26 junho 2009

Florinha


Espero que me leias, vou escrever só para ti!

Sabes, eu tambem me lembrei!
Na minha vida, há coisas que os avós dizem ter sido importantes mas que não me lembro. Hoje, ainda ouço histórias para rir acerca da minha pré adolescência que parecem estranhas. Era mesmo eu?
Existem outras que me marcaram e que me lembro, como se fosse hoje.

Quando andava na primária, havia um rapaz que se sentava ao me lado para me proteger do gordo que me chamava "sabichona" e que eu detestava. Brincavamos juntos e ele parecia-me um bocado parvo, às vezes, mas era especial para mim. Nunca disse a ninguém, mas gostava dele, chamava-se José Francisco e um dia, escreveu-me um bilhete a perguntar "Queres (ca)namorar comigo?". Disse-lhe que sim e, nunca mais falamos! Tinha vergonha, as minhas amigas gozavam e falavam nisso, a Avó Mariana não podia saber e estava sempre de olho em mim, e então, quando percebi, estava a sofrer porque sentia umas coisas na barriga quando o via e gostava dele!

A minha melhor amiga, tornou-se a melhor amiga dele e eu achei que eram todos uns falsos.
Deixamos de ser amigas e chorei.
Mas sabes, ele gostava de mim!
Um dia mostro-te o bilhetinho, acho que ainda o tenho.


Passou, sabes? A vida é tão bonita que, de mão dada com a mãe, aprendemos que mesmo quando tudo parece dificil, quando achamos que é injusto, que não nos entendem, que brincam com o que sentimos, de repente acontecem coisas novas, coisas cheias de cor, novos amigos, menos parvos, olhamos para o espelho e vemos o quanto somos bonitas, e se olhares em volta, vês! Gostamos tanto de ti!
Um dia, o Avô decidiu que deviamos fazer judo. Andavamos no Ballet mas a seguir, vestiamos aquela coisa branca com um cinto que não aperta nada e fica a parecer um pijama (gostava do cinto) e iamos enfiar-nos numa sala que tresandava a chulé porque andava tudo descalço e toca de aprender umas coisas estranhas acerca de nos defendermos. Rebolavamos, caiamos e faziamos umas figuras tristes. Depois tinhamos que treinar exercicios de defesa com alguém. O Mestre, um parvalhão com um bigode parecido com o Salvador Dali, resolveu divertir-se a pôr-me sempre com o Piranha, um gordalhaço sempre a cheirar a suor que eu detestava e tinha que o agarrar para fazer os exercicios. Não diziamos nada a ninguém mas aquilo era um tormento. A avó dizia que era parvoice.

Depois de conhecer o piranha, passei uma fase em que não queria saber de rapazes para nada, nem do Zé Francisco, deviam cheirar mal e no fundo, ja tinha percebido que os rapazes são nessa idade, um bocado atrasados.


Podia-te contar outras histórias mas tenho vergonha, sabe-se lá quem anda para aqui a espreitar...
O piranha ainda se deve lembrar de mim!


O que te queria mesmo dizer meu pirolito, é que estou contigo. Sempre vou estar, aos saltos e a darmos muitas gargalhadas e a envergonhar-te no meio das pessoas. O que te queria mesmo dizer é que gosto tanto de ti!
Coitadito, não imaginas o quanto és bonita, tens coisas importantes e inteligentes para dizer, tens tanta gente à tua espera na tua vida, vais ser tão feliz, e eu vou estar sempre aqui, ao teu lado a sonhar contigo!

Mesmo quando os momentos são dificeis, a seguir, prometo-te que vêm dias cheios de sol!
Quando no domingo, estivermos aos saltos e aos pulos a ouvir a Katy, a seguir vou-te contar a história do meu primeiro namorado. Mas promete que não te ris...


És linda!

1 comentário:

Anónimo disse...

sim, que historias lindas, maravilhosas e si concordo eu sou linda