27 abril 2009

Sempre estiveste em mim

És mar e a minha terra. De toda a força dos ventos soltos que nos batem na cara, fica em mim, o sonho ardente que nunca esteve tão perto. Cada vez que me olhas, vejo apenas o meu reflexo, a metade que não tenho e quero.
Lutei, desfiz-me em paradoxos e axiomas de valor, construidos em reacção, para durarem uns minutos, os que distam até me sentir, como só eu sei fazer. Do cimo da minha serra de onde sempre soube olhar em volta, em cada pedra escondia uma parte de mim. Houve alturas em que reaprendi a ver, outras em que cega, construi uma poderosa ilusão. Um dia atrevi-me apenas a ver, esquecida das minhas frases elaboradas, aqueci a minha cara ao sol que nunca me pediu nada, deixei que o vento entrasse por mim e me fizesse tremer, entendi que cada passo era tão mais forte que eu, iludida na minha harmonia . Mais tarde, saberia, que as marcas do meu passado, a minha cara queimada, eram simplesmente a luz do meu dia, esta minha razão tão mais simples de ser.
Já não quero entender.
Da revolta dos ventos, veio a minha calma, tu sempre estiveste em mim.
Soubemos sempre conjugar os mesmos verbos, soubemos enaltecer os espaços e entender silencios. Soubemos ver tão mais longe que chegamos lá, desorientamos a normalidade, saltamos os primeiros lugares e lançamo-nos num abraço que durou até aqui.
Não sei enfrentar elementos.
Sempre estiveste em mim.

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