02 dezembro 2010

O tempo brinca comigo, desafia-me no meu credo sem lhe perceber o motivo, brinca nos devaneios fundamentados sem permeio ou sentido. Tive nele tempo de questionar cada caminho, qual solitário adivinho tentar ler nos elementos, a veracidade da causa e efeito, do inicio de cada fim. Tive tempo de tanto como cúmplice ou ateia. 
Companheira amena nos momentos em que me parece que o caos me dá vida e a ordem não tem sentido, noutros em que questiono tudo, até eu própria e, procuro palavras que valem apenas um pensamento, um  adjectivo reflexo em que não me revejo. Admiro o silencio acima de tudo, aqueles instantes em que me parece que caminho convicta do meu horizonte. Na verdade, sei-me perdida se olhar em volta.
Detenho-me à beira das estradas, nas ruas, nas caras que gritam certeza despidas de nostalgia e sonho, bebo os livros como amigos e afasto-me dos corpos falantes, vazios.
Tenho tempos de alma tão cheia e mãos vazias...
Tenho saudade e esperança.
Tenho tanto de mim assim perdida.
Tenho esta impressão quase magica que o tempo nos perde e alimenta, que cada respirar mais forte é uma porta  entreaberta, uma palavra nova, esta brincadeira de que não sou dona.
Menina, fazia-me magia com peças que construia, imaginava mundos, conversas, o meu amor primeiro foi inventado antes de tempo, amor verdadeiro foi o tempo de sentir mais que eu sabia, mora em mim degladiando a calmaria e bonança. Amor e tempo ruborizam a minha cara molhada, vida verdadeira, vazia de premissas e alicerces, sentida apenas.

1 comentário:

Sonhadora (Rosa Maria) disse...

Minha querida

Como eu me revejo no que escreves.

deixo um beijinho com carinho
Sonhadora