04 fevereiro 2009

Entardecer

Entre a tarde e a noite, existe um momento que ultrapassa o próprio tempo.
Nestas planicies abençoadas, onde tudo pára e nada está parado, neste verde, nestes sobreiros com que cresci, esse instante funde-se nas cores de um terno anoitecer.
As cores...
Faço o que a minha vontade me diz, paro e procuro beber tudo o que ali me é destinado.. É meu!


Poderia correr a vida inteira para encontrar um lugar assim no tempo!

Cresci aqui, sou fruto destes entardeceres, aprendi a calma contida neste viver, aprendi a dançar neste chão ancestral que açoita sempre quem insiste em não perceber..

Aprendi a deitar-me debaixo de mães grandiosas que sombreavam a luz e o calor, aprendi a dormir ao som do silencio, aprendi a não saber!

Neste momento, glamorizo a caminhada para aqui chegar, e parar, relembro o meu passado em que tudo era demasiadamente grande para os passos que sabia dar. Vejo agora como o tempo me parou.
Tenho saudades de mim, como desta estrada quente, tenho uma vontade tão grande de me abraçar por despida que estou, doi-me esta verdade como frases lançadas ao longe, erguidas de alguém que não sou mas que protagonizo, não sei porquê.

Lanço gritos de silencio. Não me ouço, não me vejo, inerte no tempo contado.

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