10 dezembro 2011

Veste-me  névoa fria, reconfortante. Algures há aquele silencio que oferece vida, uma calma transparente, pequena, há uma moça sorridente que sonha sentir os lábios mais quentes, a tez ardente. Aqui, me tenho cansada de ser segura. Aqui me tenho lembrado de mim, vista de um vértice novo e inquietante. Vejo-me pouco, olho-me muito. Olho as histórias uma a uma, marcam agora a minha forma de as entender. Lembro-me do tanto que me ofereci em troca de quase nada, das marcas lavradas numa passada fugidia, apressada contra um tempo que sempre pareceu desconexo. Quis ser amada antes de tempo, quis dormir acordada, quis que os sonhos se fizessem dia com um estalar de dedos. Cheguei a já não querer nada. 
Respondi, estou desiludida. Não com nada, comigo. Não sei se gostaria de me conhecer de passagem. No fundo, sou boa pessoa, tenho um mar de sentidos em mim, orfãos, desirmanados entre si. Nada passa afinal, ficam as marcas, faltam as palavras quando desaguo a escrever. Falta-me um grito calado há demasiado tempo, falta-me esse sorriso gratuito que me seria devido. Perco-me num medo de já ser tarde quando sinto que ainda quase nada começou. E tenho este tanto cá dentro, em silencio.
Apetecia-me correr agora, só parar para gritar de vez em quando. Apetecia-me mergulhar em tudo o que sinto, beber cada trago, entender. Apetecia-me chorar muito, muito, até vir aquele soluço de alivio, e depois, deixar-me ser, sem medo, sem silencio, esquecida do medo e do tempo.


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