25 outubro 2009

Myrtilis



Percorremos cada rua, espreitamos nas esquinas brancas, sentimos a voz quente e curiosa das faces que nos viram crescer. As memórias que escolho são bonitas. Mergulho as que restam no caudal que conduz a outras, ao Sul.
O rosto imaculado desta terra poisado na serra quente, o castelo misterioso, a imortalidade de uma herança que nos move. Noites quentes, em debandada, como um sopro de vida que queria olhar mais adiante.
Hoje adormeço aqui, naquela escadaria que vai dar ao rio. Depois de vislumbrar um barco, sereno, atracado na rocha misteriosa que nos contavam ser guardiã de entradas e fugas.
Ouço as crianças de agora, ouço os antigos almocreves no convento, saudosos, com historias que ninguem perpetua em livro. Ouço as cidades soterradas, os enigmas do tempo.
Cegonhas misturadas, alinhadas, pontilhados brancos na curva da estrada tortuosa que leva à mina.
Aquela musica antiga que nos fazia tremer, o sibilar dos labios e o arquejar de voz grossa do avô Diogo.
Hoje fico aqui em pensamento, debruçada sobre um livro antigo.

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