08 março 2009

Não é só este dia...


Dia da mulher é um dia qualquer, são todos os dias.


Sou mulher, caminhada de rapariga, mimada, protegida e querida. Fui antes menina tão amada.


Sou pequena ainda.


Cedo senti que nada chegava, os meus sonhos distanciavam-se da realidade como barcos de papel que largava na água e ficava a ver partir sem me aperceber de nada. Cedo, nas mãos desse caminheiro de viagens e sonhos que amo o que o meu coração deixa, aprendi a olhar ao longe, a crescer feita do alcance dos horizontes que me mostrava. A alma tremia e outras mãos meigas, amansavam-me e falavam-me baixinho da calma de saber viver.
Cresci assim, segura e selvagem, usurpadora de vida que queria para mim.
Quase me perdi na ânsia louca de viver, quase morri na fuga de me perder.
Sou naufraga resgatada de uma loucura minha que me acompanha e que, nas minhas mãos amanso e atiço, tal como aprendi a fazer. Sou falsa para quem não me vê.
Sou hoje mulher, fruto que quis proibido por medo, por prazer. Sou este ser comprometido por amarras que teimo em querer desprender, de mim, por mim. Preciso delas, não sei estar, não sei ficar.
É como se tivesse passado uma vida a preparar-me para ela. Como se ainda vivesse o preludio da plenitude de viver, de voar de encontro a outros horizontes que esta viagem me mostra.
Amo com todas as minhas forças... Amo a vida, amo este ser que me visita, amo-te mais que as palavras que dizemos, amo ainda mais por sonhar.
Cada vez que sei, que sinto, que desperta em mim uma vontade indomável de partir sem rumo, de navegar sem sentido, fujo… Também sei que mais um momento e partiria…
Já me perdi nas vontades, nas minhas e nas de outros , já me esvaziei em quereres que não eram só meus, já vivi perdida e consciente que o caminho estava a um passo e agora, agora vivo consciente do preço da minha liberdade tão desejada.
Amo, amo de verdade… Sofro e Deliro por amar… Amo a minha verdade, amo a minha vida, amo te , amo este ser que me ama e perdoa com o olhar, amo o Hoje e o Amanhã, amo o que não tenho e desejo mas não quero, para não me perder.
Amo-vos, estrelas da caminhada, magos de sonhos e vidas que me geraram e mostraram a grandiosidade do dom da vida.
Sou banal afinal, sou apenas mulher.

2 comentários:

Anónimo disse...

É pelo trabalho que a mulher vem diminuindo a distância que a separava do homem, somente o trabalho poderá garantir-lhe uma independência concreta

Simone de Beauvoir

Carlos Azevedo disse...

Nem era preciso dia internacional nenhum, se todos escutassem (lessem) as mulheres.

Lindíssimo.