23 abril 2010

Desfasando

Os modelos desviantes, conexos, coerentes, axiomas que se dizem experimentados, fazem-me pensar em concreto, divagar portanto, fazem-me apelar ao que conheço e ainda não, não os encontro, são objecto de experimentação empirica, amostra sem resolução.  A visão estende-se ao universo conhecido, só isso, o resto, extrapolação.
Certamente que a minha visão seria sempre do tamanho do meu alcance. E a extensão do mundo, teria este caos implicito, negociação perante o desconhecido. Cresce-se de olhos cerrados no erro, muito embora se pense, no desejo de não ser preciso. Disseram-me ao acaso, enquanto apanhava do chão os bocados do telefone espalhados nem sei onde, que o meu dar estimulante seria o fruto de uma mente sem descanso, e eu fiquei não sei se cansada, se envergonhada, postada no principio da analise. O mundo converte-se em dimensão, um mesmo elemento multiplicado pelas intersecções, não havendo não há, se há é do tamanho do que se alcança. Não sei, não me interessam limpezas, agradam-me apenas, não saberia nunca responder a perfeição. Eu revejo-me no lixo temperado, na exaustão, nas mudanças de universo e consequente mutação. Vejo-me na vergonha de uma conversa amena, de uma lagrima, quatro mãos dadas e uma pergunta, é medo ou descrédito, e nenhuma respondeu.
O simples caminhar na praia, sem direcção, tem sido um mundo revirado, de outro que não via, não podia, o  meu olhar embargado, pedia horizontes e abraços. É ainda dificil, tem peso, e eu penso naquele homem à beira da estrada que oferecia numa banca, os frutos das arvores que não comia. As arvores eram suas, os usofruto tambem, mas o desinteresse oferecido, digno de ofensa ou simplesmente uma dadiva generosa a quem não semeava a terra ainda. E lembro-me de um rapaz ausente, de tão presente em si, que ainda hoje me acompanha, não tendo, tinha tudo na musica que oferecia, e eu na altura, encantada, não entendia, e hoje lembro, e admiro, a demencia de ser a vida, pretender ser. 
O silencio que me aguarda, quando volto, já tarde, que me rasgava no medo, e no cansaço, parece agora uma tela em branco, e eu ligo tudo, e pinto e ouço musica que não me lembra nada e aspiro o ar fresco da noite no alpendre, não a madrugada.
Fazer é o que o mundo entender, crescer é pisar nas calçadas que escorregam, é chorar e dizer alto, o mais alto que se puder, estou errada. A essencia está no principio e não na aparencia pretendida de desfocamento e mistério e analise. Já não pega.

Sem comentários: