26 junho 2010

Ia passando, meia caminheira, meia viajante, meia pensativa, meia errante, o caminho empedrado, mal o via e, presente do meu passado, era o momento mais pressa, mais passo, e a minha mente deambulava distante por detrás da planicie. 
Percebi as cores daquela terra, o Alentejo enamora-se no fim do Inverno, torna-se verde e colorido como compondo um conto iluminado, tem canto e frescura, tem o aroma das ervas frescas e do orvalho de madrugada, verde como só poderia, repleto de agua corrente e vida nova, uns espargos perdidos, um silencio renovado e ao fim do dia, fica assim aconchegado entre as horas. Mais tarde, desperta nas cores silvestres, tantas, recebe bramidos novos e brinda à vida em oferendas. É amante, é ternura, é leito de gestos e sabedoria, é poema que se solta nos fins de dia, nas soleiras de cada porta. 
E agora, agora é gente grande, é seara, é mistura de cores que só ele conhece, é amor para sempre aos olhos de quem o ouve, é quente, quente como só ele poderia.
E eu, passando, me deixo, de encanto.

2 comentários:

Moi disse...

Já tinha saudades de ler os teus textos, sempre tão envolventes!
E que linda descrição apaixonada pelo Alentejo!

Angel

Manuel disse...

Que forma linda de descrever o meu Alentejo.
Senti cada palavra como se estivesse presente, sentido todos os cheiros e cores.