14 novembro 2009

Morro




Noite quente, de vozes cantadas. Uma encosta além da Baia, barcos tripulados por histórias que aclaram as horas, momentos em que retorno à essencia livre da não conquista, de olhos iluminados por passos que me semearam nos lugares antes mesmo de os percorrer. Por momentos, vislumbro o olhar do meu mestre de viagem, sorri-me como se me oferecesse cada pedaço de um fascinio que nos percorre. É mais que o mero alcance turistico de mapa dobrado e fotografado. É o meu peito que respira vida, um sorriso que lhe devolvo do mais fundo de mim. Entendemo-nos sempre mais na distancia e no silencio.
À nossa volta apregoam-se interjeições que saldam a intenção. Por mim, fico-me, deixo-me nas minhas mãos suadas, no meu corpo aquecido nos ocasos transparentes.
Gosto de não haver cais nem escada, gosto de me jogar na praia e enterrar os meus pés no chão molhado, gosto de correr adivinhando o alto do monte, as faces negras que sorriem já saudosas, gosto de me despir das mascaras que me arrefecem e embargam. Gosto deste sitio que nunca esqueci.



Foi numa noite assim que, liberto das vivencias e tendencias que nos encerram, me olhaste com o amor que só tu tens, e me ouviste dizer que queria ficar ali, para sempre. E, em pensamento, ofereceste-me a mesma vontade para que não me julgasse perdida sem ti.
Percorremos este largo de areia, saboreamos as palavras antigas e apanhamos conchas para deitar de novo ao mar.
Não te esqueço nunca no que te faz, meu pai de areia sedimentada.

1 comentário:

ONG ALERTA disse...

Simplesmente viver, paz.