17 dezembro 2009

Estatuas

Imagens hirtas, estáticas e inabaláveis, estátuas de uma ilha de Pascoa, pedras sobranceiras ao mar revolto que passa, que volta, cada maré ensinada de outra costa que abraçou. As imagens encerram as encostas e as histórias que o vento sopra. Vejo movimento , ensinamento.
Vejo que a imobilidade transborda de vida, que a construção milenar, alicerçada em pedra gasta, se move num bailado de tempo. Vejo os sons, ouço os pássaros brancos em busca de norte, ouço-me na procura distante, tão dentro de mim.
Um olhar que me encanta, raizes de oferta fechada, mercado de espanto. É de pedra o passo em busca do meu tempo. Entretanto, avisto a estrela polar, que se anuncia pequena, crescente, só por agora, serena que se refresca de mar e afaga as mascaras de pedra.
Cheguei tarde ou demasiado cedo, vim de uma terra quieta onde dancei e fiz fogueiras, onde aprendi a estender as minhas mãos e inventar brincadeiras. Encostada à pedra fria, acaricio as faces que se moldam nas minhas mãos, absorvo os contos do meu sonho que se fez dia.
Não há tarde nesta praia, o entardecer é novo dia, fico encostada às pedras de ideias fechadas, tão vivas, tão quentes no meu olhar desfocado...

3 comentários:

marta marques disse...

que quentinho e bem me sabe o teu olhar desfocdo....

ñ ma canso de dzer o que te adoro...és uma pedra preciosa....

Manuel disse...

Lindo como sempre, mas hoje vim aqui, apenas, para lhe desejar um, Bom Natal e esperar que depois das Festas volte tão inspirada como sempre.
Todos nós precisamos destes belos textos.

Luz disse...

Minha amiga da alma,
Como tu consegues silenciar todas as palavras que possamos querer dizer..., tens em ti uma beleza ímpar, um sentir tão só teu que nos inunda a alma, que nos faz estremecer..., digo-te, neste momento estou arrepiada com as tuas palavras.
Como diz o amigo Manuel, lindo!

Abraço da alma de Luz