14 junho 2009

Vale o que vale

Continuarei a escrever sempre, o que me sai da alma, como sempre fiz.
Coerente, inconsciente, inconstante, cheia e vazia de mim, tal como sou.
Quero que se lixe isto tudo, estou farta de escrever e ler e de falar e de ouvir.

Estou farta de sentir.
Só quis viver, grande e pequena, ninguem me chama, sou assim.
Uma, outra , estou farta de palavras ajustadas que mais tarde se tornam pedradas que me batem na cara que vejo deslavada pela minha propria estupidez.

Continuarei a escrever sempre, para mim.
Hoje não.
Não sou uma qualquer, não sou outra, não vergada nem mesquinha, sou menina mas tambem sou mulher, não brinco.sinto... Merda para a razao que me obriga a explicar o que nem tem explicação, merda para os conselhos que não preciso, merda para o disse e não disse o que ja antes devia ter dito mas agora não me apetece. Se houvesse algum timbre ou pauta que me regesse, os desvios seriam condenaveis, mas não há. Será dificil entender que o turbilhão tambem é meu?

Não perguntei quando devia ter perguntado, não ouvi mas foi dito, que se lixe... sinto! Sinto tanto que aceito ouvir e calo e quando falo não falo de mim. Falo no turbilhão que sinto e desminto porque nunca direi sem entender, só por dizer. Não falo mas vejo, não olho para o essencial por ser banal demais, o meu silencio devia ecoar mais alto que esta derrota descompassada de palavras feitas em jogadas.
Vale o que vale, não vale nada, ou valeria tudo se eu propria valesse.
Depois vem a parte da leitura desgarrada, propositada e cheia de do eterno muro de ironia que nem ajuda a perceber, mas o mais obvio, as palavras feitas soluços de quem não consegue sequer discernir, tambem valem o que não valem.
Tambem tou farta de ler.
Eu, eu , eu...
Que se lixe!

O que me importa estava um passo à frente, tão dificil de chegar para os grandes, tão querido e tão sentido, mais que falado, e estou sozinha, estou, porque afinal as jogadas diarias ditas em tom de alfabeto não acabam na ultima letra que não se diz. Acabam e começam no sonho que nos faz, nas guerras que travamos sem regras mas mais verdades que mentiras piedosas ou então meros conselhos de amigos entre dois cafés nos caminhos que se cruzam. Vale pelo valor que tem. Vale pelos sopros de vida que, mesmo que suada, fazem mais vida que esta quietude e este silencio falado e rebuscado.

É claro que morro de medo, morro de medo da vida, não é do cimo de muros, que fosse do cimo de uma serra onde me habito, morro de medo do desconhecido e não é por isso que algum dia me perderia, nem me renderia à protecção que tambem mereço. Porque conheço e desconheço, quando cega, não vejo e só ouço. Porque afinal sou humana, porque não acarreto o que outros diriam, não sou perfeita, sou um ser que ainda mal acordou nesta emboscada cheia de ironia, armada , porque afinal sou estranha na boca de gente grande a quem agradeço tamanha magnitude de decisão.

Sei do sofrimento, claro que sei, despeço-me de metade de mim não querendo pedir o que não é humano, nunca seria capaz, não sou, quero mais bem do que o que quero para mim no egoismo de menina caprichosa, que ouvi e não sou.

Que se lixe! Tu não vês... Estive sempre contigo desde que me descobri, o fim da minha historia não está escrita porque ainda não a vivi! As merdas tuas são parte de mim e o que sinto tornou-me assim, e nem por isso gosto de mim agora, zangada, cansada e atordoada com as aparencias que se querem fazer elas vida.




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