29 novembro 2009

Abraço


Hoje desfaço-me de laços,
E envolvo-me num abraço
ao que me move, ao que me gera.

28 novembro 2009

Não arranjei titulo...

Tinha um sonho, achei sempre ser um sonho bonito e muito meu. Não me lembro de ter tido a coragem de o contar a ninguém que me habitasse, pareceria criancice. Mas é meu.
Eram dois dias, dois momentos.
O primeiro tinha um mar e um tempo enublado, provavelmente estaria frio que não sentiriamos com os corações e as faces ardentes, e mais uns casacos de malha que misturavamos ate fazer uma tenda na areia molhada. Tu olhavas-me de repente, eu não podia estar à espera, por seres surpreendente e estranho, pensaria que me irias dizer para não apanhar frio e calçar os sapatos. Não ias olhar para mim directamente, olharias em frente, para o horizonte que parece que já conheces de há muito tempo e dirias de repente: " Vamos casar?".
Eu ficava calada, demonstrando o preço do tempo e um teatrinho sentido, só para não ter de responder logo, só para não me jogar nos teus braços e abraçar-te para sempre. Aspiraria um segundo e diria que sim, que sim, que sim, que claro!
Depois, um braço sagrado saltaria aqueles preparos que aborrecem, que arrefecem, que fazem esquecer o que vale e acordaria no alto de um monte castanho que eu conheço há muito tempo. De cima vê-se o rio e uma ribeira que passa, Vêem-se os traços árabes e romanos, vê-se gente serena e nada, vê-se o que se quer. No meu caso, só te poderia ver a ti, ocupas o meu espaço.
É uma ermida pequena que olha mais seis. Branca, Tão calma. Custa lá chegar, por isso transpira a vontade.
Eu tenho um vestido de linho crepe, curtinho e umas sandálias, um molho de mimosas amarelas na mão direita e um gancho no cabelo curto. Tu tens o de sempre, um olhar certeiro e pensado, umas mãos grandes e ar desconfiado, meio falso, para não transparecer.
A ermida não amedronta nem ecoa, enche-se de vozes alegres, de sorrisos e saudades, de vida que nos leva aqui, que nos começa, que nos eleva.
Sem demoras, sem muitas rezas, o Alentejo desperta e assente numa debandada de pássaros que se aprumam e voam, que ilustram a saudade de terras mais quentes, ainda mais presentes.
O beijo não é novo, mas tem um sabor diferente, que eu não conheço mas imaginei, sempre.
É só um sonho, desperto, que me apetece esquecer hoje, mas esquecer mesmo... Quis pelo menos sentir o sabor de cada momento.

O novo mundo de Pangea



Não me entra.
Comecei o meu dia a falar alto. Disse o que sentia, às amigas que me entraram fracas e carentes, cheias de ideias e auto análises confortaveis e sui generis. Há uma que dizia ser uma gaja do c.... Na verdade, hoje acompanha-se vergada à imaginação, contra si, contra tudo.
Continua a dizer o mesmo, mas só por metade, tem que se despachar para chegar a horas de mais um pedaço que a alimente.
Tenho a ideia empoeirada de redução aparente.
Na verdade, há dias de franca clarividência. Há dias em que as verdades se apostam, que se joga a cabra cega. O meu caminho mostra-me este grito de palavras em silencio.
Afastei-me do mundo inteiro, nada de novo, das amarras que julgava macias e me afrontam. do meu lugar que não vejo, do sentido enublado, dos abraços que pedi e de sei lá mais o quê que não entendo.
Afastei-me do conhecido, do conforto, do meio, senti-me vazia de mim ontem, sem rede, sem tréguas. Arrisco, por enquanto, arrisco-me.
Maior solidão se fez de companha, maior ilusão se fez no tempo que não me vi. Que pedi a equidistancia do meu alcance.
Chega! Chega!
Ah, e o mar cinzento hoje sorria para mim, daqueles sorrisos de criança que não se esquecem.
O novo mundo nasce do lado de cá, nasce do nada que se enche, nasce de vida, de vontade, de uma pedrada na maré julgada cheia.
E então.... Não é que me sinto acompanhada de mim? E contentinha....

Parte II

Renovada esta noite escura, pronta para me entregar de corpo e alma à minha aposta...
Triangulo de palavras, quem me gera, quem nos gosta, dois cantos do mundo, "para quê prosseguir nos caminhos que já conhecemos? se nos compete a ordenação do caos?"
O calor de uma barca que apanhamos no ultimo instante em direcção aquele momento em que tudo pára, o mundo se detém em meia dúzia de pormenores que um simples olhar eterniza. As silabas conjugadas em lembranças que temos em conjunto. É engraçado se agora entendo que a ti retorno sempre, pai...  Em silencio, em guerra, guardamos as mesmas imagens que partilhamos, madrugada adentro, com o sentido omisso e ouvido.
És o reflexo da batalha comigo mesma, és o meu ponto de partida, a minha fonte, és a minha guerra, a minha barca, velejador de vida. Entendes em silencio, espicaças-me parada... És um roteiro de estrada, daquelas que não se estudam, vivem-se.








O retorno não é nada, vale a caminhada, valem as cabeçadas e o medo que me larga, que me alerta. Tenho tanto em mim para dar, tanto...
Tenho um olhar pequeno, na noite passada, zangada, o meu sitio é onde me encontro, onde me sinta plena.
Amo mais que a vida, basta-me isso.
Embrenho-me agora nas minhas conquistas, acarinhada pelo meu amigo de sempre.
Estudar, conhecer, aprender, inundar-me de vida.
Tenho dois braços, duas mãos, três manias e um cérebro que não pára. Tenho medo de ser, tenho coragem para enfrentar, tenho-me a mim desconhecida, tenho sede de vida.
O que fica agora? Uma piscina de rochas adormecidas com uma barca ao longe e peixes amarelos à minha volta.

Parte I 1/2

Hoje Lisboa cheira a uma mistura de agua salgada e de erva molhada.
A serra hoje tinha cores de madrugada.
Tenho saudades das noites que deambulava por aqui, cheia de mim, sem mais nada...

Parte I

Escrevo numa folha de papel de um caderno quadriculado, escrevo num sitio onde não me sinto nem ninguém me conhece.... Escrevo porque estava sentada à espera que uma moça com ar empertigado (que não vou voltar a ver) me traga um prego médio e uma dose de batatas, porque tenho frio e a alma gelada, zangada. Entrei na primeira porta aberta que encontrei, ainda com a musica que ouvi toda a tarde, já a sei quase de cor, é a que me entra agora,  Radiohead - Jigsaw fallin into place
- The walls abandon shape
- There`s nothing to explain
Partes que entoadas se conjugam na minha cabeça, como pedradas mais soltas que as que rolaram hoje  debaixo dos meus pés. Escusado será dizer que o meu sitio hoje se decompôs em palestras lunaticas que joguei de mãos soltas em direcção a mim. Apanhei-as antes de cairem e guardei, guardei, guardei...



O frio que me entrou nas veias hoje, trouxe-me de volta aquele olhar que faltava, recebi-me estremunhada. bem vinda, seja lá quem fores. Esta casa é tua, porra, senti tanto a tua falta!

O prego tem ar de já ter sido engolido antes e, afinal não é isto que eu quero. O que eu queria mesmo era o que sonhei quando tinha uma sainha vermelha de xadrez inglês e um alfinete, dois totós na cabeça, o que eu queria mesmo era ter encontrado aqui o homem da minha vida. Aqui ou em qualquer lugar que ele havia de me encontrar. O que eu queria é o que não tenho tido.
Bebo kms como agua, enterro-me em lama de propósito que gosto de ver os meus sapatos sujos de calcario, ando de noite, de dia e por mera cortesia, adiro às opiniões femininas que nunca entendi. Jantar sozinha é rotina, e se os poucos que me entram precisarem de mim, estou a caminho. Mas estou sozinha numa tasca alegre, sempre estive e sempre estarei.
Destruo-me em paralelos toscos, sem nada de meu, não me encontro, procuro-me em faces que não me refletem.

Ah mulher, és maior! És sim senhor... Neste momento, venha quem vier, na tua companhia, sem que nada te espere, sem sequer saberes se viras à esquerda ou à direita, noite fria, quente, som, silencio, dentro de ti entoa a mesma musica que te aconchega há tanto tempo. Musica tua, sitios teus, imagens que afrontas naquele que te gera e entende... Quando é que foi o dia que assim não foi?
Balanceio-me no meu próprio desconforto, agora, temente e carente de pedaços soltos, que egoísmo tão grande, que me desconcerta, sou mais livre que penso. Amanhã caso comigo e vamos juntas em lua de mel.
Há-de ser o primeiro de três sonhos.
Que venham mais noites assim, o resto que se lixe. Tenho febre de mim hoje!
Vou-me embora, o prego fica.
Vou comer um bife onde me apetece, mas antes ligo o pc só para me deixar, parece-me uma boa altura, esta uma noite escura!

25 novembro 2009

Fechada para Balanço!!!

24 novembro 2009

Estar

Estar só, pode ser não estar simplesmente, pode ser estar por inteiro.
Estar só, pode ser o anunciar de uma partida ou uma chegada.
Estar tem que querer dizer, qualquer coisa de profundo, de estranho a meu ver. Podendo estar em muitos sitios, sinto não estar em lado nenhum.
Estar só, não é estar sozinha, dona S, da mesma forma que olhando a tua imagem, podes reduzir "estar com" a uma solidão tremenda.
Hoje estive só, sózinha e estive sem. Não gostei de tanto que preciso de estar.  Não gostei do que vi e entendi. Não gostei de mim sabendo que me gosto. E no entanto, feitas as contas de deve e haver, a minha caminhada sempre foi só e sozinha. Acrescentava "com" para parecer bem.
E não é que o resultado de com ou sem, foi o mesmo?
Sobra o que esqueço sempre, eu!

Eu, não é "só", não é "sem", por si só. O meu eu, é alma que se enjeita apagada de tanto que se quer.

Enervante este estar sem, cego do tanto que tem. Vergonhoso este estar só que não se aceita, sabendo como é, saborosa esta solidão que entrou por mim adentro como há anos atrás.
Mais vergonha ainda da equação, entre dar e receber, saldar o meu lugar, e demonstrar que a mim, nem dei nem recebi, estornei-me.

Posto isto, composto de uma lágrima de revolta e de uma assaz memoria por demais duradoura, vou-me embora.
Estou zangada demais com o meu não ser, não estar e não nada!

Instinto V



Cheguei aqui...
De palavras opacas que os meus labios entrelaçam
Sim, faço tranças
Faço mantas de retalhos,de pedaços de mim.

Instinto IV

Um conto de Guerra:


Toques monocórdicos, que soam em descompassos, opostos, os gestos salientes não são mais que continuidade. Erguem-se armas já gastas, num campo empoeirado, sem som, sem espaço, só as vozes de outrora. O caos trouxe a desordem e a passagem foi uma mera fronteira, grosseira de mão forte.
Campo envenenado de orvalho seco e corpos mortiços que aguardam a noite. A história é pequena, fala de uma guerra de ser e de estar, fala de lágrimas pequenas à chegada. Fala de decretos vigentes acerca de povos desconhecidos e julgados. fala de agora como sempre.
O general prostrado, mastiga tremoços que cospe e, aflora, firmemente convicto que a razão impera deste lado da trincheira. Apoquentado, no seu âmago uma azia continua não o deixa. Em tempos foi rapaz, tambem ele, travou guerra, pediu paz. Decreta agora a ordem.
Na sala, um batalhão resguardado das feridas impostas e emprestadas, lembra dias, cala horas, assente. O homem forte fala, e no que não esboça chora, ama não querendo. Guerra igual. 
Recorda que em tempos, sabia mais que isto, sabia o preço das horas, das conquistas e das derrotas, sabia oferecer o gesto preciso. Em tempos, uma palavra significaria a vitória do que valia, do que se sente e não se entende, nunca.
Hoje mastiga e ordena. Hoje as mãos rudes acenam e omitem. Hoje há apenas silencio e guerra.
Pobre homem que sente e não fala, que sabe e não geme, não chora, não erra.




Um Conto de Terra.


Lá fora, um sorrisinho pequeno, um olhar miudinho, um piscar de vida que se descobre. Tropeça, sem sequer perceber muito bem se o caminho se faz ou se ainda agora deriva numa enchente que a leva deixando o que resta , o que a faz. Umas mãozinhas pequenas com recordações pintadas e um arquejar estranho. 
Não sabendo porquê os olhos ainda brilham, teve três filhos, cada um mais bonito que o anterior, um partiu sem voltar mas deixou-lhe um sorriso que dura até hoje, os outros seguiram-no reticentes, descrentes, não chegaram ainda.
Na ausência descobriu vida, perdida pediu água, pediu terra para semear, pediu ar, perdeu ar, ganhou terra.
Lá fora, não espera, vive, vive os tempos que a guerra lhe deixou, vive ainda agora o sabor de um ventre nascente, e de uma aurora qualquer. 
A marca ficou, guarda paz e guerra, guarda cada lagrima que ficou num sorriso que encerra. Já não espera, vive.


Lá fora, esta guerra morre, com ela morreu a paz e a ordem. 
Por detrás de um monte desfeito pelo rebuliço dos estilhaços, sopram brisas sonoras, restea de história. Armas depostas no horizonte e uma aposta, dedos cruzados em jeito de esperança, troca duas mãos cheias de paz guardadas no olhar por uma só de guerra, verdadeira.

Instinto III

Vou lavar a minha cara, pintar-me de branco
branco transparente
branco luzente, nascente.
Pular para um circulo de corda no chão
e com um canivete pequeno
marcar um território.
A seguir, ergo o meu braço
e em cada lanço, conquisto mais espaço.

Vou-me embalar
Não quero um abraço
Quero mais que isso, sou mais que isso
Quero o mundo inteiro
Quero o mar revolto, sem treguas, sem marés
Quero o fogo e o orvalho
Quero o medo e o silencio
Quero tudo ou não quero nada.
Quero um olhar que me soe,
unica, especial, capaz de mudar, capaz de ser
por inteiro, nascente, poente, vivente, presente.

Vou inundar-me de mim
do que em mim nasce e morre
vou encarar o meu reflexo no horizonte
contorno, alcance
Tapar os meus olhos de cabra
e estender as mãos.
Encontro? Existe? Há?

Vou-me despir da restea do meu entendimento
Dar tres passos em frente
tocar na pedra mais negra
e deixar-me destapada, descalça e quente.

Vou ensurdecer
Quero ensurdecer
Quero ser, tal como agora
Viva, sentida, nascente.

23 novembro 2009

Esta noite

A noite é o gesto do meu querer
Uma cidade iluminada pelas vozes que me trazem
Imagens entrecortadas, caladas e tão breves
como um passo de flamenco
marcado e sóbrio.
A noite guarda a luz do movimento
a expressão do silencio que entoa, sereno
Há na noite uma magia escondida
Dançarina, milenar
Domadora de feras dormentes
Cuspidora de rasgos de calor
revelada em duas margens de um só olhar.


No instante que antecede o meu respirar,
ouço ao longe na foz
o desaguar do meu tempo
Ouço as cores rasgarem-me os sentidos
Nevoa lucida crescente
Presente


Na noite há segredos ofertados 
aos visionários apenas, nós
Numa madrugada tão serena
sou nascente em bola de cristal.


O meu olhar pede palavra
sede de uma lágrima
que me lave, que me inunde
que me dispa de vez
que me aqueça, que me eleve
e me deixe naufragar.


Esta noite é o tempo
que aguarda, que adormece
Sábia,
por unir mãos celestes
por saborear as cores
que a minha alma oferece.

21 novembro 2009

Instinto II




Nos meus passos de agua salgada, alumio-me, enquanto murmuro dois compassos e os meus olhos sorriem.
Os opostos renascem no toque dos meus dedos, inspiro os elementos que me transcendem.
Acaricio os sentidos despertos, tão vivos.
Tenho uma flor de pedra.
Uma mão cheia de mim e outra que se solta em ti.

20 novembro 2009

Essencia de nós



Hoje o meu dia fez-se de uma história, mil imagens de um só dia, um conto de vida, mistura de terra e de mar, de silencio e palavras, de sorrisos e o meu medo refletido nuns olhos de fundo de seara amena.
O meu dia hoje, bebi-o num momento em que o mar cinzento se tornou imenso, que a serra cintilava contos sentidos...
O meu dia hoje foi vida, respiração do meu ser renascido, saudade de tudo me ser ainda devido, sem pensar, sem mais nada..
O meu dia hoje foi vinho que se despede e se dilui em lágrimas tão limpas, tão bonitas no teu olhar.
O meu dia hoje foi lembrado em viagens tão curtas, tão fundas, tão cheias de mim.
Nas horas que não sinto o tempo passar, que tudo à minha volta me envolve numa essência emocional, em que me movo, que a junção é movimento e o silencio, um bailado de cores que me encantam.
Hoje o meu dia foi esperança.
Foram mil abraços, uma voz una, e saudade.

19 novembro 2009

I feel so alive...



Lembras-te quando corriamos soltas, iguais, lembras-te como tudo nos parecia demasiadamente pequeno?
Lembras-te quando não conseguiamos expressar o que sentiamos?
De tremermos pelo toque nos nossos corpos sedentos e selectos? Quando os sorrisos eram cheios, tão cheios de nós?
Lembras-te de darmos as mãos e prometermos que seria sempre assim?
Amanhã, vou abrir os braços, vou ser quem sou, vamos gritar o mais alto que pudermos, vamos espantar a pequenês, vamos molhar a cara, vamos pintar-nos de azul e de mar.

18 novembro 2009

Pai




É assim que os meus olhos te veem, numa visão do tamanho do teu mundo.
Foi assim que pensei em ti hoje, sempre, pai.

Instinto



Hoje estou pesada como quem se carrega.
Hoje aconteceu qualquer coisa que não sei descrever.. Pareceu-me aquela voz que me alcança em cada momento que esqueço de me entender.
Os meus ombros ficaram sobrecarregados de um amanhecer terreno, sem astros nem constelações.
Sentei-me no alpendre, abracei-me com força ao meu amigo de sempre, confiante, e por instantes pintei um retrato a carvão, esbocei-o em pensamento, feito da continuidade das histórias, do descrédito na perfeição da mudança, feito das mascaras que despi e de palavras que não disse.
O meu instinto, o meu instinto...
Não estou triste, porque ficou bonito, ficou parecido com o que sinto.
Deixei-o lá fora.

Horas





"Multipliquei-me para me sentir.
Para me sentir,
precisei sentir tudo.
Transbordei,
não fiz senão extravasar-me.
Despi-me, entreguei-me.
E há em cada canto
da minha alma um altar a um deus diferente."
(Passagem das Horas, Álvaro de Campos) 

17 novembro 2009

Senhora de mim

Debrucei-me. A noite está tão fria e a minha cara ferve de uma febre persistente. Gosto da semi loucura febril, dos sonhos que me despertam, gosto do calor que emana de mim, enquanto o meu corpo se queixa. Não me queixo eu assim..
Fez-se uma paz em mim que quase agradeço, uma paz em forma de um gesto sentido, contra as tormentas, doenças, contra aquelas faces lividas que me convidam no cimo da escadaria. Nunca me sento, nunca levanto os olhos, como se o meu olhar preferisse encarar-me por dentro.
Seria capaz de descrever com precisão os cheiros e os ruidos, os dias e as noites que se confundem, os movimentos mecanicos de quem não sente e as visitas fatidicas, repletas de condescendencia. Quem as visse, sem contexto, diria que quase festejam, como delas dependesse a convicção.
Como prefiro o silencio mais festivo... Como me entretenho comigo, em viagens longinquas e cheias de mim. Nunca estive ali, nunca.
Atravessei um deserto de areia quente, ouvia ao longe as vozes da razão e algumas conversas feridas, abracei  uma amiga atormentada pela droga de vida, baixei os braços a cada invasão do meu corpo estranho, pequeno.
Embalo-me de uma guerra silenciosa, vencedora à partida, em cada sorriso, em cada virar de costas, o meu jeito de me entender e a mais que não queira.
E falo de um Deus tão bonito, que o sinto, que o vejo, cá dentro...
E, no entanto, envio-lhe eu um suspiro e uma mão cheia de encanto, e pergunto, e questiono e sentar-me-hei sempre no final do meu dia, à beira de agua e olharei o reflexo da minha alma tão viva.

Senhora da Pedra



Hoje, senti vontade de pedir...
Sem palavras nem orações, deixei entrar na minha janela um rasgar de vento salgado, uns olhos grandes que choram,espigas de vida ferida, o som dos caminhos agrestes, numa descida veriginosa em direcção ao ocaso. Mesmo de mão fechada sou pedinte em silencio.
Peço por cada pedaço de embaraço que não se me conjuga numa fé dormente.
Peço uma lágrima que alivie os corações apertados, peço que o meu abraço tenha a magia de transpor o espaço e de chegar a tempo de ser sentido.
Hoje, descalço os sapatos e percorro a maré vazia de encontro à crença que nos embala.

Peço à Senhora da Pedra, que aqueça este dia, que solte os cabelos e enfeitice a noite e que dancem em volta do tempo, até que desperte outro dia.

Deus




Sentei-me direita na cadeira, tossi e suspirei, fiz aquele barulho a torcer os nós dos dedos e espreguicei-me até tocar no firmamento das palavras. Deus é grande e eu sou pequena, por isso faço uma vénia respeitosa e ouço o silencio que lhe quero dar.
Sou pequena para o que sou, ocupo uma migalha de terra nos mundos que percorro, sou alma ambulante no grão de tempo que me assiste. Sou o que sou..
Aos meus olhos, dançam imagens navegadas e nuvens correntes, palavras soadas, cores que transbordam os planos e sons de equilibrio.
Também tenho uma história pequena que aprendi no cimo de uma serra de onde a calmaria se elevava em vagas de sentidos, tenho nas minhas mãos as searas desfolhadas que me entrançam e tenho uma voz de mar que me embala, tenho uns pés desaguados e uma gota de orvalho que me lava. Tenho o mundo descoberto e ainda outro que me espera, tenho uma pena e tinta de seda, tenho migalhas sentidas que hei-de espalhar e ver crescer.
Tenho uma ideia.
Um Deus que sinto perto, que me transborda, que me eleva e me oferece, agora, sempre, ser, uma mão cheia de nada que se transforma.
Tão bonito este Deus que me encerra....

16 novembro 2009



Enquanto transpiro no vapor do chá de cidreira, comprei um bilhete na minha agência imaginada, e zarpei para o meio do mar, para um pontinho falado e esquecido.
Despi-me dos meus enfeites coloridos e bebi as cores que me envolvem, aquecida a minha face no mosaico de rochas serpenteadas de historias. Sou hoje memória futura, sou menina de um mar que me embala, em silencio, na esperança de me ouvir inteira. Sou caminheira de uma estrada de horizontes nas cores da madrugada.
Fico aqui por agora, sentada à beira de agua, de olhar desperto.
Mais logo, faço uma fogueira e espero a noite chegar.




14 novembro 2009

Morro




Noite quente, de vozes cantadas. Uma encosta além da Baia, barcos tripulados por histórias que aclaram as horas, momentos em que retorno à essencia livre da não conquista, de olhos iluminados por passos que me semearam nos lugares antes mesmo de os percorrer. Por momentos, vislumbro o olhar do meu mestre de viagem, sorri-me como se me oferecesse cada pedaço de um fascinio que nos percorre. É mais que o mero alcance turistico de mapa dobrado e fotografado. É o meu peito que respira vida, um sorriso que lhe devolvo do mais fundo de mim. Entendemo-nos sempre mais na distancia e no silencio.
À nossa volta apregoam-se interjeições que saldam a intenção. Por mim, fico-me, deixo-me nas minhas mãos suadas, no meu corpo aquecido nos ocasos transparentes.
Gosto de não haver cais nem escada, gosto de me jogar na praia e enterrar os meus pés no chão molhado, gosto de correr adivinhando o alto do monte, as faces negras que sorriem já saudosas, gosto de me despir das mascaras que me arrefecem e embargam. Gosto deste sitio que nunca esqueci.



Foi numa noite assim que, liberto das vivencias e tendencias que nos encerram, me olhaste com o amor que só tu tens, e me ouviste dizer que queria ficar ali, para sempre. E, em pensamento, ofereceste-me a mesma vontade para que não me julgasse perdida sem ti.
Percorremos este largo de areia, saboreamos as palavras antigas e apanhamos conchas para deitar de novo ao mar.
Não te esqueço nunca no que te faz, meu pai de areia sedimentada.

11 novembro 2009

Escrevo

Escrevo a minha voz, escrevo sentida de silencio, escrevo  nos momentos em que os meus dedos desenham pensamentos  e a minha alma os pinta nas cores dos sentidos.
Escrevo como choro e como rio, escrevo num desaguar intimo do meu ser que morre e renasce, no eternizar de cada silaba. Escrevo por viver, escrevo por ti, por mim e pela voz que me nasce em cada sopro de vida.
Não entendo o entendimento das ideias mas, em mim, há sentidos que me inundam, que me quebram no encantamento desta escrita sentida.
A vida, dias eternos e viajados, exasperados de reservas e ausências, de espaços sem voz e tão falados, fica, entre os muros derrubados, antes de nascer, antes de o ser, em palavras de firmamento que me constroem, devagar...
Escrevo de ser e querer.

Sedimentos



Erguidos sedimentares ancestrais, cheios de vida brotada dos horizontes profundos da terra.
Molhados de tão quentes, empedrados bordados em serras viventes..
Os sons são mais que orquestras e quadras, são as imagens que me fazem dormente.
Hoje, sonho-os renascentes em agua serrana.
Tão perto de um passo lento que se prolonga, como que saboreando esta terra sedenta de almas que mais vêem, na caminhada, sinto o sabor salgado das madrugadas, sinto a face aquecida pelas cores refletidas no que me faz viva.
É aqui que repouso acordada, hoje.

Ouço o crepitar dos castanheiros e as urzes espalhadas na sombra, ouço o voar de pássaros distantes que ecoam os sons do vento por entre as casas. Ouço o silencio...
A serra embalou-me por detrás dos montes  e sussurrou-me a voz do zelo dos sentidos despertos.

10 novembro 2009

O lado negro da Lua


Não resisto...
Não o suporto...
Finalmente uma imagem que retrata o que vejo!!!

Sonso... Torto, enviuvado, com ar de parvo!

Não adiro, não entendo a marcha fúnebre que o segue e ainda aplaude.

E os sapatinhos, só provam que quando não tinha um batalhão a sair-nos dos bolsos para criar imagem, propaganda barata, com lacinhos de embrulho, era assim... Foleiro, insonso e...
Nem engenheiro!

Venha o próximo para continuarmos a aquecer as mãos com esta gentalha igual a tantos.
Venha um louco, ao menos!

08 novembro 2009

Silencio



Hoje desejei  silencio
Que, sendo eu, mais fosse que o meu reflexo
Desejei um universo
De imagens que guardo e que não mostro
Hoje desejei espaço
Um mar de encanto no meu regaço
Um abraço de vento e um gesto simples
Hoje desejei a minha cara ardente
Que em noites mais quentes sossega
E agora naufraga no tempo
Hoje desejei loucura
Chuva de alma vivente
Nevoa assente em calmaria
Hoje desejei um livro de paginas em branco
e um desenho a lápis
Uma seara molhada e um ninho
feito da minha alma.

07 novembro 2009

Quem escreve



Quem escreve 
quer morrer, quer renascer
num ébrio barco de calma confiança.

Quem escreve 
quer dormir em ombros matinais
e na boca das coisas ser lágrima animal 
ou o sorriso da árvore. 

Quem escreve
quer ser terra sobre terra, 
solidão adorada, 
resplandecente, odor de morte
e o rumor do sol, a sede da serpente,
o sopro sobre o muro, as pedras sem caminho,
o negro meio-dia sobre os olhos. 

António Ramos Rosa 
"Acordes"

Chuva


Gosto tanto da alegria da chuva, lava a a minha cara molhada que hoje transpira...
Bem vinda água !

Hoje

Não sei bem porquê, os dias chuvosos, trazem-me de volta um instante em que a vida me surge numa viagem a que me assisto em plateia. Fechada em mim, cada vez mais ausente de um mundo que por hoje, mal conheço, envolvo-me em histórias passadas, sorrio de saudades, leio folhas soltas que escrevi há tanto tempo, revejo-me e estranho-me nas letras que transpiravam de mim, insanas e sonhadoras.
Escrevi muito no tempo em que a minha alma intoxicada, via um mundo de cores diferentes, ora cinzentos, ora explosões de dias fascinantes. Mais tarde, soltei as amarras de sentimentos descompassados, apressados e incoerentes... Temente, amarrei-os, um a um, num laço enquadrado em vivência amena e esquecida ainda mais de mim. De vez em quando, sopravam ventos do Sul que me envolviam numa expressão que brotava do mais fundo que existe. Foi nesses dias que mais construí, que mais ergui um ser sedento de caminhar. Foi ai que me descobri em todas as minhas cores, que dirigi uma orquestra de sentidos, tão vivos, tão meus.
Hoje li um texto sobre um filho, como o que eu teria, como o que tive mil vezes em pensamentos, que amei sem nunca conhecer. Chorei de tanto que o senti, reprimindo uma série de porquês que nunca me abandonaram.
É como um veneno que me cura, cada momento de uma lucidez ferida, de uma certeza de um mar de mim que me invade por dentro, silencioso. cada dia em que me vejo, por dentro.
Limpei as lágrimas que hoje resolveram aliviar-me e, vestida com o meu melhor vestido imaginado, limpei-me, varri-me e já deitei fora a poeira. Hoje sinto-me pequena por me ver tanto.

06 novembro 2009

Bla Bla Bla



Acho graça a uma sensação de carneirada acéfala que vagueia nas ruas iluminadas, incapaz de erguer os olhos, para além do que vê. Mistifiquem-se e glamorizem o ser unico, individual, por favor...
Basta ver um anormal qualquer na voga com uns óculos maiores que a cara, que a Madonna e o Boy George usavam nos anos 80, que até aqui eram parolos e anedóticos, para serem agora o grito...
Há uns tempos, era freak e usava uns "trapinhos desarranjados" e amarrotados, no meio dos roxos e verdes relva, estava fora, desequadrada... Hoje, assisto ao milagre da multiplicação das imagens de hippies de flores de plastico no cabelo e saias compridas. Já me ajusto?
Aos meus olhos, saltam ainda as palavras desbocadas na escola para os desgraçados que apareciam com os pais nos carritos brancos, mais baratos , "Carro branco é piroso"!...
Custa-me ter percebido hoje que afinal, topos de gama, só brancos, branquinhos.
O que é isto?
Demencia? Falta de ideias próprias?
Se calhar sou eu que ainda, de vez em quando, tenho uma necessidade tonta de querer perceber o mundo em que ando!

Ciclo




Os frutos recolhem à terra, é ancestral este ciclo de vida que se renova. A paz está no renascer de diferente forma, na essência que me percorre. Vidas e mortes numa só existência não finita.
Lembram-me os contos de infância que, de coloridos, renascem em formas de entendimento, pautados pelas passadas nunca gastas de vivência.
Cada madrugada é nova, encanta-me a capacidade de reinvenção do sentir imutável.O meu entendimento é multicolor nas histórias iluminadas de tempo e silencio, e de mim, repousam as imagens de fascinio por nada entender, no fundo. Não sabendo, vivo, num querer mais fundo que o conhecimento.
Porque vejo, nos meus olhos sismados, fascinados, a imensidão multiforme das faces que encerram os elementos.
Quebro-me em pedaços, refaço-me, cego-me do que por momentos foi mais que luz e aguardo, corpos astrais viajantes, não cadentes, explosões de cor.
Sentada, lembro as palavras de Neruda: "Amar não tem fim nem morte, nasce-se e morre-se de tanta vez que se vive."

05 novembro 2009

Lisa Ekdahl



De um Pais do Norte que esboça imagens que me encantam, tenho-me deleitado com uma voz limpa, uma face de menina e um sorriso quente.
Não conhecia, tenho ouvido nas horas que me embrulho em Balanços e Demonstrações.
Enquanto não visito o mundo, percorro-o em pensamento.
É linda a musica que ouço

Há um dia





Há um dia que  inspiro, nada. O tempo pára, os contornos adocicados de embriões adormecidos, a cor escarlate do medo, as vozes, as gentes, são orquestras de movimentos celestes.
Nesse dia,único, ouço-me, deixo as  mãos percorrerem-me na descoberta do meu renascer, aqueço-me das trovas de outrora e das folhas que caem soltas, fundo-me em movimentos de Outono.
O ar que respiro tem o sabor das amoras, de caules de trigo, de auroras molhadas. Brotam dos meus poros gestos serenos e laranjas, e a chuva chegada enfeita os meus olhos.
Há um dia que me guardo, que me entendo, que a junção das palavras volta ao silencio que vem de dentro, em sentidos iluminados.
De repente, num segundo, entendo a pequenês de um  ser albergado, sendo moradora de sonhos que me velam.
A verdade é carnal, transpira, mágica de vontade.
Adormeço em mim num sono mais desperto que a própria vida.
É um dia feito de ti, em mim.

04 novembro 2009





Bebi um amanhecer , num copo de cristal, enfeitado com as cores da Lua.
Saboreio-o ainda agora.

03 novembro 2009

...




Não tenho nada para dizer hoje...
Se calhar, o melhor é não dizer nada.

Se estivesse aqui, calava-me, e olhava....
E saboreava a luz desta noite desenhada.

Alma mais minha



Despertar iluminado
Ser encantado
O céu enfeitado em copas raiadas
Um silencio que preencheu de cores,
o meu quadro
Tudo.
Nada.
O declive que se desfaz na paria
De trovadores e poetas
De olhos nascentes
e ensinamentos
Elementos crescentes
Agua
Luz
Musica
Lua
Um sentir maior que eu
Não finda
no tempo
que não assiste.

02 novembro 2009

A hora do Lobo eterno



Eram os loucos anos 80, mais que os 70 porque esses, vivi-os na ingenuidade de que o mundo era cor de rosa e que eu havia de ser veterinária para salvar todos os animais. Loucos porque nesta década descobri a minha insustentável forma de ser. Porque o meu quadro abstracto, me transpunha para todos os sítios e todos os tempos, não me reconhecendo inteiramente em nenhum.
A meio desta decada, descoberta noutros lugares de horizontes musicais diferentes, tornei-me seguidora convicta das preferências de um senhor de voz calma e grave, timbrada, constante. Lia o Blitz e corria para casa para ouvir o "Som da Frente". Podia tecer uma teia de musicas que me acompanham até hoje, alternativas de sentidos que insatisfeitos buscavam mundos.
Foi o unico programa que nos presenteava com a minha referencia, "Cocteau Twins, Dead can Dance e This Mortal Coil", são muitos, muitos!
Este ano pródigo em despedidas de teimosos artistas de letras, sons e imagens, reclamou mais um.
Numa hora de um uivo latente que permanece em mim, ficam imagens de uma adolescência enaltecida por um senhor que primava pela diferença.

01 novembro 2009

Stonehenge



Como o meu barco à vela, mensagem, uma voz que me semeia. que me conhece. Entre gritos sentidos, olhares perdidos, nos dias que passam e nos cruzamos zangados, critico-te por ser feita de ti, abraço-te em pensamento, sempre, as tuas palavras...
Tempo, mais sabedor que eu, que neste dias, liçoes de vida continuas. Vejo-te numa plateia pequena, ansioso por aplaudires a minha essência. Por final.
A primeira viagem que me ofereceste, escolhida a dedo, sozinha, foi de encontro ao tempo, numa ilha distante. Uma lição que aprendi e agora não lembro. Quando outros se moviam na pequenês do medo, sem hesitares, elevaste a voz, por mim.
"Ela não é quem vocês pensam..."
E eu fui. E vivi o céu descoberto e cruzei todos os horizontes do firmamento e quis mais, quis sempre mais.
Estás à minha direita, de voz grossa e sabedora dos laços mortiços com que me prendi.
E agora....
Quero mais!


Não consigo..
Não consigo, a minha mente foge,
todos os meus sentidos são maiores que eu.
Tens o poder de escrever na pele das minhas mãos
De existires em todas as coisas que vejo
Tens o dom do vento que me mostra direcção
Existes em mim , sempre
mais forte que medo ou razão
Tens a mestria de uma vida que não percorri
A minha trouxe-me aqui.
Estou tão cheia de mim e perdida
Entre a noite e o meu amanhecer.

O tempo, os teus gestos disformes
que entendo, que aceito
que me ferem certeiros.
E me negam ilusão
Machados lançados
em grito de guerra
que me acordam
que me estonteiam
que me elevam.
O tempo que anseio se transforme
um segundo,
um gesto,
sem razão.
"odiaria que a morte me vendasse os olhos, e poupasse, e obrigasse a passar rastejante"

Lágrima


Aceita...
Aceita uma lágrima, mistura de água salgada e alma perdida, feita de sentir mais do que escrita.
Aceita por ser minha, verdadeira.
Porque mais que esta imagem encenada, encaro com lucidez a minha pequenês que a encerra.
Aceita o ultimo gesto sentido, calado por outros que não me esboçam, instrumentos de loucura e medo.
Aceita esta lágrima já transformada, que foi antes um grito de ajuda e agora só sentimento.

Aceita, é pequena, mas é o ar que respiro, não merecendo. O meu prémio.
Cai-me, devagar, no tempo que se esvai por entre as minhas mãos.
Sinto-me divagar entre a loucura e a inexpressão. A minha razão sem contexto.
Escreveria um livro por tudo o que sinto, que se encerra numa lágrima de vida que te deixo, em cada momento, em cada sentido. Não encontro o caminho que me leva à minha morada.
Estou indignada comigo mesma.