11 outubro 2011

Palavras.
Faladas, são respiração da alma, são cansaço, alegria, são abraço e empatia, se o mesmo timbre, dita o compasso que as separa, como um suspiro, no laço que se cria. Palavras são embaraço, são a vergonha de não ditas, telas coloridas, caladas de tantas silabas que nada dizem.
Escritas, demoram mais tempo, guardam ideias em simultâneo, o toque dos dedos, os tons do lápis, guardam os olhos que as combinam.
Palavras não são nada, falam muito porquanto escondem, calam o que fica cá dentro, o que agonia, o que dá medo, mais tarde, hão-de ser um grito, soprado num instante, num momento em que a solidão nos diz tudo.
Já misturei mil palavras num pensamento, ficou emaranhado e sem sentido, já falei tanto em silencio, já ensaiei discursos, para mais tarde me esconder, já enchi paginas sem sentido. As palavras cansam, aliviam, choram por mim e sem eco, vou escrevendo, sentindo o que conto, o que calo, o que minto e sinto.
Palavras, palavras. 
Das histórias, não me lembro das conversas, lembro-me dos gestos, e os meus, nem sempre falaram de mim. Das conversas, ficou-me o tom e o ruborizar da minha face, ficou pensamento que mais tarde me voltava à mente, ficou mais o compasso que a orquestra de silabas inteligentes.  Sempre pensei haver palavras em falta, na minha escrita, no meu dizer, outras cansadas de tanto ditas na ânsia de as sentir. 
Embebedo-me de palavras, horas a fio, no que leio, no que ouço dizer.  Por vezes, julgo-me louca nos devaneios que me permito, no que vejo, no que sinto, forço-me uma normalidade dita em tom de conversa, aqui e ali, ensaiada. Cansada de palavras e da falta delas.

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