01 dezembro 2011

Há quem ainda chore sem saber bem porquê, que reflita na face molhada o que não sabe expressar, há quem ria ao mesmo tempo e se pergunte se assim se apazigua. Há quem se esconda nas palavras e quem nelas se confunda, há quem ria dos outros na penumbra do desconhecimento, há quem grite e quem se conforme. Há quem se auto analise sem duvida, há quem se cale e seja transparente, há quem minta de tanto que fala e há quem sinta que não tem nada a acrescentar, mesmo tendo. Há a melhor e a pior mãe do mundo, há o que mata e o que morre um pouco, todos os dias. Há o que muda e o que teme, há ainda o que lamenta o dia que pisou o caminho ameno. Há o velejador que já só se encanta com o horizonte, e a menina que sonha um dia se deixar voar. Há o triste e o contente. O que inveja e o que desmente. Há o intelectual que desdenha o tangivel e o que se preenche apenas com um dia. Há o que ama e o que já não acredita. Há o que critica porque sofre não ser e o iluminado que julga saber. Há o triste e o contente e, de ambos o que não sabe sentir. Há o confiante e o desconfiado, há quem, cheio de narcisismo, seja cego e quem, não sabendo, tanto conheça. 
Há os que julgam e desdenham, há os que cansam, perdidos de palavras encenadas para a audiência, há os que não ouvem e não se perguntam, há os que não existem, há os que vivem e os que passam, há os que ficam, por muito que aconteça. Há os que esquecem e os que lembram, há os que amam sem tempo e os que ocupam o tempo de presença sem mais nada. Há os de caras ferventes e os de quem ninguém se lembra. Há os encantadores de alma e os pedintes de afecto. Há os que se despem e os que se mostram, há as putas e as que compram, há os que pedem e os que se vendem, há quem troque e quem se ofereça, há quem beba e se esqueça, há quem se drogue e ainda sinta, há quem não faça nada. 
Há quem chore e se esconda, há quem cante mesmo quando sofre. Há quem procure e encontre, há que procure e não peça o fim da história, há quem já não se contente e quem não ouse crer em mais ainda. Há quem ria simplesmente. Há o sério e vazio, o preocupado e o doente. Há o demente cheio de vida. Há o louco e o temente. Há o que escreve e o dormente. Há tanto vazio...
Há o que ainda não se conhece e o que não se permite a pergunta.
Há o que chora, o que teme, há o que conhece.
Há o que ama e o que se arrepende.
Há o que ri e que chora.
Em cada um, estou eu.

1 comentário:

marta marques disse...

Há ainda quem sonhe e acredite.
Há quem nunca desista de quem sempre fica: TU.