23 outubro 2009

Saintes Marie de la Mer




Percorri descalça esta praia, numa despedida cega de dormencia induzida. Julgava então não ser capaz.
O Mediterrâneo mostrava-me a vida e eu, morta por dentro, pedia.
Mais tarde, noutra vida, renasci trazida deste ser que esgotei em caminhadas sombrias e tão fartas de mim. Aqui chorei embalada por um abraçado imaginado do meu pai, que me esperava no tempo seguinte, com uma presença que só ele tem.
As sombras dos flamingos, os ciganos, as musicas que dancei entre dois caminhos.
As minhas memórias.... Lembras-te, pai?
Ensinaste-me mais que o mundo que conheces, ensinaste-me a não querer menos que a vontade de o viver.
Somos tão iguais que só nos entendemos num silencio que às vezes me custa perceber.

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