17 fevereiro 2009

Mosteiros


Danço musicas que conheço em mim , pinto telas destas paisagens milenares, enquanto percorro caminhos que se vão tornando familiares.. Relembro momentos passados em descoberta, hoje saboreio o reencontro..Como eu gosto deste sitio..

Ao virar da ultima curva, antes da descida ingreme, o meu coração acelera e aquece, de repente está à nossa frente, um quadro dificil de descrever de tão belo que o vejo.. Tem as cores todas, vibra de vida, é lindo!Ainda tenho espaço para ver um vitelinho arisco debruçado na sebe a experimentar o verde deste lado, e desço...
Quando chego, já despi camisolas que não preciso, já me enchi deste cheiro de mar e verde, desta terra de homens de mar com o cigarro apagado ao canto da boca, de ar desconfiado e necessitado, duros, sóbrios, para quem sua mulher é uma vaca de dar! Saberão um dia aconchegar a sua cara queimada nelas e mostrar o quanto sabem amar..
Aprendi com o tempo o verdadeiro sentido deste amar... deste querer em gestos frios, deste amar sossegado e verdadeiro!
Mas nem vacas nem homens... É este mar que me fascina, estas rochas negras que se erguem em contraste com cores que só aqui consigo discernir. É quase institivo... as minhas mãos no volante já não decidem , limito-me a beber cada momento que me separa dele.
Páro à entrada, só para correr na praia negra e sentir o frio da agua que acaba sempre por me molhar...
Mais à frente, a furia do mar, quebra barreiras, cria mil lagoas cristalinas e cheias de vida... Percorro cada uma com todos os meus sentidos, os meus pés escorregam sempre nas rochas verdes, e o que falta, fica molhado..
Sou tão menina em frente a este mar!
Como serei algum dia capaz de não sonhar? se sou eu mesma a fonte sedenta desta vida que me inunda e me ultrapassa? Como este mar ...
Nunca deixei de sorrir neste sitio.
Apanho pedras, escorrego, arrisco, nunca desisto, há sempre tanto mais aqui... Há sempre mais um passo que preciso de dar, a sensação que este sitio tem ainda tanto para me dar!...
Hoje, no primeiro dia de calor na minha pele branca, mergulhei os meus pés neste mar, deixei-me sentir o sol e o sal na minha cara... Deitei-me na areia preta, esqueci a imagem, esqueci o tempo que falta, esqueci quem sou, fundi-me neste espaço feito do que mais procuro, da minha sede de mais ser.
Cada vez mais sinto pressa em viver, cada vez quero sentir mais, que faço parte, que sou feita de tudo e de nada, que sou tambem filha desta terra que me abraça em cada madrugada, que me aconchega quando retorno de cada caminhada, porque volto sempre, apenas corro, páro, vejo, cresço, mas voltarei sempre... O meu regresso brinda a lição de cada dia..
Acima de mim, contam historias de outras caminhadas, passaros livres sem mais nada...
Nada mais importa neste momento tão cheio de nada!



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