13 janeiro 2009

Conversas de cafe


Entre o vento uivante e o frio que entra sem dó, consciente da minha pequenês, páro um momento e penso no que mais há, no tanto que os meus olhos querem alcançar e nos passos pequenos que a prudência me ensinou a dar...

Olho em volta e apetece-me gritar, acordar esta vida adormecida e tropega que nos assolou, que nos impede de ver a verdade e o verdadeiro motivo pela dadiva de existirmos....

A vida passa, depressa, demasiadamente depressa, sem pressa, ou nós passamos pela vida com pressa e, não ficamos, não paramos, não vivemos?

Num qualquer café, onde deixamos sair as conversas habituais sobre aqueles que nada querem para nós, sobre aqueles que vibram sob a luz ofuscante e cega da ribalta, ou sobre o tempo que existe, ou sobre outro assunto que nos enquadra neste contexto de vazio de vida, de loucura, de ser e não ser, de ter.... E se parassemos, um momento, se poisassemos a chavena de café necesssária, e ouvissemos os sons que sempre existiram , as luzes que nos dão vida, as pequenas coisas intemporais e gratuitas que rejeitavamos enquanto pretendiamos que a nossa voz soasse mais alto que a da máquina de cortar fiambre?

E se esse grito soasse dentro de mim? se clamasse pelo prazer de viver? Se o meu proximo pequeno passo fosse em direcção ao horizonte ?

Quis a minha verdade que experimentasse os meus limites, a vivencia dos opostos, com dor, com vida adormecida e depois avida de ser mais... Quis eu mesma, trilhar caminhos incertos sinuosos para hoje sentar-me neste café e falar do tempo e da crise..

Hoje sinto um mar revolto dentro de mim e, mais tarde sei que vou saborear a calmaria...

Quando sair deste café, a vida espera-me e os meus passos pequenos terão que me levar onde os meus olhos vislumbram a clareira de sol que ainda não vivi

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