vez lido... e torna-se impossível não regressar.
Almada Negreiros é um dos mestres do pensamento.
Um poema genialmente sentido. Quantos há que sentem o que aqui é escrito de forma tão
sentida, mas um dia também se apercebem que a sua realidade não é aquela que lhes quiseram imputar.
Há uma espera que demora, mas que pode valer a pena...
Abraço e obrigada por este momento.
Errata: Onde se lê Almada, deverá ler-se João.
Ps: A idade trás estas "coisas" :)
Abraço
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