31 outubro 2009



Lembras-te mesmo de mim? Quando me vês, numa mão, memórias que sinto mais que uma vida, mais que ilusão, na outra, um olhar inconsciente, silencioso e quase descrente.
Não se esquece com a cabeça, o coração. (plagio),..
Não me enquadro na normalidade de um sorriso, não consigo, não me entendo no cumprimento, não sei onde param as minhas mãos, aquela imagem não me conhece.
Eu vejo-te, vejo-te de fora do meu corpo, vejo-te na imagem que não me ofereceste por ser verdadeira. Tremo por um gesto simples num balcão qualquer.
E tu não me vês, nem mesmo quando me olhas.
Tremo por dentro.
Reconheces a minha voz embargada? O meu sorriso pensado e os meus pés que se movem calçados? Teatro. O meu sentir não se faz de madrugadas partilhadas, faz-se maior, faz-se estrada, descontinuada, faz-me inimiga e falsa, faz-me amar-te sem alimento, mais... Faz-me ter medo, faz-me não crer.
Da hora, trago um olhar, mais que um mar ou uma historia contada.
E tu não me vês, mesmo quando me olhas.
Questiono-me se sabes, de tanto que julgas entender, questiono-me se a tua raiva não é o que calas para eu não saber, questiono-me se estás ou és só imagem, de uma verdade que eu soube antes. Não sou o continuar, não prevaleço na crença, sou eu própria ignorância neste tempo sem arte, de um gesto sentido que mal reconheço.
És mestre em moldar palavras e desconcertos, cego dos gestos, arremessados e finitos.
E tu sabes tão mais de mim...

1 comentário:

Anónimo disse...

Pior seria nao reconhecer a má sorte quando esta nos salta ao caminho. É tão fácil enveredar. É tão conveniente aceitar uma outra rota que sabemos já, estar pejada de sobressaltos. É muito belo notar a sensibilidade do reconhecimento.
"Não me vês nem quando me olhas" e estou ali numa tua mão...
Não te preocupes com essa mágoa porque ajuda de alguma forma a seres uma pessoa tão bonita.