22 janeiro 2009

Abandono



São maus...Desumanos...Gordos...

Ostentam as armas desengonçada e orgulhosamente enquanto gritam brados de orgulho no ar... Por eles acordo de manha com os estampidos dessas armas e o voo alucinante dos passaros em fuga por cima do telhado de minha casa.. Estão ali, vejo-os da minha janela!
Penso sempre que move-os mais o orgulho ferido e o ressentimento do dia a dia, dos outros dias, não destes em que podem descarregar todo o seu instinto masculo e animal no que lhes é permitido ferir e matar...
Não vejo o instinto ancestral e nomada do verdadeiro caçador de sonhos e fome, do chefe de familia que viaja enfrentando perigos para alimentar a sua familia.
Não vejo um desporto... Não consigo..
Vejo morte... risos..
Almoçaradas com bom vinho e anedotas descaradas..
Vejo ainda mais morte a seguir..
Eles partem..
Pelo caminho deixam o que não precisam mais, deixam vida à espera de morte, porque cobardemente só matam à distancia, sem olhar nos olhos... Deixam aqueles que alimentaram e cuidaram com o unico proposito de usar e mais tarde abandonar...
Tou cansada de ver... Tou cansada de me ver obrigada a olhar para o lado, não conseguiria olhar duas vezes... Odeio a minha impotencia perante aquele olhar triste e perdido do abandono de quem significa a razao de viver... sei que assim é!
São criminosos sem punição, são venenosos... São monstruosos!
Hoje vi mais um... castanho, perdido, parado, à espera do dono que eu sei (ele não) nem ter olhado para trás, o seu olhar cortou-me o coração e não pude olhar mais..
Restou-me o gesto quase hipocrita de voltar aquele sitio com a comida para mais um dia de espera.
Choro ao escrever porque me ultrapassa, tudo isto é maior que eu, tudo isto me revolta e repugna.
Sento-me aqui enquanto afago o meu amigo de todos os dias, de todas as horas, que me presenteia com o privilegio de me ter escolhido como amiga, com aquele olhar carinhoso, com o significado mais genuino de dar sem querer receber.
Abandonem antes a vossa arrogancia e orgulho doentios, julgadores de possuirem o que nunca serão dignos de ter, caçadores de hiprocrisia, silenciadores de vida!

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