Os meus olhos hoje estão cansados. Espera-me uma viagem longa, de madrugada.

Vou ao Norte, Centro e Sul, vou percorrer a necessidade actual de não estar parada.

Esta noite, a luzinha mais pequena, agarrou a minha cabeça com firmeza para me dizer ao ouvido "Gosto muito de ti e o Xico é bonito"

Ganha-se um dia só com isto.

Hoje apeteceu-me embalonar-me (deve ser este o termo). Imaginei-me num balão de ar quente, gigantesco e multicolor, levantar e subir ao mais alto que houver, persistir numa leveza que preciso e avistar de longe cada pedaço de terra. Apetece-me saborear ar fresco e acariciar o alto das serras, comer biscoitos e sumo enrolada num cesto de vime. Seguir as aves que migram, esconder-me por detrás de nuvens brancas e cinzentas, voar...

Haveria de aterrar em qualquer sitio, tal como os meus pais me garantiram que acontecia sempre que deixei escapar um balão colorido que subiu e deixei de ver.

Vim já tarde da minha cidade, noite escura, ainda quente.