17 julho 2009

Anónima

O que sabem eles de mim? Calados, sombrios pela penumbra julgada acolhedora, feitos de abraços colados e demorados que não vêem e, quando vêem, não sentem.
O que sabem eles de mim, mais do que calo e grito? Se o que digo, não volta?
Descrevemos sentimentos como se a expressão os apaziguasse, lançamos na voz, palavras sentidas ou pensadas, oferecidas a nós, feitas de alma ou fruto da nossa ilusão. Olhamo-nos como se nos entendessemos.
Não entendemos nada. Para além da voz, prende-nos a razão, e enquanto calamos a vergonha da solidão e da desconexão, verbalizamos momentos unos, e se a voz nos falha e treme, lembramos o que realmente somos, filhos sem explicação.
Digo que pertenço, mas não sinto. Digo que eu também, mas não sei.
Sei o caminho.
Isso sei

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