06 fevereiro 2010

São os acasos com sentido que dão expressão ao crédito em mais qualquer coisa que desconheço.. Meio perdida, retrocedida quase ao ponto de partida, desconcentro-me, descerro-me, encanto-me, desconheço-me como sempre e depois, obrigo-me ao inicio... Por isso, por qualquer motivo, é sempre nessa hora que a Ana me telefona e me confronta, um confronto sentido e carinhoso.
Acordou, vomitou de cansaço de estar, no cimo do limite, deixou tudo, avisou antes, como lhe apraz, e deixou atrás de si o peso... E ela pergunta.."entendes-me? Não entendes?" e eu respondo " Entendo-te antes de me contares" E ela conta, e eu digo " Nos últimos tempos, pesa-me o tempo, de já não dizer, agora não consigo, mas chego lá". E ela assenta, no conhecimento mutuo, de margens opostas que me devolvem o reflexo que não vejo... E eu pergunto " Sabes, Ana, estou parada, por isto, por aquilo, fraca", " Entendes?", e a ela responde, " Ja te tinha entendido, antes mesmo de me contares".... mas eu conto, e misturamos dois meios de vida de sonho e voo e receio. Dois contos que misturamos nas conversas que não terminam nunca.
E antes disso, ouço, " Se não tivesse o ..., não sei se seria capaz, entendes?"
E eu respondo " Entendo" e, não digo mais nada.
Vamos jantar amanhã, ao sitio de sempre, ao Alto sem limites e havemos de contar e voltar unas, da presença e da ausência e das historias que amontoamos, com vontade de não calar.

Fiz-me mal hoje, fiz-me olhar, fiz-me sentir que estou longe de estar em mim. Fiz-me desconcertar, ruir aos pedaços do firmamento que não chega para me suster. Sentir demais e querer moldar. Fiz-me mensurar a imagem, cansar-me e desmorrer.

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