18 maio 2010

Soma de tempo


Vês, de olhar rasgado e ainda dormente da demência que me vestiu? Vês para além dos meus olhos que despertos, entoam cada instante em que me deixei ser? Ser de um ser impensante, sem redeas de mente que a razão denegriu? Vês um brilhar que me aquece, um momento ao longe, que nunca foi perto, nem nunca se ouviu? Ouves a minha mente calar-se à voz insana que o passado me ofereceu? Fui eu, misturada, roubada, aos elementos que me gemem, que me sentem cá dentro e que eu ousei pensar calar?
Sentes o degrau primeiro, erguido de palavras que foram madrugadas sedentas de aprender? Ouves este silencio que me inunda agora, não sei de clara, se de nevoa, ou se de um sentir cimeiro que me rasgou por inteiro, até aqui?
Vês o tempo? Sentes a água?
Ouves o cheiro que emano, sem gesto terreno, que me inunda de ti?
Manhã submersa de um caminho que me deixou desperta depois de me partir.
Surribei a minha terra, semeei o meu credo, reguei-me de silencio, e danço aos elementos que me abençoem de jeito e de nascentes de me sentir.

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