15 março 2010

Não sei escrever o que sinto... Será que afinal as palavras não chegam? ou este sentir que mora em mim, tem uma expressão que não conheço? Sim, que eu não conheço, tal como não conheço cada cantinho de um mundo encantado onde sonho e me evado? E não conheço a leitura dos meus olhos que brilham?
Sei pouco deste mundo circular e arisco, sei de outro que gira e rebola em mim por dentro. Tem mais do que o esboço de um lapis multicolor, tem o movimento de pensamentos, misturados com os meus sentidos, mais reais que qualquer horizonte construido de sinais. Tem a banalidade de uma terra carente e de um mar invertido, tem um alucinio tão quente que me rasga as faces falseadas de vivência.
Gasto horas, sentada num circulo convergente, de livros e conversa, sei-me igualmente diferente, as palavras passam por mim sem lugar, as viagens, já as fiz e farei sempre, as frases intransigentes e, eu repito, que não sei, não sei.
Nem sei tratar de mim, brinco comigo como se lá mais à frente, me devesse o retorno, brinco com as asas presas de um motivo que não aceito, brinco com o tempo como pedras na palma da minha mão, com os sorrisos gratuitos que recebo e desdenho, sei mais que o pouco que sabem de mim. E a minha porta aberta tem um reflexo de sol, uma ilusão que parece querer fechar depressa, não é magia, é a mentira da vida, tal como a cruel convicção dos que sabem mais que eu.
E hoje, sou o todo que remanesce e que tem uma pressa de sempre, de tudo, de tudo.

2 comentários:

Miguel disse...

Se isso é não conseguir escrever o que sentes, acho que o que escreves fazes bastante bem. Mas eu compreendo essa sensação, como se às vezes as palavras não chegassem ou simplesmente fossem demais para mim. Louvável essa pressa de tudo, mas às vezes faz bem abrandar e desfrutar, e desdenhar do que os outros pensam. Tudo de bom.

Luz disse...

Amiga,
Conheço a sensação, parece que somos tolhidos por algo que nos quer perturbar, mas não podemos deixar que isso aconteça, por isso, subscrevo o que diz o Miguel.

Abraço de Luz