03 agosto 2010

Penso tanto, deverei sentir como um humano sente, deverei respirar como um ser vivo respira, mas a minha mente rodopia em mim, em volta de um mundo onde espreito e tantas vezes não gosto, um turbilhão interior em me quedo, me descubro e me perco.
Obrigo-me, engolida em pensamento, escrevo sem alivio em cada palavra que de mim sai.  Nunca pertenci aqui, sempre soube disso, busquei sedenta, sentidos, nos caminhos desconhecidos que procurava, nas pessoas distantes que trouxe sempre comigo, não me via nas conversas, não me via nas ruas, nas gargalhadas, não me via nos degraus primeiros que cada um alcança. 
O meu amigo e eu, desbravamos uma estrada a que chamei lua cheia, rebolamos nas ervas altas, esquecidos das normas, fugiamos aos homens de cara roubada que gritavam posse e preconceito, convidei-o a entrar na minha alma, mas já antes nos encontraramos, num mundo desconhecido que poucos conhecem, tão poucos.
O meu amigo sentiu-me devastada por uma doença tão distante da honestidade emocional, que todos falam como se soubessem, encheu o meu coração de coragem, gestos que guardo em cada lagrima que me cai agora.
O meu amigo superou o conceito que pouco materializei de amizade, sinto-o neste momento em que a distancia só me impede de o abraçar or qualquer mão que não entendo, por um acaso sem sentido que me acompanha num rompante ridiculo a que alguns chamam destino.
Estou triste, de uma tristeza que não sei deter em mim, não é perda, porque não desisti, nem nunca seria capaz, não desisto, não sei aceitar se sinto tanto, procuro com todos os sentidos despertos, chamo, grito, aprendi a assobiar num instantinho, não sei esperar e afronto a sorte que nada me diz.
Calo a ignorância, calo as teorias idiotas do certo e errado, esqueço as mãos ausentes, que um sentimento me invade, um sentir tão genuino que não o encontrei nas caminhadas, faminta de carinho e desassossego, encontrei-o nos momentos unicos comigo e o meu amigo.
Sou maior do que me digo, não rezo, porque os deuses não me conhecem, nem lhes conheço o sentido, não entendo, nem quero fazer parte da multidão doente que se esqueceu de ser emocional, desta honestidade emprestada que se valoriza sem dizer nada. Ser honesto, é chorar e rir sem porquê, é tropeçar no silencio de uma estrada macia, farta de ser pisada sem pegadas deixadas, é dizer a medo que se tem medo porque o caminho de pedra nos cegou sem razão, é gritar sem voz a vontade insana que nos afoga, a dor de sermos sem expressão, a inexactidão, a nevoa.

Fazes-me falta meu amigo, tanto! 


1 comentário:

Jorge disse...

Boa noite, Milhita,
Belo texto: expressivo e surpreendente.
O apoio de um amigo pode ser a luz que nos mostra estarmos num caminho certo.
Um bom fim de semana,
J