18 outubro 2009

Maldade



Choro eu e a cidade que antes se enublava com o cheiro de Outono. Choram as cores que já se não vêm.
Lembro-me dos rolinhos de paginas amarelas. 100 escudos a dúzia a saber a cinza que me tisnava os dedos.
Lembro-me dos entardeceres precoces na Avenida que guarda histórias antigas que já só sabe quem lembra.
Hoje, revi a minha certeza mais inocente. Que saudades da minha cidade antiga.
Como rejeito esta gente vigente, esboçada em normas idiotas, porque, sem fado, se erguem alto protagonismos liricos acerca de cada um de nós. Cegueira conjunta que me enoja, em cada café refletido de inox, na Ginginha que se perde, no Bairro que morre.

As castanhas já não são assadas por Lisboa. São expostas em montras ilustradas de medo.
Choro agora por não suportar este tempo em que as raizes se cortam, as asas são presas e as telas pintadas em defeito. Choro, pela hipocrisia deste poder ignorante.
Alguém se lembra do conceito de mercado? Alguém ainda sente a mesma vontade de provar as nossas castanhas tisnadas em potes de barro? Então porque ninguém oferece?

1 comentário:

Luz disse...

Que boas recordações! Vamos deixar que permaneçam em nós, assim bem guardadas como algo bom, sem pensarmos no que agora já não é como um dia o foi, vamos deixar que a ternura nos abunde o coração assim como o cheiro das castanhas assadas nos enchia de vontade de as comer ao inalarmos aquele aroma tão único e outonal..., vamos sentir-lhes de novo o cheiro, o sabor...

Abraço