25 abril 2009

Não quero um fado para mim

Hoje caminhei ao longo da praia grande , de areia quente debaixo dos meus pés descalços, mas cada vez mais seguros. O entardecer ameno e acarinhando o mesmo em mim, fez-me viajar, como sei fazer nestes lugares. Neste silencio de mar de fundo, fui cantarolando musicas baixinho e rindo, rindo de mim, sorrindo para este reflexo na onda mais forte que me envolve e acalma.
Estou distante das verdades e conceitos sistematizados em frases cada vez mais rarefeitas. Sei que os meus olhos brilham e não sinto distancia... Sinto-me aqui.
Lembrei-me, de repente, dos momentos pensados em batalhas desgarradas por entendimento, entre o dever e o ser, enquanto os meus pés molhados e ainda quentes se afundavam a cada passo. Não acredito no destino e não tenho que entender nada, mas estas marcas passadas ficam no meu caminho.
Ao longe tenho um horizonte de contrastes. Sento-me, enroscada em mim e visito-me na mais pura das minhas verdades, entre esta paz que me atordoa e desperta e, a arena vazia do que mais preciso. Sorrio e alcanço apenas este momento só meu, enquanto a minha mente recua nos passos marcados do meu passado. Lembro-me agora de quem sou, aqui não preciso que da minha boca se soltem palavras de conforto pelo desconforto que nem sinto, nem tão pouco quero mais nada. Sempre soube, mesmo calada que nunca deixaria que a vida me roubasse esta força de vida, o direito de marcar os meus passos, num lugar assim.
Não quero o que o fado diz, quero ainda hoje, ser capaz de me encantar, quero estar em mim, quero pedir aos Deuses que me lembrem sempre que esta caminhada nunca foi ausente, nunca teve um fim. Sorrio uma ultima vez pela ironia da minha vida, desenho um "S" na areia e ainda me detenho perante o contorno de um barco ao longe enquanto a paz dos contrarios entra em mim.

1 comentário:

Anónimo disse...

A tua paz tomou também conta de mim. Li-te antes de dormir e este texto faz-me lembrar como tu és; simples, verdadeira, sonhadora (como sempre)e tão bonita por dentro e por fora.
Queria saber exprimir-me como tu e principalmente reconhecer-me, mas sabes como sou, às vezes falo mais quando não digo nada.
Gosto tanto de te ver rir!!!!
Estas longe mas sempre comigo!

Rui N.