30 junho 2009

Girassois

Quando saio da estrada de minha casa, tenho um campo cheio de girassois.
Concordam em pleno, apontam um sentido e enchem de amarelo o que dantes nem sequer via.
Hoje, pensei que nestes dias, os meus episódios fazem sentido, por isso, parei à beira do campo, aspirei e repensei.
Gosto destes dias cinzentos, gosto da serra por cima das nuvens, gosto de ver o mar azul ao longe em jeito de teimosia e gosto das gentes de cima que falam alto e claro, gosto dos apertos de mão e do pó que fica quando passamos.
Gosto da alegria.
Tenho-me sentido sujeita e inibida, oferecida a um poder que não conheço, durmo com o medo que me habita, acordo com a certeza que me encerra. Não me revejo em lado nenhum e sinto falta dos momentos cheios de mim.
Ontem ouvi a historia de uma amiga, acompanhei-a até me prometer não fazer dela a minha. Os sinais clarificam-se à minha passagem, as vozes contêm sentidos, as estradas são secundárias e necessárias e, mesmo assim, remexo-me na inexatidão dos meus gestos.
Por uma ou outra razão, não tenho expressão, adio-a em compassos garantidos de outros passos que acredito serem mais meus. Sinto-me perto de uma loucura que me desperta e aperta e dou comigo a olhar incredula para a invisibilidade desta negação.
Passei por um espelho e garanti-me ser corpórea e então?
- Mas tu não vês?!
Sinceramente, nem sei o que sinto, umas vezes encanto e outras, desilusão, entrei num remoinho de emoções e contradições que me enlouquecem e remexem e as estradas convergem em caminhos e a seguir, nem sei de mim e sei que sou muito mais. Fecho os olhos e pergunto-me se tem que ser mesmo assim.
Sou mais que trocas directas, que razões e questões, amo por dentro e lamento, lamento tanto esta ironia. Já pedi a quem seja que lá esteja, que me guie, que me ensine, sou pequena nesta altura e de enxada na mão, nem sei como começar. Quero cavar em frente, uma estrada iluminada, não quero ficar parada a cavar o meu fundo.
Ser ou não ser, por querer, olhar e não ver, e a seguir já não querer cegar e, este mar em frente, ausente que me despe e estonteia, que desconheço e revejo, que me ocupa e esvazia, e nem saberia se lhe falasse de mim. Desocupo a minha terra, onde semeei pedaços de mim.
A pergunta que me faço sem responder, calada ainda e sedenta de uma luz que me iluminava e que agora me ofusca, parada e morta por voar, neste campo amarelo em que tudo aponta no mesmo sentido.
Será que me esqueci de mim?

In a manner of speaking...

Será que me esqueci de mim?

Acho que não!

Às vezes

às vezes, é preciso!!!

29 junho 2009

Nessa mão onde cabia !

Orgulhosamente, registei uma marca, direito e sem erros.
Arrumei a minha desarrumação, cercada de musica todo o dia.
D. Julieta vai para Angola!
A minha amiga contou-me a historia que não quero minha.
Não tenho dinheiro, mas tenho um cartãozinho vermelho que se enfia na caixa e dá dinheiro mesmo não tendo! Vou usá-lo.
Tenho um olho negro da cabeçada que o meu amigo me deu.
Não tem tudo um sentido escondido?
Hoje dancei sozinha, tenho uma mão estendida e outra guardada para ti.
P.S. Detesto gente que me tenta enganar e eu vejo. Ao menos que sejam inteligentes e façam qualquer coisa mais dissimulada. O governo, por exemplo tem umas ideias porreiras.

Como?

Regredir agora que despertei?
Voltar a adormecer agora que as histórias encantadas que contava e me embalavam, já só me encantam e não embalam?
Entrei. A porta abriu-se e sei que não vim espreitar. Abri-a devagar e sem procurar. Rangeu, moveu-se, iluminou-me, apoderou-se de mim. Pestanejei com uma luz ofuscante, contrariei-me, e vi. Vi o que mais haveria de mim...
Como enganar-me? Olho para tras, fora e de mãos na porta, pesa-me a razão. Equaciono a anormalidade, formulo teses baseadas no abstrato, revolto-me, assusto-me, esta luz ofusca-me de tanto que vejo.

I Kissed a Girl


Sinceramente, podia ficar aqui a escrever uns paragrafos. Não me apetece.
Adorei!
A Katy nem por isso.
- "How do you say penis in portuguese? Pila? Pila?" - Fresquinha a Katy! Moranguinhos, gatinhos, coraçõezinhos, colares a acender e a apagar, carteiros e batons e, a seguir é isto!
O que eu gostei mesmo foi ver as minhas meninas lindas aos saltos, aos gritinhos, cheias de vida, e vir uma lagriminha nem sei porquê. Por tudo!
O que eu gostei mesmo foi sentir dois bracinhos, um de cada lado, agarrados a mim e lembrar-me quando era assim, sonhava tanto, e o mundo era meu,
O que eu gostei mesmo foi de ver dois pares de olhinhos a brilhar.
E mais o Micas e o Henrique e o Kiko e o Afonso e a maquilhagem e mais isto e mais aquilo.
Os ben u rons ficaram na mala.
Mais morta que viva, já sozinha, no caminho de volta, vim a ouvir o album da " Amalia Hoje" inteirinho, aos gritos e aos saltos na estrada. E tambem sonhava e por hoje, o mundo ainda é meu!

A minha sobrinha linda está tão crescida!

28 junho 2009

Viva!!!

Entrei, entrei, entrei!!!!

27 junho 2009

Sinto-me diferente

Não sou adepta de meios termos, nem de sentimentos amenos, por isso é que ando nisto. Escrever ajuda e tenho reparado que escrevo melhor quando estou de costas viradas para o mundo.
Tenho sempre qualquer coisa para dizer. Também vou gostando de aprender e não tenho pachorra para conversas de encher. Desculpem-me mas ultimamente, não tenho gostado muito de mim, acontece que estas coisas acontecem e dei por mim à procura de razões que a razão desconhece. Dá-me força, deve ser por nunca ter percebido o encanto das aguas paradas e pesca e observação de passaros. Detesto estar sossegada e não me digam que falamos depois.

Mas vou crescendo.

Sinto-me diferente. Diferente do que normalmente sou.

Sinto-me em casa a mostrar-me forte e distante, já me chamaram arrogante, não gosto de me ver transparente e muito menos aderente. Não sei porquê, não resisto, sou adepta de jogo mas só quando não o vejo ou então é dominado por mim. Gosto de me encantar, detesto adivinhar o que se segue, as fraquezas dos outros transformam-me no que nem gosto, uso e arremeço de volta.

Mas sou boa pessoa, sei que sou. Cá dentro tenho um jardinzito com margaridas para oferecer a quem gosto e um campo com tendas para quem me habita.

Depois sinto e, quando sinto, sinto a sério, Desenho autenticas epopeias para a seguir as destruir por completo, escrevo até me fartar e nem por isso deixo de sentir, mas renego qualquer sentimento, afasto o romancismo e recuso-me a sonhar. Quem me vir, engoli o mundo e estou pronta a explodir. A seguir, depois de umas noites sem dormir, estou rendida e amanteigada. Esta alternancia irrita-me.

Quando gosto, tambem gosto a sério. Gosto de tal maneira que chego a esquecer-me de mim. Não é grave, o compasso de tempo tem vindo a diminuir.

Hoje resolvi não inventar. Comprei uma roupinha que ajuda sempre a lavar a alma, diverti-me com os funcionários publicos, fiz a rampa para o mercado em terceira sem solavancos e consegui finalmente arriscar-me a andar entre os carros. A seguir, sem dramas, vou falar de mim.

Isto é giro!!!

Mauriciazita

A tia Sandra é a maior e o panda é fixe?

Tipo, curto a Hannah Montana e esparguete com natas?
Ou o Igor é o meu idolo e gosto de couve flor?

Vou vestir mesmo aquele modelito às bolas com renda em baixo e o laço na cabeça é garantido!
Quanto ao cestinho... Tava a pensar em almondegas e um suminho de laranja, com palhinhas... Para as três!

26 junho 2009

Finanças

Mais uma vez, já meia contrariada, fui às finanças de Santarém..
A cidade, já de si parece que morreu e ninguem reparou. Mas nas finanças sim, vibra-se!
Fala-se da Amy Amouse, aquela, a mulher do IMT folheou a Flash, pagina a pagina, com a amiga solicitadora que me passou a frente, (sim, o Marinho não vai com a sua avante), o do Contecioso grita antes de ouvir a questão.
E quando a coisa se complica "Vai ter que esperar, não temos sistema"
Esta coisa do não ter sistema, é giro, significa uma de duas coisas: Ou está tanta gente a usá-lo que fica sobrecarregado, o que nas finanças é impossivel, de entre dez, vou vendo um teclarzito de duas, e é só com uma mão. Ou então, o sistema não presta, o que é grave. O nosso supremo garantiu que foi a primeira aposta deste governo, munir as Entidades Publicas do ultimo grito em meios tecnológicos. É gritante.
Colei uma pastilha elástica às sapatilhas, à entrada, e entrei lá para dentro. Aqueceu e o tempo que estive à espera, deu para levantar o pé e ver aquela coisa agarrada a mim e ao chão. Quando tentava tirar aquilo do sapato, a flash acabou e levantei-me com a pasta, o capacete e uma caneta com um bocado de pastilha agarrado na ponta. Sentei-me, pousei tudo menos a caneta que mantive na mão.
Nunca consigo fazer boa figura nestes sitios.
Sai na mesma. Não há sistema.
Fui ao notário. Acho que ainda estão chateados com isto do simplex, e das empresas e escrituras na hora, pelo menos o senhor que me atendeu tinha ar disso.
Faltavam-me os papeis das finanças.
Sai na mesma e havia sistema e já não tinha a pastilha na mão.
Cá fora, um colega fumava encostado à porta
- A mota é sua?
-Então e não tem medo de andar nisso?
-Não! (porque raio vem sempre esta pergunta?)
-Você não é de cá, ou é? Nunca a tinha visto! (estamos numa capital de distrito, tá bem que apagada mas porra!)
- Pois... Vim cá fazer..... aqui no notário. Mas falta.... e mais isto.... e mais aquilo....
- Oh pá, venha cá comigo que pelo menos ... e isto... podemos fazer, o meu colega deve estar a dormir (tambem tinha achado)
Fizemos!
- Obrigado e boa tarde!
- Ora essa, gosto sempre de ver uma mulher de mota, fica bem!
Sai a pensar na questão e na solução nesta terra, pus a motita a trabalhar, esqueci-me do descanço, meti primeira e foi-se abaixo...
Não consigo mesmo!

Florinha


Espero que me leias, vou escrever só para ti!

Sabes, eu tambem me lembrei!
Na minha vida, há coisas que os avós dizem ter sido importantes mas que não me lembro. Hoje, ainda ouço histórias para rir acerca da minha pré adolescência que parecem estranhas. Era mesmo eu?
Existem outras que me marcaram e que me lembro, como se fosse hoje.

Quando andava na primária, havia um rapaz que se sentava ao me lado para me proteger do gordo que me chamava "sabichona" e que eu detestava. Brincavamos juntos e ele parecia-me um bocado parvo, às vezes, mas era especial para mim. Nunca disse a ninguém, mas gostava dele, chamava-se José Francisco e um dia, escreveu-me um bilhete a perguntar "Queres (ca)namorar comigo?". Disse-lhe que sim e, nunca mais falamos! Tinha vergonha, as minhas amigas gozavam e falavam nisso, a Avó Mariana não podia saber e estava sempre de olho em mim, e então, quando percebi, estava a sofrer porque sentia umas coisas na barriga quando o via e gostava dele!

A minha melhor amiga, tornou-se a melhor amiga dele e eu achei que eram todos uns falsos.
Deixamos de ser amigas e chorei.
Mas sabes, ele gostava de mim!
Um dia mostro-te o bilhetinho, acho que ainda o tenho.


Passou, sabes? A vida é tão bonita que, de mão dada com a mãe, aprendemos que mesmo quando tudo parece dificil, quando achamos que é injusto, que não nos entendem, que brincam com o que sentimos, de repente acontecem coisas novas, coisas cheias de cor, novos amigos, menos parvos, olhamos para o espelho e vemos o quanto somos bonitas, e se olhares em volta, vês! Gostamos tanto de ti!
Um dia, o Avô decidiu que deviamos fazer judo. Andavamos no Ballet mas a seguir, vestiamos aquela coisa branca com um cinto que não aperta nada e fica a parecer um pijama (gostava do cinto) e iamos enfiar-nos numa sala que tresandava a chulé porque andava tudo descalço e toca de aprender umas coisas estranhas acerca de nos defendermos. Rebolavamos, caiamos e faziamos umas figuras tristes. Depois tinhamos que treinar exercicios de defesa com alguém. O Mestre, um parvalhão com um bigode parecido com o Salvador Dali, resolveu divertir-se a pôr-me sempre com o Piranha, um gordalhaço sempre a cheirar a suor que eu detestava e tinha que o agarrar para fazer os exercicios. Não diziamos nada a ninguém mas aquilo era um tormento. A avó dizia que era parvoice.

Depois de conhecer o piranha, passei uma fase em que não queria saber de rapazes para nada, nem do Zé Francisco, deviam cheirar mal e no fundo, ja tinha percebido que os rapazes são nessa idade, um bocado atrasados.


Podia-te contar outras histórias mas tenho vergonha, sabe-se lá quem anda para aqui a espreitar...
O piranha ainda se deve lembrar de mim!


O que te queria mesmo dizer meu pirolito, é que estou contigo. Sempre vou estar, aos saltos e a darmos muitas gargalhadas e a envergonhar-te no meio das pessoas. O que te queria mesmo dizer é que gosto tanto de ti!
Coitadito, não imaginas o quanto és bonita, tens coisas importantes e inteligentes para dizer, tens tanta gente à tua espera na tua vida, vais ser tão feliz, e eu vou estar sempre aqui, ao teu lado a sonhar contigo!

Mesmo quando os momentos são dificeis, a seguir, prometo-te que vêm dias cheios de sol!
Quando no domingo, estivermos aos saltos e aos pulos a ouvir a Katy, a seguir vou-te contar a história do meu primeiro namorado. Mas promete que não te ris...


És linda!

Farewell

Minha homenagem, gostava dele!



Argolinhas

Vou experimentar. Também já descobri!
Clic! E Tu abres!!!
Dá!
Como é que puseste o xôoooo ???
E viste a musiquinha? Pergunta-me, vá lá!

25 junho 2009

Porque é que esta porcaria às vezes não funciona?
Alguém me diz o que significa al10 numa maq de lavar louça que agora se liga sozinha mas não lava?
A maquina de café tambem resolveu fazer greve e não aquece.
Há alguma erva que não pertença à lista das recaidas que faça dormir?

Running to the water

Por uma razão ou outra, a noite acompanhou-me numa vigilia silenciosa de mim. Fechei os olhos e não dormi, deixei-me embalar pela musica que fui escolhendo, de vez em quando, ia à janela ver se estava tudo igual.
Ouvi a chuva lá fora, abri a porta e molhei a cara. Tenho as faces ardentes e sinto-me mais que cansada, dormente.
Sinto-me alienada, trespassada, logo agora quando daria pedaços da minha vida por mim. "O sono vem quando tem que vir", mas o meu corpo ressente, acompanho-me de um lado para o outro, esqueço-me porquê, volto para trás e relembro, outra vez.
A minha mente enlouqueceu, ja deu duas voltas ao mundo, já se perdeu e encontrou, tem milhões de imagens, ideias, lugares, fala e faz-me sentir, mas não consigo agarrar nada. Não tenho poder.
- Hoje vamos conversar
- Se é uma daquelas tuas conversas, não queres deixar para depois?
- Não
Olhei para o verde que me acompanha, com quem cresci, que sorri, com quem antes acordava e cantava, às vezes só para mim. Vi-o partir na direcção decorada , como um cronómetro preciso, sei o que é preciso, o que falta. Falta-me a mim. De metade faço o meu todo, como já antes fiz, sou corpo e mente que precisam de se encontrar.
Mais uma vez não tenho luz, as unicas coisas acesas aqui são o meu cerebro e o meu computador e o meu amigo. Nem vou divagar acerca disso!

O meu amanhecer começa aqui

Fui descendo a rampa e tinha uns soluços guardados que me molharam a cara, perante o olhar acostumado dos vendedores da rua, confrontei as minhas pernas para se apressarem, preferia ter corrido mas já antes escorreguei naquela descida.
Senti-me uma estranha na minha cidade, sentei-me perto do corrimão verde e chorei, mas uma voz cá dentro foi falando cada vez mais alto, mais clara.Senti-me rebentar de raiva e vergonha. Olhei em volta e vi gente que deambulava na estrada mais presente. Onde estou eu?

"Estás aqui, és tu, Sandra, lembras-te?"

Estava ali, cansada, a luz tornou-se escuridão e essa voz cada vez mais clara foi-me enfrentando.

"Não"

A palavra ressoou em pancadas, fez-me estremecer.
Antes, outra voz soara em mim, sentida e quase magoada.
"Luta por mim!
Luta ao meu lado e não contra mim!
Não te reduzas à fraqueza e insignificancia do que os teus olhos veem e os teus gestos alcançam, e sonha!
Dá-me a paz e segurança que preciso, mostra-me o valor que eu tenho para ti!
Não é dificil porque a minha vontade é já tua aliada.
Enquanto fabricas raciocinios elaborados para orquestrar o caminho, deixaste de me ver, limitaste-me e isso assusta-me.
Sou mais que isso, tenho uma nuvem à minha volta mas a minha luz brilhou sempre para ti.
Mostra que estás comigo, que és capaz!
Quero ir contigo, não sei viver sem ti!
Mostra-me que sou especial e que os meus dois AA sobressaem dos outros.
Não me julgues porque não sabes.Mostra a força que tens comigo! "

Fechei-me no carro, perdi o bilhete de estacionamento, odiei esta distancia que me tem afastado de mim, gritei com a minha alma toda ao desgraçado da Caixa, encontrei o bilhete, paguei, pedi desculpa e subi de novo para a minha cidade.
Enquanto à direita da Avenida, a dormencia me chamava, olhei em frente, procurei na minha mente, rebusquei em todo o lado, o que valho, o que sinto, o que sou, levantei a voz a mim mesma, redefeni-me em segundos.

"Não, não, não!!!
Não me mereces, não acreditaste em mim, não confiaste, não quiseste.Não viste o mais que os meus olhos te disseram, não percebeste nada!A razão apoderou-se de ti. Vivam os seres pensantes!"

Tambem não, Sandra, Vivam os dementes!
Quero-me de volta, preciso das forças que me definem para me erguer.
Onde devo não é aqui, aqui senti, aqui descobri, nada na minha vida me foi dado de mão beijada, um mar de vontade tomou conta de mim, abracei a minha cidade nas cores em que a revejo, disse-lhe "já volto" e provavelmente esqueci-me do radar de velocidade.
Jurei a mim mesma integridade.
A minha metade de mim não me pertence e despedi-me dela para sempre.
Só hoje não chega , o que sinto é maior que os três tempos.
Meses cheios de mim, sem espaço nem lugar, há-de haver um tribunal que me condene pelo crime que cometi, apontado e falado por ti, dono da razão e da integridade, mais ainda por mim!

À frente, parada, sobressaltada e assolada com a minha força quase desumana, com a verdade já clara e decidida, despedida de mão apertada, abri o vidro da carrinha e suspirei com as contrariedades. Estava a saber-me tão bem acelerar, chegar depressa para falar, para decidir.
Estrada cortada, sirenes, helicopteros, o meu telemovel tocava "estou bem, não sei o que se passa".Sai do carro, andei, andei muito e embrenhei-me num grupo que falava com expressão do Norte "Vamos estar aqui até a meia-noite, virou-se um autocarro ali a frente". Andei mais e dei comigo a caminhar ao lado de mais gente igual a mim, não sabia porque andava, não suportava a prisão de estar fechada, percebi a analogia e sorri.
Mais a frente, cruzei-me com dois homens que alegremente perguntavam "Alguem quer coca-cola?", e a senhora do carro ao lado, inteligentemente loura perguntava "Não tem agua ?" .
Naquele bloqueio de estrada reconheci vida em mim, falei com estranhos que me pareciam familiares, senti bocadinhos da estrada por onde ando e nunca vi, lembrei-me de lugares e senti voltar-me a mim. Perdi. Perdi tanto mas estou aqui!

Vi imagens tristes, gente perdida, um autocarro mergulhado no pasto, sangue na estrada, pedaços de betão aparentemente indestrutiveis espalhados, soltei um ultimo soluço e tudo aquilo me mostrava o fecho deste conto, tudo tinha o sabor da metafora e da alegoria que agora vejo.

Abri os vidros e saboreei a distancia, equacionei a historia da minha vida nos kms que faltavam e , na ultima curva da estrada, naquela em que me desviava, disse o mesmo adeus que dizia, nos dias que sonhava. Direi adeus a tudo menos a mim!
Abri a porta da minha casa, reparei no tanto que já fiz, abracei o meu amigo de sempre que agora me recebe com uma almofada e entrei no silencio que enfrento. Olhei em volta e antecipei o gesto a que me habituo agora.
Não liguei a TV, abri a porta de par em par, deixei o ar entrar, esperei .
Vou esperar, liguei o meu computador e a força misturou-se e coloriu-se com a minha vida. Foi sempre assim, ausentes mas capazes de adivinhar-nos nos momentos assim. Amo-te tanto minha mana! Sei que estás ai!
O meu amanhecer começa aqui.
Do cimo do muro, decidi, vou antes voar, vou em frente em direcção a mim. Mereço o que me sente, mereço o mar que me atrai. A minha metade e o meu passado, os lados da divisão, foram o dito e o ouvido "não".

Já não tenho medo da estrada, ela ensinou-me que quando perco, ganho, quando paro, vivo e, Meu Deus, como eu quero viver! Venha o que vier, estou aqui, aguarda-me a minha palavra e a decisão tomada.
Não sou uma qualquer, sou diferente, sei que sou, sou demente, consciente, emocional e racional, gosto do que não preciso, amarro-me porque tenho medo, mas sou alma e não dependo na verdade.
A minha vida vale mais que isso.
"Lerás bem quando leres o que não existe entre uma página e outra da mesma folha."

o mesmo

Agostinho da Silva

«Sinto-me cada vez mais apaixonado por coisas que a matemática não prova que existam»

Agostinho da Silva

Amiga

A ti minha amiga, amiga de agora com voz de sempre, está feito, já não é só vazio de esperar. Esse lugar é triste mas mágico, salvou-me a vida que desprezara. Lembro-me dos momentos que passei aí, nessas escadas e noutras que descobri, sózinha e sem capas, com a mesma força que te vi.

Desculpa estar assim. Desculpa, mas estou contente dentro de mim, por ti!

O abraço que me deste, serviu para me lembrar, da força que tenho, do que descobri, não por ninguem, por mim, o que me disseste ficou aqui, a guerra que me espera é minha, se perder, perdi.

23 junho 2009

Desmembrada

(escrevi isto nem sei onde)

Hoje, acordei desmembrada, desmentida, sem meios mas comfins,
Tal como antes, acordara nos meus braços que me pareciam estranhos mas que me acarinhavam por fim. À minha frente, a restante plateia sustinha a respiração, sem grandes expectativas, sem aplausos, o silencio reinava numa sala ainda escura, enquanto ao fundo, as cores se formavam e o meu despertar equivalia ao preço da minha propria vida. A palavra "Só por hoje" repetia-se nos meus ouvidos como badaladas lançadas à alma vazia. É só hoje! Não é pedir-me muito..

Parecia tanto... Houve alturas em que me ria, no meio de outros soluços, ria de mim e despedia-me. Ria-me dos passos pequenos, do medo do dia, e por cada um, juntava uma mão cheia de luz.
Descobri o meu sorriso, a minha voz, descobri que a vida me era devida, que a dormencia do outro dia já não me pertencia, não cabia no sonho que despertara ali. Fugi das vozes ancestrais que me iludiam, fugi da raiva de não me desculpar, fugi do conforto da escuridão e, de braços abertos enfrentei esse dia, que por ora, era só um. Pedi desculpa a quantos amava e agora sentia, escrevi páginas inteiras da dor que havia cá dentro e que já não cabia em mim, esvaziei-me para me voltar a preencher, descobri mais dias, mais cores e sabores, descobri que afinal era capaz de viver.

Desmenti os livros que me haviam formado e maravilhado, discuti comigo até a exaustão, garanti-me o preço justo da minha ilusão e da diferença da estrada que seguia.
Sozinha, vergava-me à vergonha e à culpa e a tantos outros assaltos de alma que me inibiam e contraiam. Arregacei as mangas à vida e comecei a lutar.
Descobri prazer na sobriedade dos meus sentidos, descobri que havia arte nas minhas mãos e fiz-me uma vénia no dia em que ultrapassei o meu limite.

Oito anos!

Passaram 8 anos! A plateia hoje aplaude mas eu não ouço... Sei que sou uma vencedora sem razão, sei que cheguei aqui à custa de uma luta justa, minha, contra a insustentabilidade deste meu ser.

Hoje estou tão magoada. Nunca estive assim....
Voltei a precisar de mim!

Verdade

Centenas de palavras
Apontadas e sentidas, que pareceram antes caladas
Entraram em mim, ocuparam-me e ficaram

não sei o que sinto
sinto-me vazia
faltaram palavras para o que sinto
sobraram outras que me queimam na boca
assolam as que sobram e eram minhas
a culpa, a vergonha, o silencio que nao mereço
E eu sinto tanto.

Perdi-me da vida,
na vã tentativa de a encontrar.
Quis mostrar-me que mais vida havia
para alem desta que me havia oferecido.

Quis lutar.
A metade da minha.
Quis mudar tudo
Quis tanto mudar tudo
E nem sabia

E ontem, quando cheguei vazia ,
mais vazia do que podia não encontrei nada.

Se és o meu diario,
se serves de guardião do que mais tarde nao quero esquecer
Não te esqueças de me lembrar
Do que fui e não fui digna
Do que me é e não é devido
Da vergonha e tristeza que sinto
Da culpa que sentia e calava
Que me foi jogada a cara
Porque se julgou que eu nao via

21 junho 2009

Silencios Grandiosos

Dei voltas na cama, tentei dormir, pensei nas formulas que conheço para adormecer e nenhuma servia, a minha mente não para na proporção inversa da minha alma que se esvazia.
Estive numa ruela vazia que se chamava "Rua da Alegria", parecia que hoje não me pertencia, mesmo assim percorri-a, pensei na palavra que me soa bonita mas que já não sinto. Sentei-me numa soleira e tentei pensar nos momentos em que a palavra descreveu o que sentia. Não consigo. A minha mente está tão mais veloz que a minha vontade.
Já consegui ver a mesma tela de mil maneiras diferentes, de cada uma surgiu um pensamento que se transforma em sentir, num momento em que nem o vazio desta rua acalmou. Sentir. Parece que vou tendo afeição por esta dor, em ar do quão fraca me sinto. Perdi o dom de falar em prol da minha verdade mais crua, perdi qualquer expressao porque, antecede-me a imoralidade em que me envolvo. Perdi a alegria que merecia pela simples razão de que um dia descobri um sentir ainda mais forte que o meu, ao mesmo tempo que uma nuvem de poeira consentida me envolvia nas mais miseraveis razões. A magoa e a ofensa morrem nas palavras a que nunca poderei responder, calei-me a mim mesma e hoje, sentada na rua só consegui chorar. Sinto-me tão fraca e vazia.
E na verdade digna de mim, não quis assim, e ouço hoje a voz de um silencio tão grandioso que ontem me apontava e negava e culpava e calava e eu ouvia e respondia. Como eu devia ter estado calada.... A culpa que nao existia, culpa que me era apontada, raiva que não havia mas que se multiplicava e me tornava mero reagente. e eu sou diferente, não sou esta imagem que vejo. A palavra que proferi, que sentida e desperta não me era devida viver e que hoje, sinto mais ainda.
Sou culpada.
Hoje sinto-me nada pelo tanto que sinto, reduzida e sem razão. Fechada num capitulo qualquer que não escrevi no fim.
Por isso, resta-me ler a palavra, escreve-la para mim e sonhar que amanha será outro dia e que ainda hei de encontrar uma e outra rua com o mesmo nome onde não hei de chorar.
O que sinto fica em mim, guardado onde me é devido falar.

Vou rezar por ti

A ti, minha amiga para quem olho e me vejo, a quem a vida trapaceia sempre que pode, que sabe sempre soube, que mesmo tão perdida ontem me deu um abraço cheio do valor da vida, que tambem esconde por ter tanto medo.
És tão bonita. Ontem vi-te um sorriso diferente e, enquanto tantos me passam ao lado porque nao interessam, este fica para sempre. Vou estar ao teu lado, como preciso tanto de estar do meu. Vou dar-te o pouco que tenho para o muito que este dia te deve.
Não era preciso porque sabes, antes deste dia nascer, as duas já sabiamos. A puta de vida que teima em tornar-nos imagens postumas do que escondemos, os sonhos que se desconexam em segundos cobrados ao minuto, com direito a palavras lavradas ou silencios dolorosos, isto e aquilo que não pode esperar, nem admite o que se sente, amar e não dever, não ter lugar, não poder ser. Nós sabiamos. Rimos e choramos e nem por isso o peso desta dor foi capaz de passar.
Acendi uma velinha por ti, apanhei uma rosa amarela do jardim para te dar assim que te vir.
Vou rezar por ti e nem sei rezar.
Vou estar do teu lado porque te adoro e sei o valor desse sentimento, porque não o sinto por muita gente e vou estar aqui com a minha pedrinha apertada entre os dedos e vou exigir aos deuses que parem de brincar com quem não devem.
há-de correr tudo bem!

19 junho 2009

Anjinho


Tambem eu estou tão satisfeitinha contigo! E adoro essa nova cara de anjinho e só me apetece apertar essas bochechinhas lindas!!!!

18 junho 2009

Depois do Adeus

Hoje...

Hoje voltei a ouvir os mesmos disparates disto e daquilo, voltei a desinteressar-me do que se passa, porque afinal não se passa nada. No meu pais morre-se e não se vê!

Mas morreu o Jose Calvario, que fica, depois do adeus, desta musica que me fez crescer, que vale só por si e não pelo que se quis fazer, por um homem enorme, quase silencioso mas que guardo em mim. "Ao morrer, renasci"

Partem homens tão grandes, ficam as almas nas memorias de quem vive.

16 junho 2009

Sonhos

O mundo que eu conheço é pequeno, com muita gente dormente e ausente e outra tanta gente que fala alto ou se cala só porque, nesta vida se rebaixa ou julga maior.
O mundo que eu conheço, tem um amanhecer e um entardecer que passam e não ficam, tal como as palavras e os gestos efemeros que se protagonizam na falta do que se sente. Tem um povo carente, não de fome mas de sede de viver, de mais ver, de ousar cruzar caminhos e depositar migalhas de si, feitas de carinho, para outros passarem. Gente ofuscada sem querer entender, sem conseguir ver.
Há os loucos que riem e que diria contentes, há os que matam porque eles próprios já morreram e os que sangram em nome desse vazio que vem de dentro, há os que trabalham e bebem e os que bebem e riem. Há os deuses e os demonios, tão parecidos, há os mascarados e enfeitados e os deslavados e desnorteados. Há os mecanizados incapazes de se olharem e os lideres que se deitam e choram sem ninguem ver. Há os ricos e os pobres seleccionados pela ilusão, há crentes e ateus que so diferem na posição das mãos, há brancos, negros, amarelos e cinzentos, há eu!!!
Perdida no meio desta gente, tão igual e diferente...
No mundo que eu vejo, há partir e ficar, há sempre um lugar, há duas luas e três sois, e um rio no meio, há nascentes e poentes que são sempre nascentes, há sonhos e loucura, há razão na confusão e ordem nos sentidos, há uma noite escura onde se ve o luar de olhos fechados e um chão frio que aquece quem ali se deita, há milhares de crianças em cada esquina e tantos velhotes sentados em cadeiras de palha velando por nós enquanto sorriem, há um carvalho antigo que nos dá sombra e uma clareira serena que nos canta cançoes antigas. Há um baloiço e cinco pedrinhas, há silencios que falam e palavras inventadas por quem acorda. Há um lago azul e uma ponte de onde se olha os reflexos da nossa alma, há paz, há calma e há música.
No mundo que eu vejo, há historias antigas que se repetem e gargalhadas para o ceu, há morangos e cerejas e joelhos esfolados por brincadeiras. Há carrinhos de esferas e barcos à vela pela sede das faces molhadas, há um velejador e uma filha da terra, há o reflexo do que sou eu, há duas luzinhas que pedem vida e outras tantas que lha ensinam, há esperança, há uma vontade de voar, há um mar azul, grande que nos mostra o tamanho de ser.
No mundo que eu vejo, há pão quente que barramos com manteiga, há fogueiras, há cantares, há cada momento que fica, há sorrisos, há cores e sabores, há despertares em cada dia.

Parti de mim

Parti de mim para chegar a mim...
Tão dificil e facil, como a mais obvia das lições.
Não sei tudo, sei quase nada.
Sei dos sons que ouço
Sei de quem amo
Sei quem me embala
Sei porque de dentro de mim
Há tanta vida que fala
e cala
Sei de outra voz
Tão mais forte que eu
Que me atrapalha, que me trapaceia
Que ri de mim
Mas que me faz
Alma vivente, partida e chegada.
Não foi sempre assim ?

14 junho 2009

Vale o que vale

Continuarei a escrever sempre, o que me sai da alma, como sempre fiz.
Coerente, inconsciente, inconstante, cheia e vazia de mim, tal como sou.
Quero que se lixe isto tudo, estou farta de escrever e ler e de falar e de ouvir.

Estou farta de sentir.
Só quis viver, grande e pequena, ninguem me chama, sou assim.
Uma, outra , estou farta de palavras ajustadas que mais tarde se tornam pedradas que me batem na cara que vejo deslavada pela minha propria estupidez.

Continuarei a escrever sempre, para mim.
Hoje não.
Não sou uma qualquer, não sou outra, não vergada nem mesquinha, sou menina mas tambem sou mulher, não brinco.sinto... Merda para a razao que me obriga a explicar o que nem tem explicação, merda para os conselhos que não preciso, merda para o disse e não disse o que ja antes devia ter dito mas agora não me apetece. Se houvesse algum timbre ou pauta que me regesse, os desvios seriam condenaveis, mas não há. Será dificil entender que o turbilhão tambem é meu?

Não perguntei quando devia ter perguntado, não ouvi mas foi dito, que se lixe... sinto! Sinto tanto que aceito ouvir e calo e quando falo não falo de mim. Falo no turbilhão que sinto e desminto porque nunca direi sem entender, só por dizer. Não falo mas vejo, não olho para o essencial por ser banal demais, o meu silencio devia ecoar mais alto que esta derrota descompassada de palavras feitas em jogadas.
Vale o que vale, não vale nada, ou valeria tudo se eu propria valesse.
Depois vem a parte da leitura desgarrada, propositada e cheia de do eterno muro de ironia que nem ajuda a perceber, mas o mais obvio, as palavras feitas soluços de quem não consegue sequer discernir, tambem valem o que não valem.
Tambem tou farta de ler.
Eu, eu , eu...
Que se lixe!

O que me importa estava um passo à frente, tão dificil de chegar para os grandes, tão querido e tão sentido, mais que falado, e estou sozinha, estou, porque afinal as jogadas diarias ditas em tom de alfabeto não acabam na ultima letra que não se diz. Acabam e começam no sonho que nos faz, nas guerras que travamos sem regras mas mais verdades que mentiras piedosas ou então meros conselhos de amigos entre dois cafés nos caminhos que se cruzam. Vale pelo valor que tem. Vale pelos sopros de vida que, mesmo que suada, fazem mais vida que esta quietude e este silencio falado e rebuscado.

É claro que morro de medo, morro de medo da vida, não é do cimo de muros, que fosse do cimo de uma serra onde me habito, morro de medo do desconhecido e não é por isso que algum dia me perderia, nem me renderia à protecção que tambem mereço. Porque conheço e desconheço, quando cega, não vejo e só ouço. Porque afinal sou humana, porque não acarreto o que outros diriam, não sou perfeita, sou um ser que ainda mal acordou nesta emboscada cheia de ironia, armada , porque afinal sou estranha na boca de gente grande a quem agradeço tamanha magnitude de decisão.

Sei do sofrimento, claro que sei, despeço-me de metade de mim não querendo pedir o que não é humano, nunca seria capaz, não sou, quero mais bem do que o que quero para mim no egoismo de menina caprichosa, que ouvi e não sou.

Que se lixe! Tu não vês... Estive sempre contigo desde que me descobri, o fim da minha historia não está escrita porque ainda não a vivi! As merdas tuas são parte de mim e o que sinto tornou-me assim, e nem por isso gosto de mim agora, zangada, cansada e atordoada com as aparencias que se querem fazer elas vida.




E...

E se de repente, a neblina que me envolve partisse?
E se da minha boca saissem as palavras que insisto em travar
E se nelas expressasse o que a minha alma cala e fala?
E se as minhas mãos mostrassem o que sou?
E se numa rua cheia de gente onde me ausento, gritasse?
De mim?
E se partisse?
Para mim?
E se as equações a que me vergo, se reduzissem a formulas erroneas?
E se pusesse tudo em causa?
Por mim?
O mundo parava de girar?
O mar não havia de deixar de me guardar quando não estou
E voltaria?
Estou sozinha no meio de tanta gente
Numa rua cheia e despovoada
cheia de nada.
vazia.
E se me cegasse ?
E parasse para ver?
Não via?

13 junho 2009

A arte de renascermos

A arte de renascermos dos restos que ficam, é magnifica ! Nem que seja pelo sarcasmo da vitoria .

Por enquanto ainda junto os pedaços, espalhados, ainda me vejo ao longe. Por enquanto, desacredito que a dificuldade me alimenta e que a dor me acrescenta, à sombra de um tormento feito de quase nada em que me envolvo. Por enquanto, ainda me enrosco em mim e me aqueço e, quando consigo adormeço, embalada por mil pensamentos, estremeço, não penso, nem existo, sou por enquanto o que sinto.

As palavras já não pesam nas minhas mãos, soltei-as porque me magoavam, e sentada no chão, tento perceber o sentido. Estas peças soltas têm um destino, neste silencio cheio de gente que esta aqui longe de mim, estou tão cansada deste meu sentir repatriado.

Descobri, o essencial é invisivel aos olhos. Não o era para mim, não olhei, vi, mais do que vi, senti , e mesmo de olhos fechados , saberia ver-te! E a paz deste momento ainda mais sofrido rendeu-me à loucura do que olho e não aceito, do que descubro e não vejo e do que vejo e não sinto. Sinto-me assim. Os opostos tornaram-se regra, estou fria e tão quente, tão distante e tão perto dos pedaços de mim, estou presente e ausente e olho-me de frente, ao longe sem pena de mim. Choro e rio e então? Despeço-me e conheço-me, perco e agradeço? Não sei.


Ser grande, grande !!!

Não podia ter encontrado melhor lição que esta, hoje !

Parei aqui

Andei por entre milheirais, paramos tres vezes para brincar com aqueles sistemas de rega que andam a volta, brincamos as escondidas nas ervas altas e depois, perdida, encontrei uma clareira para onde se abria o rio. Parei.
Estava tão cansada que me esqueci.
Saltamos para a agua que me pareceu estranhamente limpa, e ficamos ali de molho...
O meu amigo de sempre e eu.
Como agora fui capaz de me distanciar do que me ultrapassou e sorri só por ver este ser tão mais genuino que eu. Afinal estou aqui, tenho-me aqui, não esta aqui ninguem, nunca esteve nem quero que esteja, este silencio é meu, esta calma que sei procurar e encontrar, onde uns desistem de procurar e outros não precisam e os restantes tambem encontram, reduzi-me à imensidão de uma vida que tenho em mim, acalmei-me, acenei ao longe e agradeci afinal a minha capacidade de sentir e de viver, de ser, este ser pequeno ou grande que é meu.
Não gosto das pessoas porque sou transparente ou opaca, porque não aprendi a normalizar-me, apenas aderi à normalidade da lucidez, porque não alcancei o meu porto seguro, sempre serei atraida pelo outro lado do mar, não tenho nada a dizer pelo tanto que me falta saber, não tenho nada a pedir, preciso do que tenho para me dar, o que mudar é meu, sempre foi, não tenho muito para sorrir mas sorrio, sorrio de verdade e choro ao mesmo tempo.
Este ser ensina-me e nunca me disse uma palavra, e calada sei ouvi-lo, ensina-me a parar de pedir porque alguem na vida me ensinou que não tinha e precisava.
Agora rio-me por achar que estou bem nesta parvoice mas, os meus raciocionios nunca andaram muito longe disso, meras parvoices !!!

Perdi!

O dia hoje amanheceu para mim, de mansinho como que querendo explicar-me o sentido do que não entendo, sentada numa pedra escura, tão bonita, de onde em volta me avistava, ao longe, quase que me acenando com um sorriso que reconheço e mais perto um som ritmado que se esbatia, cansado e perfeito. As luzes foram-se tornando mais claras, mais certas, o mar não estava zangado afinal, as ondas batiam-me e despertavam ainda mais uma dor que me rasga, que me ofusca e me faz soltar esse grito surdo que me resta em busca de mim. Como eu gosto deste mar que me guarda quando não estou...
Enquanto me garantia a verdade que sempre senti, enquanto buscava nos bolsos o que resta das certezas que me movem e saboreava a boca salgada, nesse momento, percebi o que me tenho, abracei-me com todas as minhas forças e olhei-me de frente.
Perdi!
Penso e estremeço, sinto-me à beira de uma loucura que não procurei e as lagrimas nem me acalmam, não sou dona de nenhuma palavra, não mereço, olho em volta e estou ali, ainda mais longe, fraca demais para me dizer o que é preciso, para este percurso tão certo que se tornou neste momento, quase inimigo de mim. Estive assim, parada, calada, deixei as lagrimas correrem soltas, deixei as cores e este mar tomar conta de mim, não parti, não fugi, estou aqui.
Cada passo deixou de ser meu, as palavras não são ditas, não são sequer ouvidas por mim, não as entendo, estive tão sozinha envolta em ti, nas tuas maos fortes e num silencio tão grande e, naquele momento percebi , senti a minha culpa rasgada e desnorteada, reagi, corri a seguir para onde me conheço, aqui.
Ha frases, sentidos tão guardadas, tão sentidas, o que sou, o filho que não tenho e queria tanto abraçar agora, os gestos que rejeito para me terem sem me conhecerem, as palavras ousadas que não valem nada, este mar guarda de mim um ser tão vivo que é cada vez mais o meu. O que lutei para chegar aqui, o que perdi e ganhei, o que vivi, o mais genuino que guardo, que sei e não preciso de ouvir. Porque, onde estavam, quando este grito se solta de mim? Onde estavam quando a palavra não existe para me exprimir e eu queria tanto poder dize-la o mais alto possivel? Onde estavam quando eu acordei? E me calei?
Onde estavam quando me senti a pessoa mais sozinha e pequena deste mundo? Eu própria tornei-me perita em aderir às imagens adequadas, e aprendi a desacreditar no que sempre mais houve, sempre houve, que hipocrisia a minha...
Tenho uma dor de mim que quase não cabe em mim. Não sou pequena, não fui, sou a guardiã de uma alma grande de mais para o alcance das minhas mãos que hoje percebi que se aquecem sozinhas, recuso-me a protagonizar qualquer obra de Eça de Queiroz, o caminho é meu, e sentada naquela pedra percebi que preciso de me ter de volta. Claro que vale a pena!
Não perdi, não tenho, não devo e este sentimento de querer mais bem do que o meu bem não me confunde. Algures numa caminhada serena, encontrei-me com o que me falta, o que me vê, o que entrou por mim adentro enquanto sentia que detinha esse lugar, que me fez acreditar e errar, que me fez sonhar com o tempo sem tempo, certa do meu lugar que nunca teve espaço, da anormalidade quis agora ter razão, tem razão, tem lugar, tem voz que fala e que eu entendo antes de o dizer. Tem-me a mim, ter-me-á para sempre e enquanto, mais uma onda me cala, percebo que antes deixei de me ter para me dar. Ofereci-me à calmaria e a uma brisa suave, sentida e querida que me acalmava enquanto me calava, me ofendia e fazia rir, rendida e convencida.
O quadro meu, os traços que pintei, o jardim que plantei e a convicção com que rejeitei o que não preciso, a leviandade dos gestos e do ser banal e normal, os momentos tão verdadeiros em que me despi, sozinha, enquanto o sol se punha e me aquecia e convencia, sei ser assim, os homens que passaram na minha vida sem nunca me terem tido, as palavras que disse sem dizer e as que calei por saber. Esta tela de hoje, a historia da minha vida que tatuei na minha alma rendida e agora partida, tão longe que a vejo, tão certa e minha e eu ali, sentada e adormecida e consciente, sem sequer entender. E na verdade, sei mais do que digo.
Quis pedir-te sem razão, quis sentir-te quando já não tinha, e tinha tanto medo, tenho tanto medo.
Como me assusta agora sentir-me sozinha... Como vou saber andar agora que sei mais do que me ensinei? Como me vou abraçar sabendo que parte de mim não esta aqui? que a deixei partir porque a vida me pregou uma partida tão grande ? E a minha culpa, a minha consciencia da minha pequenês, que mais uma vez, ainda sou capaz de me abandonar. porque não sei fazer de outra maneira sozinha. É injusto, é irrelevante.
É racional, normal!
Ao que partiu de mim, fica guardado, cuidado, pelo quanto quero bem, pelo que não quero mais magoar, porque, é na verdade a outra metade de mim que hei-de cuidar e amar como me amarei a mim.

06 junho 2009

Desabafos

Não me apetece falar disto mas falo, não me apetece estar aqui mas estou, não me apetece dormir mas vou:
A noticia do dia foi a eleição do Presidente do Sporting?
Vive-se e antecipa-se o jogo da selecção com a Albania?
Alguem tem falado sobre as eleições para o Parlamento Europeu? Onde? Quem ? Alguem me sabe dizer o quê?
As coleiras desparasitantes não duram 6 meses, o Xico hoje estava cheio de carraças.
Os bilhetes para o concerto da Katy Perry no Campo Pequeno não tem lugares marcados e deviam ter, vou com a Mariana e sinto-me responsavel pelo conforto da minha pirolita.
Toda a gente descobre e remexe na vida de toda a gente, temos tecnologias para ouvirmos o sussurrar dos talibans e ninguem descobre os destroços de um avião?
Sou só eu que acho o anuncio do Santander a maior estupidez ? I need a zerooooo???
Onde e que anda a Odete Santos? Tenho saudades dela...

03 junho 2009

Tudo e nada me faz falta

Não sei se quero que alguem saiba ou sequer entenda, não sei se me faz falta que alguem me ouça ou me diga o que pensar, não sei se em mim, esta capacidade quase continuada e construida de não precisar, já antes me definira assim. Sei que aos meus ouvidos as minhas palavras não soam como os mesmos sons de alma que sei falar comigo, calada e desperta. Sei que o reflexo detorpado e alterado é muito pouco da verdade que sinto, que sempre senti, que me faz despertar viva e reconhecer-me noutro espelho frio e cadente e tão mais transparente.
Não sei se aos meus olhos, na verdade, a verdade tem retorno. Não sei se vivo antes um qualquer jogo de marca desenquadrada onde nem me encontro nem me ouço. Não sei ser assim.
Vejo um olhar que adoro, perdido e desfigurado que sente o mesmo e que tambem sabe rir, vejo outros dançantes e figurativos, perdidos que naõ fazem mais que falar. Porque haveria eu de falar assim ?
Tudo e nada me faz falta, enchi a minha cara do fresco da noite, varri a raiva que nem quero e encontrei a força aqui, neste pedaço de lua, neste recanto que é meu, que eu construi, sem espaço nem tempo mas tão reflexo de mim.
Estive fraca, sujeita ao medo do que vivo e mesmo assim, estive aqui.
Estou forte agora e afinal, algo mudou?
Preciso de mais ? Preciso que alguem me diga?

02 junho 2009

Lágrima

Retive as minha mãos sedentas de escrever e soltei-as por fim, por mim!
A lágrima que escorreu foi de alegria, como sentiria enquanto punhados de terra calmantes e permanentes adormecem a minha memória tão viva e dorida. Mataste pedaços de mim que viveram refeitos em outros pedaços, multiplicados em laços e abraços que aprendi a me dar e, tu, morreste !
Naquela sala ardente, a voz da minha amiga de sempre já continha a mesma alegria que sabia receber de mim. Naquele momento, esqueci os supostos e pressupostos que ultimamente, só não me servem de nada, esqueci as convenções, o amar o próximo, não desejar o mal a ninguem... Quis tanto que tu sofresses, que tu morresses, porque não quis a morte que me atiraste e, de pequena aprendi a renascer.
Num momento, sou invadida por cada palavra, pelos momentos com um homem que de menina me dizia ensinar a ser mulher, pelo que me dei a ti, tanto que no instante seguinte já só tinha o suficiente para fugir , enebriar-me e apagar-me na dormencia que tão bem conheço.Caminhei vidas que não conheciam, que me invadiam, entreguei-me mais do que era capaz, amei-te e desamei-me, despi-me de um pudor meu e abracei uma loucura que me assustava e calava, porque eu não sabia.
O Alentejo meu já era teu, o teu conto era a minha história, e eu não sabia.
Não sabia o tanto que havia para além de mim.
Sabia o conto sem saber a história.
Não ficaram feridas, porque essas sei lamber, não ficaram lágrimas que tão bem sei secar , ficou uma dor cada vez mais violenta, mais silenciosa e confusa, começou com uma voz de verdade. De seguida, aquele som e uma dor que me cortava o ventre enquanto nem lagrimas me sossegaram, eu nem sabia.
Mais tarde, ficaste em mim para sempre, restea da tua essencia, sabor da tua verdade, mentira do meu sonho genuino e, desde ai, foi esta presença que ficou de ti, opressora, vingadora que me custou tanto a entender.
O teu olhar ficou para trás, as palavras e gestos tornaram-se metamorfoses da minha vida, o que não quero, a distancia da minha alma, os ecos da tua mente demente tornaram-se dignos do meu inferno que já não sinto.
Cresci sabes? Fugi e encontrei-me, sofri, sofri tanto por ti, longe de mim, sem sequer saber onde me encontrar, desacreditei na verdade da vida e rezei saber perdoar-me pelo gesto que tive. Fui maior que a intencionalidade escondida, cheguei aqui, de braços abertos e tão cheia de mim....
E tu morreste !
Não sei como, imagino, deixa-me imaginar o quadro que preciso para equilibrar a balança que pendeu sempre para o outro lado, sorrio, abraço as vozes e os silencios cheios de verdade que hoje já sei ouvir.
Não me importo com o que pensam, é sentido, merecido..
Estou contente... Contente de verdade, porque alguem morreu?
Estou!