30 abril 2010

Vou escrevendo o que faço, preciso de o fazer por ser novo, por ser a balada de um caminho que mal conheço, por isso vou escrevendo, mais tarde, dar-lhe-hei as cores da lua, misturadas com um ocaso  por sobre um mar calmo, chegado de pássaros  e sonhos. 
Sinto-me estranhamente comigo, nos detalhes que agarro com força, nos espaços e nas conquistas que são pequenas aos olhos vividos. Os meus ainda não. Tenho a casa limpa, arrumada à minha medida, uma rotina que os meus amigos já conhecem, tenho livros espalhados pelo chão e conheço~lhes a direcção. Tenho uma caixinha com chá, descobri que gosto do ritual. 
Não é facil para mim, eu sei, é como reviver as construções de legos que sempre gostei tanto.
As palavras vão-me situando, o desencanto é fundamento, e a ausência ergue-me de uma dormencia sentida, de um sono que me agita ainda agora. 
Sinto uma bofetada bem dada, sem cores, sem nada, uma lição profunda que tardou em me chegar. 
E eu creio ainda, em tudo o que me trouxe aqui, creio no sentimento, na solidão cheia de vida, creio em mim e no que me faz.
Tenho saudades da minha irmã, muitas.
Sinto-me sozinha muitas vezes, mas se o sorriso me vem, é definitivo, foi construido por mim. Se a saudade me habita, agradeço-me sentir desta maneira, sem retorno, sem eco em não sei quantas direcções, é só porque sinto, e estou viva.

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