Quisera oferecer-me um verbo, uma palavra só,
que me ensinasse a terrível e magna história
com que os elementos se encerram,
e a morte, que me queima a boca
que semeio e rego de lágrimas
que não param.
Quisera agora o sabor do medo,
que corre serpenteado nas serras,
que se apraz do fim do mundo.
Quisera gritar alto um momento
de saber, e assim,nada ser,
nada sentir de tão forte
que me estremece e torna apenas
voz insana de sentimento.
Quisera escrever tanto até gastar a dor,
matar-me cá dentro, renascer.
Quisera não dizer
que amar foi a unica coisa que fiz sem saber
a lágrima mais profunda que de mim saiu
o principio e o fim do meu credo
margem que me via
nas visitas de nevoeiro
que foi assim, tão mais que isso
Sorriso que não escondi de ninguém
só porque ele me havia sem aviso
Calar esta alma onde moro e não estou
Que nada nem ninguém vislumbrou
Quisera agora ter um colo onde me embalar
Deixar-me sossegada
Quisera entao ser mulher
cigana, desbocada, usurpadora de alma
Quisera não ser
nada, nada.
2 comentários:
Amiga,
é com esforço que te comento.
Pelos motivos que te disse e por seres tão misteriosamente idêntica a uma sombra que não me larga. A minha!
Abraço
[estremece a palavra, tamanha a ordem da tábua, dessa ordem da matéria; palavra move a montanha]
um imenso abraço
Leonardo B.
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