31 dezembro 2009

Aqui me deixo II



E antes que siga a estrada, ainda encantada pelas luzes desta terra, antes que apague as imagens que guardo com estas mãos pequenas, deixo-me em palavras e nas musicas que encontro, na voz que as almas me cantam, e eu acompanho sorrindo no meu caminho de pedra.
Há aqui mãos que moldam granito, há homens de mãos suadas, há uma rotunda de um homem esculpido de branco, há gerundio cantado, há uma amiga tão bonita e despedida de dormencia embriagada, aqui há histórias minhas que não apregoo. Há ciganos que cantam, máquinas fascinantes, bancadas que talho. Há vasilhas de barro nas falhas de marmore, e caes misturados. Há pão cozido. Aqui, há agua verdejante, aqui o tempo não para, espera antes.
Aqui, me deixo agora, nas musicas e na vontade de não regressar.


OqueStrada


Descobri agora, vou ver assim que puder.


Rosario - Chambao


Vai ficar aqui um tempo, de vez em quando, encho os meus dias a ouvir Chambao, lembro-me da Andaluzia, de sevilhanas e flamenco, estas musicas levam-me longe. Como el aqua.




Miro a mi alrededor y no te encuentro
miro pa un lao y pal otro, y no te siento
a veces tan cerca y otras tan lejos
que no soy capaz de describir
éste sentimiento.


Será que te escondes
será que te pierdo
que no soy capaz ya ni de retenerlo
será que tengo miedo, miedo, miedo.

La luz de un nuevo dia me despereza

intento poner orden dentro de mi cabeza
quiero volar, volar muy alto volar
y poder cantar, lanzar al aire la pena.


Será que te escondes
será que te pierdo
que no soy capaz ya ni de retenerlo
será que tengo miedo, miedo, miedo.


Trilhos (da Guitarra Portuguesa)

Assim que voltei, ouvi vezes sem conta e juntei-lhes imagens tão bonitas que ficam comigo para sempre. 
Misturei azeite, que persiste no cimo da água até agora.


Amalia Hoje

Fiz tantos kms com as musicas na boca e um Sol no meu destino.

MU
Uma noite quente, dancei de pés descalços enquanto uma voz doce me mostrava o som da outra margem enevoada. Gostei tanto do que ouvi, e o ano que vem, voltarei.

Ana Moura
Tenho uma memória da minha cidade guardada com ela
E agora, que comi, que me lavei de terra e não guardei lágrimas. Sigo viagem com estas e outras, que mais que palavras valem gotas de chuva na estrada.



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