03 maio 2009

Mãe

Acordei com o mesmo brilho que o sol que me esperava. Não é só esta leveza sustentavel, é a minha cara quente, o sangue que me percorre, é o meu corpo vivo e dormente, é esta alma presente, esta calma ....
Dei duas voltas ao meu jardim feito de acasos e escolhi uma flor amarela, a mais bonita de todas. Embrulhei-a na folha metalica que agora uso com carinho e decidi que a minha roupa teria que combinar com a cor dela. Enquanto abria e fechava armários e a agua quente corria, relembrei mil histórias da minha mãe, daquela voz doce, do meu amparo de vida. O caminho foi ameno, cantado e sorrido e em dois minutos tinha o abraço mais doce do mundo, um sorriso que só a minha mãe tem que se ilumina com uma simples flor. Não é a cor dela, não é o cheiro que trouxe comigo, é um laço que nos rodeia, do tamanho deste amor que sinto.
Vimos juntas as formas da vida, ouvimos o vento junto ao mar, rimos enquanto as amostrinhas de gente brincavam em fantasia e, ao voltar, os meus olhos brilhavam ainda mais.
Foi assim o meu dia terminado no mar que me habita e preenche, noutros olhos tão fortes para onde caminho, sempre, sem antes pensar.

1 comentário:

Anónimo disse...

Ah, como eu me divido. Entre uma inveja melancólica, que se cimenta na saudade dos campos amarelos das flores dos trevos de Maio, que colhidos ao repelão, se faziam ramos improvisados, celebradores da eterna bondade daquele sorriso. Ou a admiração sentida, feita beneficio de uma aproximação distraída, como quem vai de narinas escancaradas em busca do ar que traz esse perfume único, que é o da mãe. Mesmo quando é a mãe do outro. Num repente, cremos que mãe é mãe, muito para além do filho… e depois, somos capazes de ousar um intenso brilho do olhar. Pela mãe.