10 março 2009

Não penso, logo vivo...

Há um momento entre a vontade e o bom senso, equiparavel à fronteira entre a realidade e o sonho.
Ajustamo-nos e adaptamo-nos ao ritmo do preço da vida e da nossa própria liberdade.
Quando o dia termina, e nos minutos que antecedem a dormencia, há outro momento de clara e perfeita lucidez, como um rasgar desse espaço entre o sonho e verdade. Há um monólgo continuo ou exaperado advindo dos actos que preencheram um dia. Uma mescla de fantasia que dignifica a vida e de uma realidade que me adjectiva aqui.
Ás vezes admiro os instintos, no seu estado mais puro, reconheço-os em mim como a mais simples identidade. O raciocinio e o somatório de valores adquiridos tingem-nos de mil cores, desviam-nos e contrariam-nos, imperam as vontades e as omissões.
Surpreendentemente, somos seres sedentos do que não temos, porém, ao mais leve esgar de conquista, os nossos olhos buscam de imediato outro horizonte. Na verdade, somos velejadores em busca de farois inalcansaveis na mesma proporção deste imaginário nosso.
Na verdade somos humanos.
A magia do silencio descomprometedor permite alcance do imaginario enquanto as palavras, mesmo que soltas, refletem verdades ou mentiras com substancia, limitam o horizonte desse olhar distante.
Falaram-me do alcance do silencio e eu lembrei-me da armadilha da palavra
Antes falara da voz do silencio.
Os instintos perderam-se na ilimitação das nossas necessidades, caladas e camufladas de palavras inteligentes.
Penso, logo existo.
Será o pensamento fundamento?
Será a existencia o verdadeiro mote de vida? Será que nas diversificações da alma, não nos perdemos já dos próprios elementos?
Não penso, logo vivo...

2 comentários:

alma voante disse...

Súplica

Agora que o silêncio é um mar sem ondas,
E que nele posso navegar sem rumo,
Não respondas
Às urgentes perguntas
Que te fiz.
Deixa-me ser feliz
Assim,
Já tão longe de ti como de mim.

Perde-se a vida a desejá-la tanto.
Só soubemos sofrer, enquanto
O nosso amor
Durou.
Mas o tempo passou,
Há calmaria...
Não perturbes a paz que me foi dada.
Ouvir de novo a tua voz seria
Matar a sede com água salgada.

Miguel Torga

Anónimo disse...

O pensamento confunde-nos e clarifica-nos, assim o saibamos delinear.
A vida permite-nos existir, pensar e, sonhar. Os apontadores são os instintos.

És uma pessoa tão bonita!