17 junho 2010

Esta manhã encontrei o teu nome

Esta manhã encontrei o teu nome 
nos meus sonhos
e o teu perfume a transpirar na minha pele. 
E o corpo doeu-me onde antes os teus dedos foram aves
de verão e a tua boca deixou um rasto de canções.

No abrigo da noite, 
soubeste ser o vento na minha camisola;
 e eu despi-a para ti, 
a dar-te um coração que era o resto da vida 
como um peixe respira na rede mais exausta. 

Nem mesmo à despedida
foram os gestos contundentes: 
tudo o que vem de ti é um poema. 
Contudo, ao acordar, 
a solidão sulcara um vale nos cobertores 
e o meu corpo era de novo
um trilho abandonado na paisagem. 

Sentei-me na cama 
e repeti devagar o teu nome, 
o nome dos meus sonhos,
mas as sílabas caíam no fim das palavras, 
a dor esgota as forças, 
são frios os batentes nas portas da manhã.

3 comentários:

PAS[Ç]SOS disse...

... daqueles que gostaria de ter escrito!

Moi disse...

Fantástico! Lindo!
Excelente escolha poética!

Beijo
Angel

Manuel disse...

Fico rendido.
Fiquei com a pele arrepiada perante tão belo poema.
Parabéns.