31 janeiro 2009

Quero



Quero ouvir
Quero sentir
Ser vida
Sentir-me viva!
Quero o ar, a terra, a agua e o fogo
Quero navegar e voar
Quero viajar de novo
Quero despertar por um momento
Para voltar a sonhar
Quero saborear, cheirar
Quero amar
Quero saber que sou amada
Quero dar sem receber
Quero correr por nada
Quero aprender
Quero simplesmente viver !

Entardecer

Repouso agora neste entardecer cinzento, chuvoso, quase violento, a minha alma já serenada por um renascer de outra madrugada
Sinto-me renascida nesta tarde, ressarcida do que noutra tempestade esvaziara em mim.
Os meus sentidos agora despertos, buscam os sons mais refinados e escutam como se disso dependesse o encantamento deste ser.
Tantas cores neste arco iris que avisto além, os meus olhos despertos, cintilam e vibram com este bailado de cor, de vidas precisadas de viver para chegar aqui.
Guerras entoadas noutras madrugadas nas quais as palavras feridas me soltaram de mim e me deixaram morrer e renascer em seguida...
Vejo ao longe a crueza da maldição que deixei atras, vejo promessas escondidas, gestos sem perdão.. Evasão!
Sinto que atravessei escarpas, pisei trilhos escondidos, vasculhei grutas, corri em busca da razão e do entendimento de uma alma desgarrada, por mais nada, apenas ser!
Olhei atras e ainda vi as palavras doidas, ainda me doem feridas rasgadas e nao tratadas por ainda nao saber aprender onde encontrar perdão... noites passadas em sobressalto, unhas roidas ate sangrar, um sopro ininterrupto de agonia a cada minuto em que nada tinha sentido a não ser a necessidade quase atroz de não sofrer mais.
Quis entender, não soube perdoar, quis esquecer ou não saber, mas saber antes para depois doer ainda mais...
Olho agora mais distante e, meu Deus, como eu entendo esses momentos de sentimentos puros sem culpa, sem motivo... Fui cruel ao falar, fui tão dona de um saber que nunca seria meu!
Quis pontuar cada momento, dar um adjectivo a cada gesto, estava afinal vazia e incapaz de olhar na mesma direcção.
Acarinho-me nesta tarde de memórias e gratidão por mais um entardecer quente e ameno, cheio de palavras brotadas do mais fundo do meu ser... Apaziguo-me nesta certeza de sentir com razão, da madrugada consentida na mais completa e verdadeira essencia de saber onde estou, onde quero chegar e a plenitude deste meu ser.
Não quantifico, não qualifico, é assim por ser!
É puro, verdadeiro, nasceu virgem e sem motivo e soube dar-lhe um nome e expressão, soube guerrear em mim uma batalha dura para chegar aqui, a esta clareira de onde avisto um mar ao longe, imenso e cheio de vida, e tudo está assim no seu lugar!

Chico Buarque



Ele vinha sem muita conversa, sem muito explicar
Eu só sei que falava e cheirava e gostava de mar
Sei que tinha tatuagem no braço e dourado no dente
E minha mãe se entregou a esse homem perdidamente
Ele assim como veio partiu não se sabe prá onde
E deixou minha mãe com o olhar cada dia mais longe
DEsperando, parada, pregada na pedra do porto
Com seu único velho vestido, cada dia mais curto,
Quando enfim eu nasci, minha mãe embrulhou-me num manto
Me vestiu como se eu fosse assim uma espécie de santo
Mas por não se lembrar de acalantos, a pobre mulher
Me ninava cantando cantigas de cabaré,
Minha mãe não tardou alertar toda a vizinhança
A mostrar que ali estava bem mais que uma simples criança
E não sei bem se por ironia ou se por amor
Resolveu me chamar com o nome do Nosso Senhor,
Minha história e esse nome que ainda carrego comigo
Quando vou bar em bar, viro a mesa, berro, bebo e brigo
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus, laiá, laiá
Os ladrões e as amantes, meus colegas de copo e de cruz
Me conhecem só pelo meu nome de menino Jesus,

Lindo...

Saudades

Morro de São Paulo - Brasil


Saudades!

Amanhecer silencioso

Enquanto, escondido, este amanhecer me despertava devagar, anunciando-me o acordar inocente dos meus sentidos, lá fora essa calma entrava em mim.
Tudo está no seu lugar!
Tudo está agora tão maravilhosamente sossegado!
Este ser de estar, este eterno lugar onde me aconchego e aqueço, onde estou por inteira, verdadeira... Aspiro agora o que de mais infinito e grandioso esta terra molhada me oferece, este cheiro companheiro de tantas caminhadas que já fiz...
Paro neste momento só pelo prazer de olhar em volta e reencontrar este sossego que deixei atras de mim procurando enfrentar os meus deuses desconhecidos que me atormentaram nestas horas tão grandes.
Tudo está no seu lugar!
Fumei o meu cachimbo da paz enquanto a madrugada se despedia dos sonhos mais profundos do meu ser, apaziguei da minha alma a culpa da minha não inocencia querida calada, fechada.
Acordei devagar, enquanto por um momento o Sol deixava-se estar, antes de se esconder novamente, só para me aconchegar nesta manhã de plena vivencia.
Na minha guerra passada lembrei-me de outro lugar em que chorava lagrimas de dor, por nao entender a verdadeira essencia deste ser, sem querer, de deter nas maos a plena justiça de sentir... Lembrei-me de cada momento em que ofuscada pela revolta, reclamava do mais fundo de mim essa estupida voz da razao que nunca existiu, nem nunca existirá.
Levantei-me e, ao longe tocavam melodias entendidas, acordes livres de quem tem asas e permite-se voar, ri-me pela unica razão de viver, corri para abrir a porta e ouvir melhor, deixar entrar em mim esta essencia de prazer.Quis escrever, antes mesmo de viver cada momento a seguir.
Meu Deus estou viva! Estou tão cheia de vida...
Deixei atras de mim, os fantasmas desta razão, desta culpa sem alma, sem calma, sosseguei-me em paz no fresco desta manhã que parece ter sido assim por que assim tinha que ser... Só isso, basta-me isso!
Aprendi que sou pequena, nas minhas mãos não detenho nem tudo, nem nada, detenho esta calma de sem pensar, querer viver, perdoar, rir, ser humana...
Sou pequena! Sou humana!
Vou viajar, vou perder-me na serra que hoje já sorri para mim, estava triste ontem com a minha ingratidão, com a minha racionalização de não perceber a dadiva mais simples de existir...Quis controlar.. Quis calar!
Sou pequena!Meu Deus sinto-me tão grande!
E, se olhar de novo... Tudo continua no seu lugar...
Maravilhosamente silencioso

http://fabricadeletrasepalavras.blogspot.com/2010/03/desafio-de-marco.html
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Ausencia

Eu deixarei que morra em mim o desejo de amar os teus olhos que são doces
Porque nada te poderei dar senão a mágoa de me veres eternamente
exausto.
No entanto a tua presença é qualquer coisa como a luz e a vida
E eu sinto que em meu gesto existe o teu gesto e em minha voz a tua voz.

Não te quero ter porque em meu ser tudo estaria terminado.
Quero só que surjas em mim como a fé nos desesperados
Para que eu possa levar uma gota de orvalho nesta terra amaldiçoada
Que ficou sobre a minha carne como nódoa do passado.
Eu deixarei... tu irás e encostarás a tua face em outra face.

Teus dedos enlaçarão outros dedos e tu desabrocharás para a madrugada.
Mas tu não saberás que quem te colheu fui eu, porque eu fui o grande íntimo da noite.
Porque eu encostei minha face na face da noite e ouvi a tua fala amorosa.
Porque meus dedos enlaçaram os dedos da névoa suspensos no espaço.
E eu trouxe até mim a misteriosa essência do teu abandono desordenado.

Eu ficarei só como os veleiros nos pontos silenciosos.
Mas eu te possuirei como ninguém porque poderei partir.
E todas as lamentações do mar, do vento, do céu, das aves, das estrelas.
Serão a tua voz presente, a tua voz ausente, a tua voz serenizada.
Vinícius de Moraes

30 janeiro 2009

Mulher


Não se nasce mulher: torna-se.

Simone de Beauvoir

Despertar

Hoje sou guerreira, vou-te enfrentar, vou-te amansar
Nesse campo imenso onde me refugiei à chuva, cá em cima, quase tocando as nuvens, consciente da imensidao do espaço e do tempo, vou-te olhar no teu constante e provocante marejar
Vou olhar te ao longe, enquanto corro nesta descoberta de espaço crescido só para mim, na grandiosidade das cores que me envolvem, dos amanheceres do outro lado, deste alaranjado com que cresci, vou gritar o mais alto que puder e parecer tão maior do que esta serra onde me perdi
Vou encher o que esvaziamos com este amanhecer só meu
Nas minhas maos livres agora, sinto ainda o peso das reservas descobertas e revistas em palavras, em rajadas que nao sabia ouvir, mas que nao eram mais do que as minhas que antes te tinha oferecido por nem ter vivido.
Sou livre, sou forte
Tenho um mar a minha frente
Mas a minha volta despertam agora estes cheiros da madrugada, este misterio da minha propria alma esta sede de poder sem querer nunca ter, fundir-me com este nevoeiro que me reencontra e confronta.
Sou pequena, não enfrento os elementos
Amanso-me nestes momentos em que preciso de estar assim, acordada e zangada
Desperta

Reflexo

Acordei vazia... esvaziada...
Cansada..
Travei guerras, apaziguei-me a mim mesma numa noite de sono e sons incertos.
Mas adormeci.
Nesta minha luta comigo mesma, nao premio vencedores, acarinhei os vencidos, apenas
E voltei a adormecer
Apaziguada, rendida
Perdida
Não sei ser tanto assim
Não sei viver este reflexo de mim mesma

Mas a minha alma outrora dormente, desperta agora para o quadro que pintei sem olhar
pela simples razao da imensidao do ser
Estou acordada

Palavras

As palavras aproximaram os caminhos que me são familiares.
Sinto que não os percorri..
Deixei-me antes nesta caminhada pela imensidão apaixonante e dispersa no tempo, no sabor do saber e preferir manter e criar sem limites, sem fins, sem espaço nem finalização…
Assim , perante este olhar, entendes o meu pedido quase sofrido, quase arrependido para que saibas embaciar a minha vista e engrandecer a distancia que nos tornará ainda mais próximos.
A alma não nos atraiçoará nunca, esta alma renascida de muitas vidas, reconhecida em tantos gestos e vivida escondida nas cores …

Vês? O arco íris tem cores!
Tem tantas cores, não vês?
Vi-as no que o teu olhar já me sussurrou, sossegado e cauteloso, vi-as quando tentei eu própria cegar-me e fugir de mim… Vi-as como chuvas de estrelas na minha direcção, sem pressas, mas muito depressa, como se fosse urgente que as visse, como se antes de adormecer, soubesse que eram minhas. Ao mesmo tempo, enquanto corria furiosa contra este vento que me desperta e faz tremer, procurava gritar do mais fundo da minha alma, a dadiva desse sabor de não ter, desse mar que me inunda sem querer…

Não me deixes nunca dormir.
Não traduzas, não me acordes, deixa-me viver esta dormência, este mar que me leva na corrente sem se mostrar… Deixa-me rir, deixa-me saborear esta calma que me dás, a sabedoria com que me ouviste no meu silencio mais profundo… Deixa-me !
Ignora-me... Saberei sempre fugir!
Saberei despertar em seguida.

28 janeiro 2009

sem comentarios


" Nos Açores há uma vaca por cada dois habitantes!"


no continente parece-me que a proporção é a mesma...
já para não falar nas cabras...

Almas

Nas palavras revejo o compromisso para a sanidade,
para o tenue e ameno apaziguamento destas almas loucas
para a certeza do silencio que nos alimenta
e contraria

para fugir em seguida

Jogamos e brindamo-nos com o que sem dizer
sabemos
e ficamos
e rimos, sei que rimos

no meu dia, viajo por uma vida que reconheço
que me encanta
e espanta
e adormeço a minha mente no chao frio onde repouso agora
e desperto o que de mais profundo existe em mim
e fico assim
na devida proporção do encantamento
deste jogo de palavras
e silencios e vontades
e verdades
que quero por nao querer
que ficará por saber


estendo a minha mão
sinto ainda o arrepio dos momentos contidos
vividos
sentidos,
a minha alma agradece a harmonia
e aquece no chão
a minha razão

Mato em mim as almas pobres
que se rendem à fraqueza do previsivel
do apetecivel
e desconhecem o prazer da imensidão

quero muito mais do que isso
quero-me esgotar todos os dias
esvaziar-me e encantar-me
e guardar em mim o que me agita
e na verdade sentir
que é so meu
sem o ser

Felicidade

“A felicidade é uma obra-prima: o menor erro falseia-a, a menor hesitação altera-a, a menor falta de delicadeza desfeia-a, a menor palermice embrutece-a.”

Marguerite Yourcenar

26 janeiro 2009

Herança

Herança do meu passado, meu fado, meu medo, meu credo.. Raiz daninha e entranhada em mim quando, louca, gritava em busca do que nunca existiu, quando mergulhava nas profundezas de um mar descoberto e encoberto , ultrapassada pela minha corrida desalmada, traida pela vontade de não ser mais uma estranha no meio da multidão de caras sem rosto, sem expressão.
Entraste em mim para me consumir, para me domar, violando cada pedaço que se te opunha, julgaste poder envolver-me na tua teia de mulher sem dó, julgaste ser capaz de me tornar mais um numero a acrescentar ao teu quadro de vitorias, quase conseguiste, estiveste tão perto, tão perto...
Hoje a guerra é minha, sou eu, hoje espero-te em cada despertar, rejuvenescida de uma força que desconheces, porque te ignoro, porque me rio de ti e dos estigmas e peso que julgaste ter numas poucas mentes pequenas.
Não falo de ti, nao te nego, sou omissa mas ouve os meus gritos e brados loucos que te ensurdecem e fazem calar, gritos em silencio que so tu e eu ouvimos, a luta é minha e, repara, tenho na minha mão o que não conheces, um sorriso para ti quando esperavas lágrimas de frustração, não te deixarei nunca falar por mim, não sabes falar em silencio!
Tu e eu sabemos o quanto nos defrontamos e fortalecemos, porque assim queremos, não és minha companheira, nunca o serás, não és o fim, foste o principio da minha caminhada, desta, só minha, escarnecendo e conhecendo já muito para além do que quiseste chamar de limitações... Hei de vencer-te, hei-de dominar-te, sou forte, não deixo que fales comigo nas vozes tristes e secas que me condenam.
Hoje nem te vi, nem te ouvi e lutei por ti!!!

25 janeiro 2009

Despertar

Não acordava de manhã, nunca quando o dia poderia reclamar a minha presença, acordava apenas quando o meu corpo reclamava a unica fonte da vida que conhecia, quando o meu corpo e a minha mente despertavam para uma realidade impar... Construida por mim, louca desvairada, tropega, sofrega, adormecida da vida, da outra... Longe dos sonhos e certezas, dos valores, adormecida e avida desse viver marginal, desse sopro ofegante ...
A minha mente centrava-se no unico e verdadeiro instinto animal que conheci, sobreviver, não sofrer, não sentir ou então, sentir muito mais além do que qualquer um com que me cruzaria na rua na minha louca ansia de voltar a adormecer...
Os dias tornar-se-iam vidas, sofridas, ofendidas, loucas...
Os meus dias... criminosos da minha alma de criança, num qualquer bairro sujo, de almas podres, tao podres como a minha, vendedores de quartas e ladroes dos ultimos vestigios de dignidade humana julgada marginalidade querida...
Sofri, matei todas as cores do meu arco iris, tornei-me tão cinzenta como aqueles de quem escarnecera e recusara ser, sofri mais ainda por perceber o quão longe seria capaz de ir... Deambulei pelas ruas trocando pedaços de mim em troca de um qualquer abrigo da minha furia e desespero..
Rendi-me a ela, vendi-me por ela!
Renasci dela!
Guardo comigo o meu passado acarinhado à custa de cada dia soalheiro que redescobri, guardo o que aprendi, guardo o lado escuro de mim, guardo a noção da minha fuga, guardo o preço da minha luta, tudo me completa e pertence ... É meu, só meu...
O Hoje, o agora está aqui e eu percebi o seu valor, amanhã é demais, ontem fez-me estar aqui,ser assim, cheia deste viver unico... Cheia deste querer, cheia de um mar de sonhos que reclamo a cada momento, cheia de mim e deste outro sopro de vida, deste desejo de ser...

24 janeiro 2009

Tudo é possivel

Há algo dentro de nós que nos diz que tudo é possivel!
Algo muito maior que a nossa própria percepção.
Gostava de não me esquecer disso ao longo de cada momento do meu dia,
Gostava de assim saber colorir cada imagem na minha vida,
Gostava de encontrar essa certeza em cada rosto que encaro,
Gostava de amar hoje e tornar possivel a necessidade de existir um amanhã,
Gostava que da minha boca saissem apenas palavras cheias dessa certeza,
Gostava de saber ouvir da mesma forma.
Gostava que as minhas lagrimas de emoção fossem afinal a constatação que sou muito mais do que penso e sinto e faço, não uma criancice, mas antes a forma mais genuina de existir.
Gostava de me lembrar de cada sonho que construi e me fez rir, gostava de guardar cada expressao e cada palavra que me ofereceram, gostava de partir sempre com a certeza que ficaria, gostava de ficar com o alivio da caminhada em frente e da minha liberdade..
Gostava de materializar a esperança de cada gesto
Gostava de sentir a cada momento o acordar do vento na minha cara
Gostava de nao ter nada e ter-me por inteiro
Gostava de perder-me para me reencontrar em cada lugar
Por tudo ser possivel dentro de mim
Não sei onde
Gostava

23 janeiro 2009

Nada para dizer

Hoje não tenho nada para dizer..
Não tenho mesmo..
Já tentei, já iniciei textos e temas e voltei sempre com o cursor atras... Nada fazia sentido, nada parecia sentido... Não é que nada tenha acontecido, mas hoje desta cabeça não sai nada!
Olho em volta... A terra continuou a girar, chove lá fora (como tem chovido nos ultimos tempos) e ainda bem, preenchi o meu dia com o que tinha que fazer, preenchi os meus momentos com animo para o que se seguia, sonhei como sempre faço (mesmo quando não quero)...
Podia falar daquelas conversas de café, mas não sei...
Podia falar da crise, seria conversa apenas...
Podia falar da vontade de rir com que despertei hoje a ver a figura triste e a justificação ignobil do nosso "Chefe de Governo", mas não me apetece, estou bem disposta..
Podia falar das saudades de ir ver o mar, mas resolvi antes decidir que o vou ver amanha..
Podia falar ...
Mas não teria nada para dizer...
O meu silencio valerá para o dia de hoje..

22 janeiro 2009

Razão

Será assim tão importante ter razão, ficar com a ultima palavra, ter uma multidão a aplaudir-nos de pé, fecharmos o dia com chave de ouro, com a convicção que marcamos a nossa posição, que nos sobrevalorizamos ao ponto da admiração alheia?
Será tão importante o poder que atribuimos ao exterior ao ponto de nos condicionarmos por ele?
Claro que é importante!!!
Então porquê esta sensação de nada saber?
Então porquê esta solidão de palavras sem eco no fim?
Então porque me sinto fora de mim? Alheia à essencia de mim?
Percebo bem este vazio em mim, descobri mil formas de o preencher, poucas sao minhas, de mim para mim, são as que valem! As outras, a razao, a posição, a marca, o ego, o jogo, a sedução, a luta, enchem-me por um segundo ate ao descontentamento...
Não me é importante ter razao!! É importante virar costas cheia deste mar que me abunda quando deixo, da vontade de vida, deste sopro de vida que me invade e acompanha, é importante a caminhada, não a chegada, já ganhei porque já parti e vivi e viverei mais ainda na proporção do horizonte que nao perco de vista.

Abandono



São maus...Desumanos...Gordos...

Ostentam as armas desengonçada e orgulhosamente enquanto gritam brados de orgulho no ar... Por eles acordo de manha com os estampidos dessas armas e o voo alucinante dos passaros em fuga por cima do telhado de minha casa.. Estão ali, vejo-os da minha janela!
Penso sempre que move-os mais o orgulho ferido e o ressentimento do dia a dia, dos outros dias, não destes em que podem descarregar todo o seu instinto masculo e animal no que lhes é permitido ferir e matar...
Não vejo o instinto ancestral e nomada do verdadeiro caçador de sonhos e fome, do chefe de familia que viaja enfrentando perigos para alimentar a sua familia.
Não vejo um desporto... Não consigo..
Vejo morte... risos..
Almoçaradas com bom vinho e anedotas descaradas..
Vejo ainda mais morte a seguir..
Eles partem..
Pelo caminho deixam o que não precisam mais, deixam vida à espera de morte, porque cobardemente só matam à distancia, sem olhar nos olhos... Deixam aqueles que alimentaram e cuidaram com o unico proposito de usar e mais tarde abandonar...
Tou cansada de ver... Tou cansada de me ver obrigada a olhar para o lado, não conseguiria olhar duas vezes... Odeio a minha impotencia perante aquele olhar triste e perdido do abandono de quem significa a razao de viver... sei que assim é!
São criminosos sem punição, são venenosos... São monstruosos!
Hoje vi mais um... castanho, perdido, parado, à espera do dono que eu sei (ele não) nem ter olhado para trás, o seu olhar cortou-me o coração e não pude olhar mais..
Restou-me o gesto quase hipocrita de voltar aquele sitio com a comida para mais um dia de espera.
Choro ao escrever porque me ultrapassa, tudo isto é maior que eu, tudo isto me revolta e repugna.
Sento-me aqui enquanto afago o meu amigo de todos os dias, de todas as horas, que me presenteia com o privilegio de me ter escolhido como amiga, com aquele olhar carinhoso, com o significado mais genuino de dar sem querer receber.
Abandonem antes a vossa arrogancia e orgulho doentios, julgadores de possuirem o que nunca serão dignos de ter, caçadores de hiprocrisia, silenciadores de vida!

Poesia

Poesia

Se todo o ser ao vento abandonamos

E sem medo nem dó nos destruímos,
Se morremos em tudo o que sentimos
E podemos cantar, é porque estamos
Nus em sangue, embalando a própria dor
Em frente às madrugadas do amor.
Quando a manhã brilhar refloriremos

E a alma possuirá esse esplendor

Prometido nas formas que perdemos

Sophia de Mello Breyner

Porque


Porque

Porque os outros se mascaram mas tu não
Porque os outros usam a virtude
Para comprar o que não tem perdão.
Porque os outros têm medo mas tu não.

Porque os outros são os túmulos caiados
Onde germina calada a podridão.
Porque os outros se calam mas tu não.

Porque os outros se compram e se vendem
E os seus gestos dão sempre dividendo.
Porque os outros são hábeis mas tu não.

Porque os outros vão à sombra dos abrigos
E tu vais de mãos dadas com os perigos.
Porque os outros calculam mas tu não.




“No Tempo Dividido e Mar Novo” Sophia de Mello Breyner

Dakar!

21 janeiro 2009

Incoerencias

Entre o deve e o haver.. Entre o vazio e a plenitude...
Percorro uma distancia de um segundo imaginario, de uma caminhada obrigatoria...
Revejo-me na atração dos opostos, não dos mais banais, dos carnais, dos mortais... Antes na guerra selvagem e saborosa pelo dominio da minha alma...
Sou alma, corpo, mente sã, razão insana, sonho de criança, dor de idosa...
As minhas armas manipuladas com a destreza de quem se esconde e afronta de surpresa, as multiplas caras que sei fazer, os papeis que sei protagonizar, as infinitas reservas à minha bestialidade e genialidade.
Quem sou eu ?? Sou isto tudo, não sou de cá, não vim ver a bola, não vim para ficar, vim para continuar, nem sei para onde ir, mas preciso de ir... O preço da estagnação é demasiado elevado para mim...
Saboreio o prazer da vida e engulo a seguir à procura de mais...
Procuro o complemento do que ficou a meio, a perfeição, a conciliação, procuro o livro de instruções... ainda acho que ele existe. Se o encontrar, vou rasga-lo de certeza, só quero saber que o descobri... nao quero saber mais nada!
Sinto-me perdida nos meus reflexos, nas minhas imposições e contradições conscientes, nas verdades que defendo com a minha voz... Mais tarde, em silencio, reconheço não ter a certeza de nada, apenas deste rebate de vida que me preenche e esvazia...
Sinto-me perdida nas amarras que me sossegam e seguram, fui eu que as criei, são importantes para mim, mas olho para elas de soslaio, desconfiada se são minhas aliadas...
Sinto me perdida nas infinitas possibilidades das minhas escolhas... Encontrar-me-ei mais tarde no reflexo do amanhecer, na claridade dos meus despertares
Sou ser pensante, vivente, incoerente, inconsciente, tenho um querer urgente !
Sou viajante, gritante e tenho este mar à minha frente!
Tem o mesmo tamanho imaginario!

Vento


“à procura do vento.
Porque a minha vontade tem o tamanho de uma lei da terra.
Porque a minha força determina a passagem do tempo.
Eu quero.
Eu sou capaz de lançar um grito para dentro de mim, que arranca árvores pelas raízes, que explode veias em todos os corpos, que trespassa o mundo.
Eu sou capaz de correr através desse grito, à sua velocidade, contra tudo o que se lança para deter-me, contra tudo o que se levanta no meu caminho, contra mim próprio.
Eu quero.
Eu sou capaz de expulsar o sol da minha pele, de vencê-lo mais uma vez e sempre. Porque a minha vontade me regenera, faz-me nascer, renascer. Porque a minha força é imortal”

José Luís Peixoto in “Cemitérios de Pianos”

Mais...

Não é difícil alimentar pensamentos admiráveis quando as estrelas estão presentes.
Marguerite Yourcenar

Arrependimento

Curioso este sentimento de arrependimento...
Arrependo-me das palavras que disse e nao disse ...
Arrependo-me de ter feito e de ter deixado por fazer ...
Arrependo-me de ter dançado uma valsa que nao era minha ...
Arrependo-me de não ter fugido à procura do sonho no mar das minhas vontades secretas... Arrependo-me de as ter!
Arrependo-me da dor imposta a quem sentia amar infinitamente, arrependo-me dos momentos em que desejei morrer no meu egoismo atroz...
Arrependo-me do meu orgulho e medo...
Arrependo-me dos caminhos obscuros que insisti em trilhar, segura da tua mao salvadora ...
Arrependo-me de querer...
Arrependo-me de ter...
Mas...
De seguida, abro as maos no ar e agradeço com todas as minhas forças
Agradeço por ter dito e ter calado as palavras que trairiam o meu sossego conquistado
Agradeço por tudo o que fiz e o que nunca faria
Agradeço aquela valsa que me presenteou com momentos que não vivia
Agradeço ter ficado , agradeço os meus instintos, sonhos, e passeios imaginarios
Agradeço o amor que recebo, agradeço o dom de sentir emocionada a resposta à minha existencia
Agradeço esses caminhos que me tornaram mulher, dona de mim
Agradeço o orgulho despertado da doença, o vigilante da minha própria razão
Agradeço o medo que me sustenta, que me atenta, que me arrepia de vontade
Agradeço este meu querer
Agradeço este meu ter
Vivo, vagueio, sou tudo o que fiz, sou tudo o que deixei por fazer, sou livre, sou mulher, sou unica, sou pequenina mas sinto-me grande, tão grande que queria absorver cada momento na magnitude que o meu olhar alcança... Estou desperta, atenta!!

19 janeiro 2009

Sakura no ki


A Cerejeira do Japão ,

Sakura no ki significa flor de cerejeira.

A cerejeira era associada ao samurai cuja vida era tão efémera quanto a da flor da cerejeira que se desprendia da árvore.

Alguem me contou que uma das principais características da cerejeira é sua efemeridade. Que o facto das flores durarem pouco tempo nos galhos das árvores impressionou muito os japoneses na Idade Média, período de guerras, o que fazia com que as pessoas sentissem que tinham a vida ameaçada a todo momento.

Assim, a sakura foi associada à imagem do samurai, guerreiros que estavam dispostos a dar sua vida quando necessário e de existência muitas vezes tão breve quanto a flor da cerejeira.


Antigamente, a sakura era considerada símbolo do amor. Quando as mulheres enfeitavam os cabelos com um galho de sakura ou decoravam o quintal de casa com as flores, mostravam que estavam em busca de um amor

Defeitos

Nunca me mostres os teus defeitos..
Fala-me neles, com as palavras ditadas pela tua alma viajante..
Fala baixinho mas firmemente como se me ensinasses acerca do que preciso saber!
Antecipa-te à minha perspicácia e busca incessante de razão..
Cria o imaginário do teu ser e coloca-te nele, protagoniza a verdade da historia que escreves todos os dias...
Não deixes que seja eu a escrever... Não me dês a desilusão da descoberta, o desconforto desta busca do ideal que não há! Permite-me o sonho que te faz brilhar, não mo tires!...
Ilude-me com os silencios que preencho com a minha alma avida de mais, não me desiludas com o pecado do limite...
Não me deixes perceber que te confundes na multidão manchada de cinzento, deixa-me antes glamorizar a tua misteriosa e inalcansavel existencia ... Será importante para mim...
Preciso sempre de mais, nunca de menos..
Não me mostres os teus defeitos!!!
Não me armes com a faca aguçada da destruição do sonho, não me deixes fugir daqui..
Sei que fugiria, sempre o fiz!

18 janeiro 2009

Sorriso!



É lindo ver um sorriso na tua cara... ver o empenho e a humildade com que enfrentas a vida, com que te resignas com o que não te interessa, porque não tem valor..
Ensinaste-me o valor da simplicidade, ofereces-ma todos os dias e eu, tantas vezes contrariada, acabo por me render a ela.
Temos um caminho grande, dificil, quase brilhante atras de nos, traçado com guerras, vitorias, derrotas, alegria e dor, suor, empenho e muitas palavras que ficam por dizer no remoinho de todos os dias.
É linda, unica, a forma como me amas, como fazes sem dizer, como deixas para tras o que qualquer mulher deseja mas ofereces-me todos os dias o teu ser por inteiro, sem capas nem palavras intencionais.
Já te amei demais, já te odiei, já chorei por ti, rimos juntos todos os dias... Hoje, amo-te serenamente, carinhosa e verdadeiramente..
Sei que construiremos castelos juntos, sei que estas ao meu lado, mas tenho saudades da tua presença ao lado do meu dia, sinto falta daquilo com que cresci, mas aceito porque a seguir vejo esse teu sorriso!

Snow of the sahara


Only tell me that you still want me here
When you wander off out there
To those hills of dust and hard winds that blow
In that dry white ocean alone

Lost out in the desert
You are lost out in the desert

But to stand with you in a ring of fire
I`ll forget the days gone by
I´ll protect your body and guard your soul
From mirages in your sight

Lost out in the desert…

If your hopes scatter like the dust
Across your track
I´ll be the moon that shines on your path
The sun may blind our eyes
I´ll pray the skies above
For snow to fall on the sahara
If that´s the only place
Where you can leave your doubts
I´ll hold you up and be your way out
And if we burn away
I´ll pray the skies above
For snow to fall on the sahara

Just a wish
and I would cover your shoulders
With veils of silk and gold
When the shadows come
and darker your heart
Leaving you with regrets
So cold

Lost out in the desert…

If your hopes scatter like the dust
Across your track
I´ll be the moon that shines on your path
The sun may blind our eyes
I´ll pray the skies above
For snow to fall on the sahara
If that´s the only place
Where you can leave your doubts
I´ll hold you up and be your way out
And if we burn away
I´ll pray the skies above
For snow to fall on the sahara

17 janeiro 2009

As donas das couves



Dessas pouco sei, pouco digo!!!
Revejo-me mais nos homens das cordas... esses quiseram e não conseguiram!!!
Estas, plantam couves e esperam que nasçam lilazes!!!
Gritam ódio á espera que alguem note, que alguem as veja!!!
São mais ainda, vivem ao lado da minha porta...
Gritam para mim olhando para a rua e saboreando o espectaculo de se julgarem vencedoras pelos decibeis!!! Pela vergonha da sua condição de mulheres de uma vida pobre, podre, sofrida à custa de maus tratos que imploravam por serem a unica dadiva pelo seu amor...
Mulheres danadas, rancorosas, de cajado na mão em direcção às couves que serão unica e simplesmente, sempre couves!!
Não sou de cá... Ainda bem que não sou de cá!!
Teria medo se o fosse...
Sou de outro qualquer lugar com mais sol, mais vida, mais ser! Melhor, ou pior, não sei...
Não tenho couves no meu quintal...
Tenho umas plantinhas que me lembram historias passadas, com vontade própria, só cá estão porque querem!

Os Homens das Cordas



Feios, velhos, derrotados pela vida, sem nada para dizer e nada para ouvir, apenas falar, falar, vomitar a raiva que o dia a dia não os deixa recompensar...
São muitos, milhoes, não se escondem, exibem a sua figura desgastada, farta, esperando que um dia alguem note, alguem veja para além da brutalidade que se espelha no olhar.
Quis a vida, quis um acaso infeliz que me cruzasse com um, que enfrentasse a sua miseravel e triste presença, que ousasse responder à raiva que o consumia perante um episodio que nada aspirava a zangas mas antes a ajuda, tão querida e tão necessária que senti nesse dia.
Alguem me levou junto dele para que lhe pedisse um favor, um simples par de cordas...
Não sei quanto custam mas, naquele momento, eram preciosas para mim...
Chovia, estava frio, estavamos perante uma situação dificil, precisavamos daquelas cordas, precisavamos colmatar os danos de um incidente inocente, triste, mas de consequencias enormes... Simplesmente, na vontade de ver e ler o sorriso e alegria de um filho, o Paulo tinha-o levado aos limites da sua coragem, livres, contentes por viverem, pela liberdade de gozarem juntos um gosto comum, as suas motas ficaram presas num terreno qualquer, num lamaçal sem fim...
Depressa arranjamos soluções, ficara para tras a mota pequenina, mas já tinhamos um tractor e até nos riamos da situação, ao ver a dificuldade que se nos deparava...
Depressa deixariamos de ter vontade de rir..
Vieram os homens das cordas...
Vorazes, raivosos...
Enquanto nos atolavamos cada vez mais na nossa impossibilidade e na lama da terra e dos outros, crescia em nós a surpresa, a impotencia daquelas vozes hostis que nos apontavam, que riam, que durante tantas horas, ficaram prostrados à beira da estrada, com os seus fatos de domingo, rindo e aquiescendo da nossa situação, do nosso "crime" contra eles, contra o que julgam ser deles, porque nada mais têm a não ser aqueles palmos de terra e uma vida cheia de nada.
Conseguimos... Juntos... sem olhar a mais nada, conseguimos...
Ainda hoje, o homem das cordas, percorre a distancia necessária para nos lembrar do quanto odeia não ter sido assim... da mulher desgrenhada que desistiu há muito tempo de querer ser feliz, do pedacito de terra que até gostou da visita e do protagonismo, da nossa vontade, da nossa vida...
Quer as cordas dele, partidas... Quer mais que isso, quer que sintamos o que sente!!!
Não queria umas cordas novas, queria que voltassemos a chafurdar na sua lama para trazer as dele!!!
Coitados dos homens das cordas !!!!

16 janeiro 2009

Liberdade



Ontem andei muito, fui ao Algarve e vim, acompanhada de mim e da adrenalina de querer e conseguir..
Choveu sempre, fez frio e só raras vezes pude ver a imensidão da serra, o nevoeiro cegava-me a maior parte do tempo.
Voltei cansada, farta do ruido irritante do limpa para brisas, mas contente mais uma vez, pela conquista, pelo reencontrar de pessoas com coisas para dizer..
Acrescentei conhecimento, saber, que preciso, que gosto... A formação das rochas, a intemporalidade da natureza que nao vemos mudar ao longo dos milenios, porque é infinitamente maior que nós, que ainda por cima, pretendemos domar o que nos transcende.
Granito negro, 700 eur o metro quadrado?

O meu olhar


O Meu Olhar

O meu olhar é nítido como um girassol.
Tenho o costume de andar pelas estradas
Olhando para a direita e para a esquerda,
E de, vez em quando olhando para trás...
E o que vejo a cada momento
É aquilo que nunca antes eu tinha visto,
E eu sei dar por isso muito bem...
Sei ter o pasmo essencial
Que tem uma criança se, ao nascer,
Reparasse que nascera deveras...
Sinto-me nascido a cada momento
Para a eterna novidade do Mundo...


Creio no mundo como num malmequer,
Porque o vejo.
Mas não penso nele
Porque pensar é não compreender ...


O Mundo não se fez para pensarmos nele
(Pensar é estar doente dos olhos)
Mas para olharmos para ele e estarmos de acordo...
Eu não tenho filosofia: tenho sentidos...
Se falo na Natureza não é porque saiba o que ela é,
Mas porque a amo, e amo-a por isso,
Porque quem ama nunca sabe o que ama
Nem sabe por que ama, nem o que é amar ...
Amar é a eterna inocência,
E a única inocência não pensar...
Alberto Caeiro

Albert Camus

Caminhamos ao encontro do amor e do desejo. Não buscamos lições, nem a amarga filosofia que se exige da grandeza. Além do sol, dos beijos e dos perfumes selvagens, tudo o mais nos parece fútil. Quando a mim, não procuro estar sozinho nesse lugar. Muitas vezes estive aqui com aqueles que amava, e discernia em seus traços o claro sorriso que neles tomava a face do amor. Deixo a outros a ordem e a medida. Domina-me por completo a grande libertinagem da natureza e do mar.
Albert Camus

13 janeiro 2009

Conversas de cafe


Entre o vento uivante e o frio que entra sem dó, consciente da minha pequenês, páro um momento e penso no que mais há, no tanto que os meus olhos querem alcançar e nos passos pequenos que a prudência me ensinou a dar...

Olho em volta e apetece-me gritar, acordar esta vida adormecida e tropega que nos assolou, que nos impede de ver a verdade e o verdadeiro motivo pela dadiva de existirmos....

A vida passa, depressa, demasiadamente depressa, sem pressa, ou nós passamos pela vida com pressa e, não ficamos, não paramos, não vivemos?

Num qualquer café, onde deixamos sair as conversas habituais sobre aqueles que nada querem para nós, sobre aqueles que vibram sob a luz ofuscante e cega da ribalta, ou sobre o tempo que existe, ou sobre outro assunto que nos enquadra neste contexto de vazio de vida, de loucura, de ser e não ser, de ter.... E se parassemos, um momento, se poisassemos a chavena de café necesssária, e ouvissemos os sons que sempre existiram , as luzes que nos dão vida, as pequenas coisas intemporais e gratuitas que rejeitavamos enquanto pretendiamos que a nossa voz soasse mais alto que a da máquina de cortar fiambre?

E se esse grito soasse dentro de mim? se clamasse pelo prazer de viver? Se o meu proximo pequeno passo fosse em direcção ao horizonte ?

Quis a minha verdade que experimentasse os meus limites, a vivencia dos opostos, com dor, com vida adormecida e depois avida de ser mais... Quis eu mesma, trilhar caminhos incertos sinuosos para hoje sentar-me neste café e falar do tempo e da crise..

Hoje sinto um mar revolto dentro de mim e, mais tarde sei que vou saborear a calmaria...

Quando sair deste café, a vida espera-me e os meus passos pequenos terão que me levar onde os meus olhos vislumbram a clareira de sol que ainda não vivi

As minhas putas tristes


Descobri que minha obsessão por cada coisa em seu lugar, cada assunto em seu tempo, cada palavra em seu estilo, não era o prêmio merecido de uma mente em ordem, mas, pelo contrário, todo um sistema de simulação inventado por mim para ocultar a desordem de minha natureza. Descobri que não sou disciplinado por virtude, e sim como reação contra a minha negligência; que pareço generoso para encobrir minha mesquinhez, que me faço passar por prudente quando na verdade sou desconfiado e sempre penso o pior, que sou conciliador para não sucumbir às minhas cóleras reprimidas, que só sou pontual para que ninguém saiba como pouco me importa o tempo alheio. Descobri, enfim, que o amor não é um estado da alma e sim um signo do Zodíaco.
(Memórias de Minhas Putas Tristes)Gabriel García Márquez

Gabriel G Marquez


É necessário abrir os olhos e perceber que as coisas boas estão dentro de nós, onde os sentimentos não precisam de motivos nem os desejos de razão. O importante é aproveitar o momento e aprender sua duração, pois a vida está nos olhos de quem saber ver.


12 janeiro 2009

Vivam os stackers!!!



Detestei, por vezes, este meu lado insano, os defeitos que, reflectidos nos outros, transpareciam objectos da minha critica e, no entanto, que prazer que me dão!!!


Magoei tanto, menti, enganei, traí e, lutei, lutei, muitas vezes até ao limite das minhas forças, porque assim queria, mudar, crescer, enquadrar-me no meu sonho.... E cresci.. Já era mulher, tornei-me mais mulher, mas tornei-me humana!!!


Hoje, curiosa a minha vida, custa-me tanto aceitar a mentira e a traição e, nela nunca saberia encontrar forças para crescer porque ela me engole e devora... E por ela, cheguei a sentir novamente o fundo do meu poço!


Bendito stacker, bendita justiça divina que aponta o dedo quando já deixei de acreditar nela!


Espero que te dês mal! Custa-me o que sinto por ti, mas é verdadeiro e justo! Não és digna de ser mulher, és um ser que rasteja para apanhar as migalhas que recebes de qualquer um e disseste-te minha amiga... A ti desejo-te o mesmo que a vida me deu, para me deixar erguer, a minha quota parte de culpa e a responsabilidade de fazer parte dela. Custa... mas não há nada melhor!


Não vou dizer mais a não ser que estou contente por ti... Em tempos estaria triste a desejar-te as melhoras, hoje agradeço o prolongamento da incapacidade por tempo indeterminado, em nome da paz!!!

10 janeiro 2009

Parabens pai!

Parabens pai!!


Hoje, depois de um almoço junto ao mar... num dos sitios lindos que sempre encontras, com o teu dom de descobridor, senti uma nostalgia, senti-me a mesma menina com quem passeavas e mostravas o mundo, tal como o vias e mais tarde, eu própria o veria com os meus, já cheios da magia que me ofereceste.
Senti a verdade da vida presente na qual retenho memorias passadas e desenhadas por ti, para eu crescer.
Distante das regras impostas, das condutas prescritas, dos caminhos ja traçados, iluminavas o meu, sonhador de horizontes cada vez mais destemidos.
Es um pai grande
Es o meu pai!

09 janeiro 2009

O amante

Fala-me, diz que soube logo, desde a travessia do rio, que eu seria assim com o primeiro amante, que amaria o amor, diz que sabe já que o hei-de enganar e também que hei-de enganar todos os homens com quem virei a estar.

Marguerite Duras - O Amante



Um livro que devorei, que revelou o ser feminino e indomavel e simultaneamente, submisso, que existe em mim.
Verdade silenciosa de cada viagem ao mais intimo de nós , que não sei porquê, calamos como se não existisse, como se personificasse algo que não gostamos, não queremos ...

08 janeiro 2009

A minha vida


A minha vida ..
As pessoas bonitas que guardo comigo!!
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