28 dezembro 2009

Verde!!!!

Tão perto de nós, o silencio ditava vontade, mãe terra e sombra de imagem, vontade de resgatarmos margens e nos perdermos na essência de uma guerra que foi sempre nossa. Contamos histórias, rimos de coragem, tropeçamos nos passos que ensaiamos, limpamos as lágrimas que envergonham porque se soltam sem pensarmos.
Decidi pôr de lado os livros e as palavras, sorrir quando me apetece chorar, calar de tanto que ficou por dizer e inundar-me de vida, esteja onde estiver. Decidi contar a minha história de encantar, sou vilã e artesã e não termina aqui.
Queria regressar ao teu ventre, por um instante, o bastante para me envergonhar, para desta vez te embalar. Tens um sorriso tão bonito, um olhar sereno que eu adivinho distante como o meu.
Esta tarde encontramo-nos, enlameadas, sorridentes e encantadas com as coisas mais puras e pequenas que nos trazem, que nos movem.
Em volta, ninguem está, por não haver lugar ou porque o tempo nos anuncia a revolta dos sentidos, os bêbedos e perdidos, os capazes e audases, os sonhadores e dementes, dançam, na cegueira  a que nos vergamos, ora andando, ora caindo.
Vivam os caminhos certeiros, eu escolho nevoeiro.
Escolho as estradas invisiveis, os campos traiçoeiros, escolhos os meses do ano em que ninguem fala, escolho o que não sei, o que me enlouquece e aquece, escolho estar cega, viva e cada vez mais sentida de razões que a razão desconhece.


Escolho os movimentos insensatos, atolar-me na vontade que me há-de mover e nesta força de me querer.
Escolho as cegonhas que me levam, os ventos que se calam e os momentos em que me perco para me encontrar.
Tarde de sorrisos em tempo de guerra, de sorrisos e um prado verde que tentei atravessar, sem palavras, sorrisos, adivinhar ser ou não capaz.

Gostei de cada instante, do senhor Joaquim, sabedor de mais que eu, dos meus pés submersos em lama, gostei da calma...

Respirei fundo, o mais fundo que pude, bebi as palavras sabias
"Preciso que não diga nada e que faça o que lhe digo"
Fiz, com toda a vontade de tenho, que eu preciso de uma estrela brilhante, mais que as palavras ditadas por nada.

Este silencio, esta paz, os sorrisos alegres na cara dos que amo, as figuras anedóticas dos reticentes, o café quente de Sabores, as pedras triangulares, a tarde fria que se faz quente na minha vontade e, tu, minha mãe, no tempo que se faz tarde, és liberdade!

Ensinas-me com o teu olhar a guardar o medo, a seguir em frente, de mãos cheias de nada, a decifrar o que não entendo e preciso tanto como o ar que respiro, mais que saber, sentir, ser!

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