16 junho 2009

Sonhos

O mundo que eu conheço é pequeno, com muita gente dormente e ausente e outra tanta gente que fala alto ou se cala só porque, nesta vida se rebaixa ou julga maior.
O mundo que eu conheço, tem um amanhecer e um entardecer que passam e não ficam, tal como as palavras e os gestos efemeros que se protagonizam na falta do que se sente. Tem um povo carente, não de fome mas de sede de viver, de mais ver, de ousar cruzar caminhos e depositar migalhas de si, feitas de carinho, para outros passarem. Gente ofuscada sem querer entender, sem conseguir ver.
Há os loucos que riem e que diria contentes, há os que matam porque eles próprios já morreram e os que sangram em nome desse vazio que vem de dentro, há os que trabalham e bebem e os que bebem e riem. Há os deuses e os demonios, tão parecidos, há os mascarados e enfeitados e os deslavados e desnorteados. Há os mecanizados incapazes de se olharem e os lideres que se deitam e choram sem ninguem ver. Há os ricos e os pobres seleccionados pela ilusão, há crentes e ateus que so diferem na posição das mãos, há brancos, negros, amarelos e cinzentos, há eu!!!
Perdida no meio desta gente, tão igual e diferente...
No mundo que eu vejo, há partir e ficar, há sempre um lugar, há duas luas e três sois, e um rio no meio, há nascentes e poentes que são sempre nascentes, há sonhos e loucura, há razão na confusão e ordem nos sentidos, há uma noite escura onde se ve o luar de olhos fechados e um chão frio que aquece quem ali se deita, há milhares de crianças em cada esquina e tantos velhotes sentados em cadeiras de palha velando por nós enquanto sorriem, há um carvalho antigo que nos dá sombra e uma clareira serena que nos canta cançoes antigas. Há um baloiço e cinco pedrinhas, há silencios que falam e palavras inventadas por quem acorda. Há um lago azul e uma ponte de onde se olha os reflexos da nossa alma, há paz, há calma e há música.
No mundo que eu vejo, há historias antigas que se repetem e gargalhadas para o ceu, há morangos e cerejas e joelhos esfolados por brincadeiras. Há carrinhos de esferas e barcos à vela pela sede das faces molhadas, há um velejador e uma filha da terra, há o reflexo do que sou eu, há duas luzinhas que pedem vida e outras tantas que lha ensinam, há esperança, há uma vontade de voar, há um mar azul, grande que nos mostra o tamanho de ser.
No mundo que eu vejo, há pão quente que barramos com manteiga, há fogueiras, há cantares, há cada momento que fica, há sorrisos, há cores e sabores, há despertares em cada dia.

1 comentário:

Inês disse...
Este comentário foi removido pelo autor.