28 novembro 2009

Não arranjei titulo...

Tinha um sonho, achei sempre ser um sonho bonito e muito meu. Não me lembro de ter tido a coragem de o contar a ninguém que me habitasse, pareceria criancice. Mas é meu.
Eram dois dias, dois momentos.
O primeiro tinha um mar e um tempo enublado, provavelmente estaria frio que não sentiriamos com os corações e as faces ardentes, e mais uns casacos de malha que misturavamos ate fazer uma tenda na areia molhada. Tu olhavas-me de repente, eu não podia estar à espera, por seres surpreendente e estranho, pensaria que me irias dizer para não apanhar frio e calçar os sapatos. Não ias olhar para mim directamente, olharias em frente, para o horizonte que parece que já conheces de há muito tempo e dirias de repente: " Vamos casar?".
Eu ficava calada, demonstrando o preço do tempo e um teatrinho sentido, só para não ter de responder logo, só para não me jogar nos teus braços e abraçar-te para sempre. Aspiraria um segundo e diria que sim, que sim, que sim, que claro!
Depois, um braço sagrado saltaria aqueles preparos que aborrecem, que arrefecem, que fazem esquecer o que vale e acordaria no alto de um monte castanho que eu conheço há muito tempo. De cima vê-se o rio e uma ribeira que passa, Vêem-se os traços árabes e romanos, vê-se gente serena e nada, vê-se o que se quer. No meu caso, só te poderia ver a ti, ocupas o meu espaço.
É uma ermida pequena que olha mais seis. Branca, Tão calma. Custa lá chegar, por isso transpira a vontade.
Eu tenho um vestido de linho crepe, curtinho e umas sandálias, um molho de mimosas amarelas na mão direita e um gancho no cabelo curto. Tu tens o de sempre, um olhar certeiro e pensado, umas mãos grandes e ar desconfiado, meio falso, para não transparecer.
A ermida não amedronta nem ecoa, enche-se de vozes alegres, de sorrisos e saudades, de vida que nos leva aqui, que nos começa, que nos eleva.
Sem demoras, sem muitas rezas, o Alentejo desperta e assente numa debandada de pássaros que se aprumam e voam, que ilustram a saudade de terras mais quentes, ainda mais presentes.
O beijo não é novo, mas tem um sabor diferente, que eu não conheço mas imaginei, sempre.
É só um sonho, desperto, que me apetece esquecer hoje, mas esquecer mesmo... Quis pelo menos sentir o sabor de cada momento.

3 comentários:

Sonhadoremfulltime disse...

Cara amiga,
mesmo sem titulo, o sonhos fica-nos na memória. Alguns para sempre.

Abraço

Manuel disse...

Deixe fiicar Um Sonho.
No fundo o titulo é apenas um pro-forma, porque é no conteúdo que esta toda a imagem e, a imagem é linda.

Luz disse...

Amiga da alma,
Que importa o título para um sonho!?...
Não é necessário agora, o importante é ser um sonho, o teu sonho, a capacidade de sonhar.
Aqui até queres esquecer..., mas quiseste ainda sentir algo que ficou..., que sonhaste...
Há sonhos que sonhamos e concretizamos, outros há que não passam de meros sonhos que nunca serão concretizados talvez porque faltou alguma coisa...
Deixamos que fiquem pelas imagens que guardamos, algumas para sempre, outras o melhor é esquecer...

Abraço forte com muita Luz