27 março 2009

Verbo e Gerundio

Componho mulher com verbo e homem com gerundio, enquanto solto uma gargalhada.
Tive que perceber a lição, demorei o tempo de vida e, de feridas, que o próprio tempo curou.
Solto um sorriso ao vento, e esqueço cada momento em que me perdi a querer entender muito para além do que sou, na equidistancia entre o sol e a lua.
Recordo os rios de mulheres de peitos soltos bradando o bastante para o tornar desigual, pouco real. Igualdade não se conquista nem invade, não tem idade nem cor. É minha por dentro neste silencio de gestos, pneus trocados, cabelos revoltos, lágrimas e risos, cremes com lama, perfume com terra e a simples conquista do meu lugar.
Dia da Mulher é um dia qualquer. Como me parecem ridiculas as vozes que soam de entranhas disfarçadas de coragem sem eco nem lugar. Apenas existem nas almas despidas de ser e, numa voz rouca pretendendo arrancar o misterio da própria vida. Somos partes de um todo, metades do mesmo corpo, sons na mesma voz!
Em tempos, quis entender.
Hoje apenas saboreio a diferença harmoniosa, justa e óbvia. A composição de um verso, duas faces do mesmo universo, dia e noite, mar e terra. Adjectivos comuns e substantivos diversos.

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