01 fevereiro 2010

Foi domingo, como outro dia qualquer... Gosto demais deste meu espacinho para o transformar no depósito do lado escuro da minha Lua. Gosto demais da vida para lhe querer mal... Deste dia, quero guardar uma hora, fruto de um acaso, fruto de qualquer coisa que me acompanha e nunca percebi bem o que é.
Mais uma viagem, que é disso que a minha vida é feita, mais um café com o Luis que, talvez por ser domingo, hoje veio no seu bmw, todo bem vestido, e encostado ao balcão da pastelaria em Borba, ia cumprimentando os conterrâneos, e falando comigo, falamos disso mesmo, de ser domingo, falamos de coisas de há muitos anos, 32 anos para ser mais precisa, do tempo de menina e ele aprendiz de barbeiro. Falamos do dono do Beco que está doente e onde eu almoço sempre, seja a que horas for, ensopado de borrego, num tachinho pequeno, com o empregado que pergunta sempre pelo pai ou por mim, se for ao contrário. Fico triste com o preço do tempo, já não é a mesma coisa.
Mas hoje tive uma hora... Vinha como ando, sem conseguir explicar a ninguém o impacto que horas e horas sozinha têm tido em mim, nas viagens cada vez menos estranhas, zangada com a choraminguisse que me acompanha, com a rádio que não se apanha desde Vila Viçosa, com o avo que me resta de entendimento... Fui repetindo, quero começar tudo de novo, longe de onde venho, daquela cidade fantasma, disto tudo, preciso sair daqui, preciso respirar... fui andando e naquela curva a seguir às bombas da Cipol, onde a D Idalina meteu conversa com o trolha no balcão, antes de ser internada, vi Estremoz ao longe iluminada, envolta por um  pôr do sol como há muito tempo não via, tinha um misto de vermelho e nevoeiro, tinha as cores todas, tinha o cheiro de há uns anos, e só por isso, sorri, era mais bonito que a descrição que faria. Parei numa berma, com esta imagem à minha frente e falei contigo, minha amiga, falei mais do que disse e ouvi-te mais do que disseste. 
Não somos umas "gajas do c...", cheias de mundos, não somos especiais nem diferentes, não somos selvagens, não sabemos,  não somos mais que duas amigas, para sempre... 
Os carros passavam enquanto a noite caia, segui mais à frente, parei no Vimieiro, comprei um cornetto de morango, e sentei-me...Só isso, mais nada!

Depois, depois, fui pensando, fui segredando ao meu ouvido, que outro significado teria a vida que não fosse aprender? Entendendo não saber ainda... Querer por isso... Tenho lido doutas considerações e extrema experiência acerca de amar....  Amar, eu não sei descrever, nem sequer orquestrar caracteres que parecem turco, é muito....
Eu sou pequena, nem gosto do mundo, mas amar hoje seria só, presença, presença, presença, sempre, para sempre, enquanto fosse para sempre, mãos dadas até ao fim do mundo, presença em mudar, e hoje, se olhasse em volta não estaria tão sozinha de corpo e alma. Nem veria a palavra amar como uma verdadeira farsa.

2 comentários:

Sonhadoremfulltime disse...

Olá amiga

Um belo retrato a cores que aqui nos deixas.
Fiz a viagem contigo, tal é a veracidade estonteante das tuas palavras.
A tua ultima conclusão, prefiro ficar en silêncio. Sei que me entendes.

Abraço

marta marques disse...

fico feliz por ter partilhado contigo um hora desse Domingo....feito de sacrificios sem a companhia desejada.....seria tão simples se por vezes nos VISSEM ñ só olhando, entendessem que apenas a companhia num dia q se tem livre, faria todaa diferença...mudaria TAAANnNtAa coisa..ñ é assim amiga?....estes homens!!!puffttttt.....e lá continuas tu....solita entre estradas e becos....mas por favor, leva-me sempre contigo na alma...