30 junho 2010

Entra em mim um ar fresco que só a noite traz.
Abro as janelas e inspiro com muita força, na esperança que a minha mente se torne leve, leve como cada sinal que avisto por detrás dos montes que escondem o horizonte. Penso por um segundo, na verdade pouco creio nas pessoas. Pego num pincel imaginário e pinto-as de cores que os meus sentidos pediam, ouço os sons filtrados de um medo e falta de fé, que nem sei de onde vem, e eu creio, por querer tanto.
Nos dias que passo, guardo pedrinhas e flores silvestres no meu bolso, descalço-me para sentir a terra crua nos meus pés e invento conversas, invento figuras, contornadas de musicas que penso existirem nelas, aqueço-me de sorrisos que escondem sombras e de sombras que aguardam nascentes de agua pura. E eu, sou mais una nas figuras, esboçadas de uma magia que não haveria sem um pouco de loucura que em mim perdurasse.
Na verdade, creio tão pouco nas pessoas, querendo mais que a vida, crer nelas, porque as minhas mãos estão vazias e cansadas de guerra fria.  
Mesmo ouvindo lágrimas, não cria. enquanto fantasmas dançantes bailavam na minha mente, naquele recanto que escondo, onde nem sei se haverá gente. Nas minhas veias calo, ruelas de incerteza de ser grande ou maior que isso, ou ser mera gota de orvalho fresco que compõe um conto ou livro.
No meu corpo pinto de firmeza, o medo de uma correnteza estranha que me leva onde não há caminho, há desencanto e uma leveza que nada contem a não ser silencio gritante de negro.
E eu sorrio, sorrio porque preciso, porque a minha cara pede Lua, pede um grito, a mesma fonte que me houvera nos instantes que fui crente e não pensante, e sei tanto, agora, que não crendo, sinto.
Sinto-me distante de cada mascara que me erguia, divago-me procurando-me, cada pedacinho espalhado de mim, sendo humana, sou estranha, ou simplesmente dispo-me de ausência.
Conheço onde cada sentido me grita e me chama, peço-lhe baixinho que me deixe, não deixando de sentir, de me bramir um canto que perdure até que creia, em mim. Fui nascente sem leito, desaguei sem foz,  fui em mesma um sopro de silencio onde me deixei. Na verdade, marquei na areia o mesmo descrédito em mim que tenho nas pessoas, e sei de onde vem, desse palco terreno onde as palavras pouco falam.
Sei tão pouco ainda, e a minha tela pintada, colorida como a glamorizei, é arco de vida renascida e tão minha, tão clara que me ofusca na saudade que não me deixa.

1 comentário:

Jorge disse...

Olá, Milhita,
Como verdadeiro homem do Norte, nato no Porto e de raízes transmontanas, adorei a tua história, bem comportada, com os polícias à sombrinha e o pessoal a navegar [de "navegadores"] à torreira do Sol, com o nosso Cristiano a cantar o hino de boca fechada e... o outro, a gesticular que nem um "mourinho"...
bjis
J