17 novembro 2009

Deus




Sentei-me direita na cadeira, tossi e suspirei, fiz aquele barulho a torcer os nós dos dedos e espreguicei-me até tocar no firmamento das palavras. Deus é grande e eu sou pequena, por isso faço uma vénia respeitosa e ouço o silencio que lhe quero dar.
Sou pequena para o que sou, ocupo uma migalha de terra nos mundos que percorro, sou alma ambulante no grão de tempo que me assiste. Sou o que sou..
Aos meus olhos, dançam imagens navegadas e nuvens correntes, palavras soadas, cores que transbordam os planos e sons de equilibrio.
Também tenho uma história pequena que aprendi no cimo de uma serra de onde a calmaria se elevava em vagas de sentidos, tenho nas minhas mãos as searas desfolhadas que me entrançam e tenho uma voz de mar que me embala, tenho uns pés desaguados e uma gota de orvalho que me lava. Tenho o mundo descoberto e ainda outro que me espera, tenho uma pena e tinta de seda, tenho migalhas sentidas que hei-de espalhar e ver crescer.
Tenho uma ideia.
Um Deus que sinto perto, que me transborda, que me eleva e me oferece, agora, sempre, ser, uma mão cheia de nada que se transforma.
Tão bonito este Deus que me encerra....

1 comentário:

Luz disse...

Amiga,
Que bom sentirmos esse Deus que nos encerra e, nos enche ainda mais de tudo que Dele somos feitos...
Somos pequenos e ao mesmo tempo somos grandes...

Abraço de Luz