22 março 2010

Amanhecer silencioso


Enquanto, escondido, este amanhecer me despertava devagar, anunciando-me o acordar inocente dos meus sentidos, lá fora essa calma entrava em mim.
Tudo está no seu lugar!
Tudo está agora tão maravilhosamente sossegado!
Este ser de estar, este eterno lugar onde me aconchego e aqueço, onde estou por inteira, verdadeira... Aspiro agora o que de mais infinito e grandioso esta terra molhada me oferece, este cheiro companheiro de tantas caminhadas que já fiz...
Paro neste momento só pelo prazer de olhar em volta e reencontrar este sossego que deixei atras de mim procurando enfrentar os meus deuses desconhecidos que me atormentaram nestas horas tão grandes.
Tudo está no seu lugar!
Fumei o meu cachimbo da paz enquanto a madrugada se despedia dos sonhos mais profundos do meu ser, apaziguei da minha alma a culpa da minha não inocencia querida calada, fechada.
Acordei devagar, enquanto por um momento o Sol deixava-se estar, antes de se esconder novamente, só para me aconchegar nesta manhã de plena vivencia.
Na minha guerra passada lembrei-me de outro lugar em que chorava lagrimas de dor, por nao entender a verdadeira essencia deste ser, sem querer, de deter nas maos a plena justiça de sentir... Lembrei-me de cada momento em que ofuscada pela revolta, reclamava do mais fundo de mim essa estupida voz da razao que nunca existiu, nem nunca existirá.
Levantei-me e, ao longe tocavam melodias entendidas, acordes livres de quem tem asas e permite-se voar, ri-me pela unica razão de viver, corri para abrir a porta e ouvir melhor, deixar entrar em mim esta essencia de prazer.Quis escrever, antes mesmo de viver cada momento a seguir.
Meu Deus estou viva! Estou tão cheia de vida...
Deixei atras de mim, os fantasmas desta razão, desta culpa sem alma, sem calma, sosseguei-me em paz no fresco desta manhã que parece ter sido assim por que assim tinha que ser... Só isso, basta-me isso!
Aprendi que sou pequena, nas minhas mãos não detenho nem tudo, nem nada, detenho esta calma de sem pensar, querer viver, perdoar, rir, ser humana...
Sou pequena! Sou humana!
Vou viajar, vou perder-me na serra que hoje já sorri para mim, estava triste ontem com a minha ingratidão, com a minha racionalização de não perceber a dadiva mais simples de existir...Quis controlar.. Quis calar!
Sou pequena!Meu Deus sinto-me tão grande!
E, se olhar de novo... Tudo continua no seu lugar...
Maravilhosamente silencioso..

5 comentários:

Moi disse...

E é assim o maravilhoso silêncio da calma do existir...

Luz disse...

Amiga da alma
Este silêncio é maravilhoso de sentir, de saber ser em nós quando nos habita a existência nesta calma silenciosa em que nos damos e, nos encontramos...

Abraço de Luz

Johnny disse...

Tudo no seu lugar.

Mag disse...

Texto excelente.
Os meus parabéns!
Mag

Brown Eyes disse...

A calma de alguém que é pequena, humana mas se sente grande. Bonito