08 dezembro 2010

Hoje sonhei de verdade, sonho adormecido que ainda agora me acompanha. 
Sonhei que existias no meu espaço pequeno, que me olhavas e sorrias, eras corpóreo e repleto de cada face que nunca descobri, por isso não tinhas cara, tinhas cores e voz, tinhas as mesmas mãos que me arrepiavam sem tocar, tinhas palavras no silencio do teu olhar. Nada em mim era pensante ou encenado, nada era preso do medo ou da ideia de um desencanto, feito fado. Eras a soma de cada lado, aquele lugar onde desaguo sem temer naufragar. Eras ancora e barco à deriva, tela preenchida por desenhar, e eu, despida de tantas imagens com que me perco a esconder, esquecida de cada ferida que me fez crescer, era lua cheia perdida na minha forma de ser.

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