Pendidas, numa vontade que se distancia de mim, as minhas mãos estendidas ao longo do meu corpo, eram antes a expressão do meu horizonte. São minhas, caídas, despedidas de fonte de vida, pequenas, são agora as veias que me ligam à terra quente. Entrelaço-as, de vez em quando, nas pernas traçadas sobre o chão. São laços, abraços envoltos em mim, carinho escondido de uma serra enfim sossegada.
Ouço as cigarras, finalmente despertas, ouço o som das estações renovadas. Caem as minhas mãos pendidas neste espaço ausente e presente de vida.
Mãos tão cheias de silencio no meu regaço, no turbilhão de laços e mãos a que não pertenço.
2 comentários:
[haverá no universo maior desafio, incógnita, que o nosso corpo? Onde a metáfora?]
um imenso abraço, Milhita
Leonardo B.
E será que não pertences? A nossa relação com as coisas e com as pessoas tem por vezes desígnios tão misteriosos, que uma presença mesmo ausente pode significar tanto em termos de vida.
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